(A etimologia
do vocábulo nata e a sua influência na literatura)
Profª Marta Helena Facco Piovesan
Mestre em Língua Portuguesa-UERJ
Mestre em Língua Portuguesa-UERJ
As festas natalinas se aproximam e nada melhor do
que mergulharmos nesse espírito conhecendo um pouco da etimologia da palavra
Natal.
A palavra natal do português já foi nātālis no latim, derivada
do verbo nāscor (nāsceris, nāscī, nātus sum)
que tem sentido de nascer. De nātālis do
latim, evoluíram também natale do italiano, noël do francês, nadal do catalão, nataldo castelhano, sendo que a palavra natal do castelhano foi progressivamente
substituída por navidad, como nome do dia
religioso. Já a palavra Christmas, do
inglês, evoluiu de Christes maesse (‘Christ’s
mass’) que quer dizer missa de Cristo.
A palavra Natal sempre percorreu escritos dos
diversos gêneros, até mesmo na Literatura, tanto na prosa como na poesia, esse
acontecimento mereceu atenção. Na prosa, como não recordar os saborosos sermões
de Pe. Antônio Vieira, “A Missa do Galo” de Machado de Assis e tantos outros
escritores em que poderíamos encontrar textos de rara beleza e profundo
sentimentalismo, referentes à celebração do Natal.
O tema do Natal aparece desde a poesia popular
aquela que, na sua simplicidade e ardor da fé, mais se eleva às alturas da
revelação bíblica, à poesia moderna e contemporânea que se prende à dimensão
humanista, com recriminações mesmo de caráter social. De fato, nenhum grande
escritor ou poeta escapou ao fascínio deste acontecimento da história
humano-divina, em que a criança e o adulto, o homem e a mulher, o pobre e o
rico encontram sempre qualquer coisa, que, aos humanos, faz descobrir o valor
divino do humano, o encanto e a beleza da criatura feita à imagem de Deus.
Desde a Idade Média poetas trovadores deixaram-se
seduzir por este tema. Depois vieram os clássicos portugueses: Sá de Miranda,
Gil Vicente, Camões. Na Idade
Moderna, mais humanista, democrática, abundam as
poesias do engenhoso Bocage, do metafísico Antero de Quental, até mesmo do
nosso maior representante Machado de Assis com “Soneto de Natal”.
Na Idade Contemporânea Fernando Pessoa, José Régio
e muitos outros, homens e mulheres tocados pelo carisma da poesia:
Mário de Andrade “ o Peru de Natal”, Lygia Fagundes Telles “ Natal na
Barca”, Carlos Drummond de Andrade com “Organiza o Natal”e “Papai Noel às
avessas” e tantos outros que não mencionaremos aqui.
Embora de forma rápida, ficaremos a conhecer e
apreciaremos trechos da nossa literatura relativos à Natividade de Jesus, ao
amor e à família, que a todos dão o aconchego e o sentido duma vida humana
assumida com dignidade.
Para
finalizar um pequeno trecho da poesia de Drummond intitulada “Receita de Ano
Novo”: “Para ganhar um ano-novo/ que
mereça este nome,/você, meu caro, tem de merecê-lo,/tem de fazê-lo de novo, eu
sei que não é fácil/mas tente, experimente, consciente./ É dentro de você que o
Ano Novo cochila e espera desde sempre./”
Fonte: Nosso Estilo
Nenhum comentário:
Postar um comentário