domingo, 9 de novembro de 2014

MUDANÇAS ESTRUTURAIS E DE GESTÃO EXIGIDAS PARA A BAHIA

 Fernando Alcoforado*


 Na atualidade, o Estado da Bahia se caracteriza pela existência de gigantescos desequilíbrios de natureza social e de desenvolvimento regional que estão a exigir mudanças estruturais profundas que contribuam para: 1) a desconcentração econômica do Estado da Bahia; 2) a superação do atraso econômico secular do semiárido; e, 3) a drástica redução da pobreza de sua população.

A Região Metropolitana de Salvador, que concentra atualmente 70% da indústria de transformação da Bahia e é responsável por 35 a 40% do PIB estadual, possui enorme capacidade de atrair investimentos pelo fato de ser detentora de imensas vantagens comparativas em relação às demais regiões da Bahia. A desconcentração econômica do Estado da Bahia pode ser viabilizada com a descentralização administrativa do governo do Estado através da criação de estruturas regionais que articulem as ações dos governos federal, estadual e municipal em suas diversas regiões.


Em cada região seria adotado o modelo de desenvolvimento endógeno que enfatiza a necessidade de a sociedade regional liderar e conduzir o seu próprio desenvolvimento regional, condicionando-o à mobilização dos fatores produtivos disponíveis em sua área e ao seu potencial endógeno contando com o apoio do governo do Estado da Bahia e a efetiva participação do setor privado e da Sociedade Civil organizada. A contribuição do modelo de desenvolvimento endógeno consiste em identificar em cada região suas potencialidades econômicas e quais fatores de produção são atualmente decisivos ao processo de desenvolvimento. O modelo de desenvolvimento endógeno fortalece a auto-organização social e estimula a prática de soluções colaborativas para problemas comuns.

O atraso econômico do semiárido da Bahia é secular. O diagnóstico econômico do Semiárido da Bahia indica que essa região se caracteriza por possuir uma agropecuária de baixa produtividade, uma indústria incipiente e atividades ligadas ao comércio e serviços pouco desenvolvidas em comparação com as regiões mais dinâmicas da Bahia, especialmente a RMS, o Oeste e o Extremo Sul. A superação do atraso econômico secular do semiárido deveria ser uma das prioridades do governo do Estado. Um dos principais problemas do Semiárido é o déficit hídrico que exige do governo do Estado da Bahia para sua solução a elaboração e implementação de plano de interligação de
bacias, captação de água subterrânea, construção de açudes e sistemas de distribuição de água.

O Estado da Bahia é a unidade federativa do Brasil que apresenta o maior número de pobres do país. A ação do governo do Estado da Bahia no combate à pobreza deveria estar centrada no esforço que contribua para a expansão dos setores produtivos de cada região da Bahia, bem como na realização de investimentos públicos na infraestrutura de energia, transporte, comunicações, educação, saúde, habitação e saneamento básico do qual resulte a elevação do nível de emprego e renda em todas as regiões da Bahia. É um grande equívoco combater a pobreza distribuindo bolsa família a granel.

Todas essas ações só serão exitosas se for realizada uma profunda reforma da máquina administrativa do governo com a descentralização administrativa do Estado da Bahia através da criação de estruturas regionais que possibilite a integração das ações dos governos federal, estadual e municipal na promoção do desenvolvimento de cada região da Bahia.

 *Fernando Alcoforado, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, é professor universitário e consultor.

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