A arte do humor
Charge é um estilo de ilustração que
tem por finalidade satirizar, por meio
de uma caricatura, relatar algum acontecimento atual com um ou mais
personagens envolvidos. A palavra
é de origem francesa e significa carga, ou seja,
exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco.
Muito utilizadas em
críticas políticas no Brasil. Apesar de
ser confundido com cartoon (ou
cartum), que é uma palavra de origem inglesa, ao contrário da charge, que sempre
é uma crítica contundente ligada a temporalidade, o cartoon retrata situações
mais corriqueiras do dia-a-dia da sociedade.
Mais do que um
simples desenho, a charge é uma crítica político-social onde o artista expressa
graficamente sua visão sobre determinadas situações cotidianas através do humor e
da sátira. Para
entender uma charge, não é preciso ser necessariamente uma pessoa culta, basta
estar ao par do que acontece ao seu redor. A charge pode ter
um alcance maior do
que um editorial, por
exemplo, por isso a charge, como desenho crítico, é temida pelas pessoas com
poder. Por isso que quando se estabelece censura em
algum país, a charge pode ser o primeiro alvo dos censores.
O termo charge vem
do francês charger que significa carga, exagero ou, até mesmo
ataque violento (carga de cavalaria). Isto
significa aqui uma representação pictográfica de caráter, como diz
no primeiro parágrafo, burlesco e de caricaturas.
É um cartum que
satiriza um certo fato, como ideia, acontecimento, situação ou pessoa,
envolvendo principalmente casos de caráter político que seja de conhecimento do
público.
As charges foram
criadas no princípio do século XIX (dezenove),
por pessoas opostas a governos ou críticos políticos que queriam se expressar
de forma jamais apresentada, inusitada. Foram reprimidos por governos
(principalmente impérios), porém ganharam grande popularidade com a população,
fato que acarretou sua existência até os tempos de hoje.
As charges recorrem
a variadas estratégias de discurso para
produzir os efeitos cômicos e reflexivos a que se propõem. Na maioria dos
casos, apenas algumas técnicas
são empregadas em
uma mesma produção, mas certos elementos mostram-se frequentes ou mesmo
essenciais e, por vezes, aparecem juntos.
O elemento visual é
característica presente em toda e qualquer charge. As codificações visuais
proporcionam maior compreensão da crítica que o chargista pretende passar. É
claro que, na maioria das vezes, às imagens se alia a linguagem verbal para enriquecer
o discurso elaborado.
Grande parte das
charges trabalham com a questão do exagero. Exagerando, o chargista consegue
dar ênfase maior ao que está tentando dizer ao evidenciar aspectos marcantes do
que a obra se propões a retratar. São distorções que distanciam o desenho da
realidade, mas aproximam-no da verdade. Ao mesmo tempo, os exageros são
responsáveis por enaltecer o caráter cômico das charges e provocar o riso dos
leitores.
O homem ri do
ridículo humano, daquilo que foge à normalidade das ações dos homens, ao
cotidiano. As charges procuram expor figuras públicas a situações ridículas ou
a mostrar de forma não convencional temas normalmente tratados com maior
seriedade, suscitando assim o riso.
Um final inesperado
é um fator muito usado em charges para provocar o efeito de comicidade.
Trata-se de uma ruptura do discurso construído. O riso está associado a essa
súbita quebra de lógica que surpreende o leitor. A surpresa é um fator
imprescindível nesse caso, e uma virtude do bom chargista é saber escondê-la
sutilmente do leitor para revelá-la somente no momento certo.
Vemos em várias
charges enunciadores diferentes, cujos discursos dialogam para produzir o
sentido que o autor pretende passar aos leitores. Essa polifonia pode
ser aplicada de variadas maneiras: dois personagens; um personagem e um texto
explicativo que contextualize a situação; etc.
Uma charge nunca
será autoexplicativa. O discurso chargístico - como todos os discursos - está
associado a outros discursos, uma rede de acontecimentos que o contextualizam
com determinada situação da sociedade. Muitas charges dialogam com notícias e
editoriais do próprio jornal em que foram publicadas. Essa interdiscursividade
é utilizada pelo chargista geralmente de forma implícita, o que exige do leitor
um conhecimento prévio dos discursos correntes para que possa entender a
charge.
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