domingo, 28 de dezembro de 2014

UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE A ORIGEM DE HOLLYWOOD

Cinema

A capital do cinema dos Estados Unidos, senão do mundo, é Los Angeles, Califórnia, mais especificamente, Hollywood. Mas alguém sabe como foi que nasceu Hollywood? Alguns dos primeiros estúdios de Hollywood abriram por volta de 1915, a terra era barata e a mão de obra era abundante. Toda a área precisava de uma indústria, e a indústria dos filmes fez muito sentido. Ah, e havia uma outra razão para a indústria do cinema fazer o seu caminho do oeste. Los Angeles estava longe de New Jersey. E Thomas Edison estava em Nova Jersey.

Hollywood em 1900. O Land caiu num terremoto foi tirado…


Edison, ao longo de sua carreira, realizou mais de 1.000 patentes nos Estados Unidos. Ele foi creditado por inventar uma quantidade de dispositivos tecnológicos, da lâmpada incandescente ao fonógrafo. Ele também teve um papel importante na invenção do cinetoscópio, uma câmera de filme precoce (Embora a maior parte do trabalho tenha sido feito por William Kennedy Dickson, um empregado de Edison). E durante o final do século 19 e o início do século 20, ele realizou muitas das patentes sobre as tecnologias necessárias para se criar filmes. Mas Edison aparentemente usava essas patentes como um porrete. E batia forte.

Edison em seu laboratório.

Por Edison ter registrado tantas patentes, e por essas patentes serem aplicadas tanto na criação de filmes quanto na tecnologia utilizada para construir as salas de cinema, ele foi capaz de persuadir outros detentores de patentes a formar uma associação que ele lideraria. Juntas, essas empresas formaram o Motion Picture Patent Company. A página na Wikipédia da MPPC resume bem como a empresa executava suas patentes. Thomas Edison e a MPPC também estabeleceram um monopólio sobre todos os aspectos do cinema. Eastman Kodak (Fundador da recém-falida Kodak), que detinha a patente sobre os rolos de filmes e era naquela altura o dono da única empresa a produzi-los, era um membro do MPPC e só vendia os rolos para as produtoras que fizessem parte da associação. O MPPC controlava desde as patentes sobre as câmeras de cinema, assim como a produção dos rolos de filme, até os estúdios que faziam os filmes e detinha também as patentes sobre projetores. Assim, o MPPC tinha também como forçar acordos de licenciamento com os distribuidores e teatros, e determinar quem exibiria os filmes e onde.

Edison e seu ajudante testando a primeira Tecpix.

Resumindo: Se você queria estar no negócio do cinema, você tinha que pagar pro Thomas Edison. E Edison (através do MPPC) não era de recuar. A empresa levava para os tribunais quem quer que fosse contra as suas vontades, e impedia o uso não-autorizado de tudo, desde câmeras para projetores, e em muitos casos, os próprios filmes. De acordo com Steven Bach(Em seu livro Final Cut), o MPPC até mesmo chegou ao cúmulo de contratar capangas da máfia para fazer valer as patentes extrajudicialmente. Quem contrariava Thomas Edison pagava caro. Mas o respeito de Edison aos direitos de propriedade intelectual era uma rua de mão única. Em 1902, os homens de Edison subornaram um proprietário de um teatro em Londres para obterem ilegalmente uma cópia de A Viagem à Lua, do cineasta francês Georges Melies (essa história infelizmente não foi lembrada no filme A invenção de Hugo Caibret, vai lá saber o porquê). O primeiro filme de ficção cientifica da história e um dos melhores filmes de todos os tempos foi comprado por apenas 10.000 francos. Então, Thomas Edison, a fim de fazer valer o seu investimento, fez centenas de cópias do filme e os vendeu a si mesmo. Claro, sem pagar Melies. Melies acabou indo à falência. E o MPPC distribuiu nos USA o filme, ficando com todos os lucros.

Uma das imagens mais icônicas da história do cinema e seu criador.

A indústria cinematográfica nos USA estava fadada a ter o mesmo destino. Muitos na indústria do cinema, conhecidos como “independentes”, escolheram uma terceira opção: Fugir. E assim a Califórnia fez muito sentido, pois estava em uma área onde os juízes eram menos amigáveis para as patentes concedidas a Edison e companhia. E também porque seria muito mais complicado mandar quebrar as pernas de alguém do outro lado do país. Os que ficaram na costa leste ou foram a falência ou investiram seu tempo, dinheiro e criatividade em outra coisa: As peças de teatro. Nascia também a Broadway como a conhecemos. Já Hollywood nasceu de um desejo de evitar as reclamações intelectuais de propriedade de Thomas Edison e sua MPPF, e rapidamente se tornou a capital mundial da indústria cinematográfica. Escaparam por pouco. Sem a fuga para Hollywood, a indústria cinematográfica como todos nós conhecemos nunca teria existido. Mas o que isso tudo significa?


Isso significa que Edison foi o primeiro pirata. E exigia que ninguém o passasse a perna. E Hollywood nasceu da pirataria. E agora, quer nos proibir de piratear baixar seus filmes, mesmo sabendo que não se fazem mais necessários os custos de produção de DVDs, apenas das obras em si (Filmagens, roteirização, edição, atores, etc). Piratear pode levar realmente alguém a falência, como foi no caso de Melies. Mas tudo isso é muito diferente do que vem acontecendo hoje em dia. Assistir filmes pirateados é errado, sem sombra de dúvida. Mas a própria Hollywood nasceu para escapar das amarras dos direitos autorais. E agora, cerca de 100 anos depois, as associações dos estúdios hollywoodianos tenta implantar uma perseguição sem piedade a todos que baixam seus filmes de forma irregular, burlando o pagamento de direitos autorais. Realmente, não deve existir uma outra situação melhor do que essa pra plagiar ilustrar o velho ditado: “Pimenta no olho dos outros é refresco”. Movido pela ganância, Thomas Edison quase destruiu o cinema antes mesmo de seu nascimento. E agora, Hollywood tenta fazer o mesmo.

Os pioneiros de Hollywoodland, fundando a Meca do cinema (Foto baixada ilegalmente).

Matéria reproduzida (ipsis literis) do blog: http://www.baconfrito.com/

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