Consuelo Pondé
Dificuldades são próprias
da vida. Grandes dificuldades são inimagináveis. Isto porque, não estão ao
nosso alcance a percepção dos caminhos a vencer nesta dolorosa travessia, que
se chama vida.
Problemas têm que ser
superados às custas da paciência. Paciência e conformidade, que devem ser
reunidas em prol do que desejamos obter. Não é fácil vencer obstáculo, mas eles
existem para que sejam ultrapassados.
Desesperar diante do
irreversível não adianta. Só contribui para aumentar a aflição e baixar a auto
estima.
O segredo da vitória final
consiste em não fraquejar nem se deixar abater pelo desânimo, embora os ventos
não soprem favoráveis. Por isso, prudente é sustentar a força que nos acalentou
diante dos maus momentos, sem fraquejar, mas munido da esperança.
Ainda me sinto abalada com
o “tsunami” que se abateu sobre mim, mas sigo em frente, sem desânimo. Por
vezes, sou tocada pelo desespero, que não me permite, contudo, esquecer as
belezas da existência, as compensações doadas pelos filhos e o carinho
insubstituível dos familiares.
Contudo, dessas amargas
experiências, tenho procurado extrair lições para o resto da minha vida.
Ensinamentos de bondade, carinho, paciência, tolerância, enfim, exemplos magníficos
de que, neste mundo perverso, corrupto, povoado de maldade, ainda existem
pessoas que se debruçam sobre o leito dos pacientes para lhes mitigar a dor,
minorar seu sofrimento, contribuir para que superem o mal que os afligem.
Acabo de viver edificante
página da minha vida. De participar dessa onda fraterna e amorosa, distribuída
com tanto desprendimento. Estive envolvida nessa amorosa de sentimentos, tanto
no Hospital Português quanto no Santa Isabel, este último da Santa Casa de
Misericórdia, de tão longa trajetória em nosso meio.
Nessas centenárias
instituições, os pacientes são tratados de maneira humana e afetuosa,
independente da sua condição social e suas habilidades pessoais.
Vi e conversei com muitos
pacientes do SUS, que se beneficiam de todos os tratamentos oferecidos aos que
não dispõem de planos de saúde. Testemunhei que todos eles desfrutam dos
serviços oferecidos aos internados da rede hospitalar concedida pelos planos
privados. Desfrutam, assim, dos benefícios concedidos a todos os enfermos dos
referidos hospitais.
Deve o Dr. Roberto Sá
Menezes sentir-se recompensado pela grande tarefa que lhe foi delegada pelos
seus pares. Deve o diretor do hospital, Dr. Ricardo Madureira sentir-se orgulho
pelo cômodo que exerce com tanta proficiência e verdadeiro espírito de equipe.
Muito mais teria que
destacar, caso já me sentisse em gozo plenamente da minha saúde. Com o tempo,
certamente, vou fazer justiça aos que me ajudaram, não esquecendo de destacar
os funcionários desses nosocômios, profissionais todos os níveis, desde o
pessoal encarregado da higienização da Casa, aos auxiliares técnicos, aos
fisioterapeutas, enfermeiros e médicos. Naquela Casa da Fraternidade, senti, de
perto, a obra misericordiosa do amor de Cristo pela humanidade.
Senti medo muitas vezes,
durante esses dias de provação, mas também senti o conforto do abraço que
conforta e da mão que promove a cura.
Abençoados sejam todos que
se debruçam sobre o leito dos enfermos, que lhes repassam lições de humanidade
e, de certa forma, abre sobre cada um, em particular, uma nuvem de esperança e
de fé.
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