terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O NATAL NA LITERATURA

 (A etimologia do vocábulo nata e a sua influência na literatura)


Profª Marta Helena Facco Piovesan
Mestre em Língua Portuguesa-UERJ


As festas natalinas se aproximam e nada melhor do que mergulharmos nesse espírito conhecendo um pouco da etimologia da palavra Natal.
A palavra natal do português já foi nātālis no latim, derivada do verbo nāscor (nāsceris, nāscī, nātus sum) que tem sentido de nascer. De nātālis do latim, evoluíram também natale do italianonoël do francêsnadal do catalãonataldo castelhano, sendo que a palavra natal do castelhano foi progressivamente substituída por navidad, como nome do dia religioso. Já a palavra Christmas, do inglês, evoluiu de Christes maesse (‘Christ’s mass’) que quer dizer missa de Cristo.
A palavra Natal sempre percorreu escritos dos diversos gêneros, até mesmo na Literatura, tanto na prosa como na poesia, esse acontecimento mereceu atenção. Na prosa, como não recordar os saborosos sermões de Pe. Antônio Vieira, “A Missa do Galo” de Machado de Assis e tantos outros escritores em que poderíamos encontrar textos de rara beleza e profundo sentimentalismo, referentes à celebração do Natal.
O tema do Natal aparece desde a poesia popular aquela que, na sua simplicidade e ardor da fé, mais se eleva às alturas da revelação bíblica, à poesia moderna e contemporânea que se prende à dimensão humanista, com recriminações mesmo de caráter social. De fato, nenhum grande escritor ou poeta escapou ao fascínio deste acontecimento da história humano-divina, em que a criança e o adulto, o homem e a mulher, o pobre e o rico encontram sempre qualquer coisa, que, aos humanos, faz descobrir o valor divino do humano, o encanto e a beleza da criatura feita à imagem de Deus.
Desde a Idade Média poetas trovadores deixaram-se seduzir por este tema. Depois vieram os clássicos portugueses: Sá de Miranda, Gil Vicente, Camões. Na Idade


Moderna, mais humanista, democrática, abundam as poesias do engenhoso Bocage, do metafísico Antero de Quental, até mesmo do nosso maior representante Machado de Assis com “Soneto de Natal”.
Na Idade Contemporânea Fernando Pessoa, José Régio  e muitos outros, homens e mulheres tocados pelo carisma da poesia:  Mário de Andrade “ o Peru de Natal”, Lygia Fagundes Telles “ Natal na Barca”, Carlos Drummond de Andrade com “Organiza o Natal”e “Papai Noel às avessas” e tantos outros que não mencionaremos aqui.
Embora de forma rápida, ficaremos a conhecer e apreciaremos trechos da nossa literatura relativos à Natividade de Jesus, ao amor e à família, que a todos dão o aconchego e o sentido duma vida humana assumida com dignidade.
Para finalizar um pequeno trecho da poesia de Drummond intitulada “Receita de Ano Novo”: “Para ganhar um ano-novo/ que mereça este nome,/você, meu caro, tem de merecê-lo,/tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil/mas tente, experimente, consciente./ É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre./”

Fonte: Nosso Estilo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário