Uma cidade medieval em pleno século
XXI
Siena (em português também conhecida como Sena) é uma
cidade e sede de comuna italiana na região da Toscana, província do mesmo nome, com cerca de
52.775 (ISTAT 2003) habitantes. Estende-se por uma área de 118 km², tendo uma densidade populacional de 447
hab/km². Faz fronteira com Asciano, Castelnuovo Berardenga, Monteriggioni, Monteroni d'Arbia e Sovicille.
Siena é
universalmente conhecida pelo seu património artístico e pela notável unidade
estilística do seu centro histórico, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.
Segundo a
mitologia romana, Siena foi fundada por Sénio, filho de Remo, e podem-se
encontrar numerosas estátuas e obras de arte mostrando, tal como em Roma, os
irmãos amamentados pela loba. Foi um
povoamento etrusco e
depois colónia romana (Saena Julia) refundada pelo imperador Augusto. Era,
contudo, uma pequena povoação, longe das rotas principais do Império. No século V, torna-se
sede de uma Siena cristã.
As antigas famílias aristocráticas de Siena reclamam origem nos Lombardos e à
data da submissão da Lombardia a Carlos Magno (774). A grande
influência da cidade como polo cultural, artístico e político é iniciada
no século XII, quando se
converte num burgo autogovernado de cariz republicano,
substituindo o esquema feudal.
Todavia, o esquema político conduziu sempre a lutas internas entre
nobres e externas com a cidade rival de Florença. Data
do século
XIII a ruptura entre as facções rivais dos Guibelinos de
Siena e dos Guelfos de Florença, que seria argumento para
a Divina Comédia de Dante.
Em 4 de Setembro de 1260, os
Guibelinos apoiaram as forças do rei Manfredo da Sicília e derrotaram os Guelfos em Montaperti, que
tinham um exército muito superior em armas e homens. Antes da batalha, toda a
cidade fora consagrada à Virgem Maria e
confiada à sua proteção. Hoje, essa proteção é recordada e renovada, lembrando
os sinienses da ameaça dos aliados da Segunda Guerra Mundial de
bombardearam a cidade em 1944, o que
felizmente não veio a acontecer.
Siena rivalizou no campo das artes durante o período medieval até
o século XIV com
as cidades vizinhas. Porém, devastada em 1348 pela Peste Negra, nunca
recuperou o seu esplendor, perdendo também a sua rivalidade interurbana com
Florença. A Siena atual tem um aspecto muito semelhante ao dos séculos XIII-XIV. Detém uma
universidade fundada em 1203, famosa
pelas faculdades de Direito e Medicina, e que é uma das mais prestigiadas
universidades italianas.
Os dois grandes santos de Siena são Santa Catarina (1347-1380)
e São Bernardino (1380-1444). Catarina Benincasa, filha de um
humilde tintureiro, fez-se irmã na Ordem Terceira dominicana (para leigos)e
viveu como monja na casa dos pais. É famosa pelo intercâmbio interior com o
próprio Cristo, que num êxtase lhe disse: "Eu sou aquele que é e tú és
aquela que não é". Apesar da origem modesta, influenciou papas e príncipes
com sua sabedoria e seu exemplo, conseguindo inclusive convencer o papa de
então, contra a maioria dos cardeais, a regressar a Roma do exílio de Avinhon na França. Quanto ao franciscano São
Bernardino, ele é célebre por ter sido o maior expoente, no Catolicismo, da via
espiritual de invocação do Nome Divino, que encontra similares em
todas as grandes religiões, do Budismo (nembutsu) ao Islã (dhikr) e ao Hinduísmo (mantra). Os
sermões que Bernbardino fez na praça central de Siena provocaram tal fervor
religioso e devoção ao nome de Jesus que o conselho municipal decidiu colocar o
monograma do nome de Jesus (composto pelas letras IHS, significando "Jesus
salvador dos homens")na fachada do prédio do governo. Do mesmo modo,
muitos cidadãos o pintaram sobre as fachadas de suas casas, como até hoje se
pode ver na cidade.
A sua catedral, iniciada
em meados do século XII, é um
representativo exemplo da arquitetura gótica italiana. A fachada principal, obra de
Giovani Pisano, foi terminada em 1380; no
interior pode ver-se o púlpito octogonal
apoiado sobre leões de Nicola Pisano, e o seu
pavimento de mosaicos. Sob a
catedral, no baptistério,
encontra-se a magnífica pia baptismal com baixo-relevos de Donatello, Ghiberti, Jacopo della Quercia e outros escultores do século XV. A Pinacoteca Nacional de Siena tem
importante coleção de obras do Trecento e
do Quattrocento.
A praça principal, em forma de meia-lua, é a Piazza del Campo, e é onde
se encontra o Palazzo Pubblico (câmara municipal ou prefeitura, século XIV), com o
famoso Campanile (campanário), e onde se encontram os afrescos de Simone Martini e Ambrogio Lorenzetti e relevos da Fuente Gaia de
Jacopo della Quercia. Nesta praça também está a alta Torre del Mangia.
Na Piazza del Campo realiza-se a famosa e emotiva corrida de
cavalos chamada Palio di Siena. O Palio é
feito duas vezes por ano, a 2 de Julho e 16 de Agosto, com 10
cavalos e cavaleiros, e cada par representa um dos 17 bairros da
cidade,designados contrade. Excepcionalmente, em anos de Jubileu
realiza-se um terceiro siena.
O PALIO –
COMPETIÇÃO – DE SIENA (FESTA TRADICIONAL)
Galeria de
Fotografias
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