POR
Helô Sampaio
O Senhor do
Bonfim deve estar feliz com o tanto de gente que foi lá para vê-lo.
Aproveitando, lógico, para ‘tomar todas’ durante a caminhada– que a gente não é
de ferro – para rever os amigos e balançar o esqueleto nos sambas de roda. E no
final do cortejo, todo mundo já cheio de “mé”, vai agradecer as coisas boas, a
família unida e pedir – se o juízo aguentar tanta informação – que este seja um
ano com menos violência, que nos dê um amor (um dengo) bonito, um pouco de
dinheiro, que a gente merece, e muita, muita saúde.
A
Segunda-Feira Gorda da Ribeira – que acontece logo após a Lavagem do Bonfim –
está em declínio. Tem sido uma festa mais frequentada pelos ‘profissionais’ do
copo e do garfo, pois não dá pra gente ficar filando trabalho todo dia, né,
lindinho? Meus amigos de farra me ligaram para ir cumprir a tradição na Ribeira
e mergulhar na cerveja, na feijoada e no cozido. Respondi que agora sou moça
séria e não ando mais com a vadiagem. E não fui. He-he! Sou durona, véio.
De 23 a 26
de janeiro, podemos ir ‘tomar uma’ na Lavagem de Guarajuba, em Monte Gordo. Ou
talvez ir mais longe e matar a saudade da boa terra de Caetano e Bethania,
curtindo a Lavagem de Santo Amaro, que acontece em 25 de janeiro. Nos meus bons
tempos, eu estava lá todo ano, beijando a mão de Canozinha, acompanhada do
radiante sorriso da minha amada Irene Veloso. Filava a boia de Canozinha que
era PhD na moqueca de miolo e na frigideira de maturi. Eu era freguesa do
miolo. Mabel e minha amada Irene, vamos reviver essa tradição? Nham!
Agora,
vamos preparar o ‘corpitcho’ para o Carnaval, treinando pra “engrossar o muque”
no dia 2 de fevereiro, fazendo levantamento de copo na festa de Iemanjá, a
Rainha do Mar, no Rio Vermelho. E depois, tem que aumentar a ressaca e amolecer
as ancas nos sambas de roda, na Lavagem de Itapuã, dia 5 de fevereiro.
Me aperta o
coração quando falo da Lavagem de Itapuã. Fizemos – eu e Renato Ferreira – o
bloco A Lenda do Pássaro do Abaeté Numa Manhã de Muito Sol, para jornalistas,
artistas, biriteiros e moradores de Itapuã, buscando trazer esta galera para
participar da festa. Gessy Gesse e Eliene Bahia aderiram à ideia e me ajudaram
a botar o Pássaro na rua durante quase 20 anos.
O bloco
desfilava na Lavagem de Itapuã e depois ia para o Hotel Catussaba onde era recepcionado
com uma feijoada animada pela banda de musica de Magrão. Coisa de primeira,
lindinho, que Mariah e Darkson Fonseca propiciavam para a imprensa. Passamos a
‘fazer ponto’ no Língua de Prata, com o carinho de Luís, mas a feijoada
continuava a ser preparada e servida com todo carinho e rigor pelo Catussaba.
Tive que pousar o Pássaro, por meus problemas de saúde. Até hoje Rubinho dos
Carnavais pergunta pela feijoada do bloco de maior nome do Brasil. Quem sabe, o
Pássaro volta num ano desses?
Mas vamos ficar
atentos e fortes, pra cair na esbórnia do Carnaval a partir do dia 12, que seis
dias de festa carece preparo. Temos o tradicional circuito do Campo Grande,
para mim o coração do Carnaval, onde desfilam os blocos ricos e pobres, todos
iguais na alegria e animação. No Pelourinho predominam os blocos afros, com
suas historias e beleza. E na Barra, no circuito chique, desfilam os blocos de
grife com os artistas convidados; têm os camarotes, objetos de desejo da galera
que tem grana, e o melhor: o marzão para curar a ressaca e chateação dos
bebuns. Estamos no melhor Carnaval do Brasil, gente!
E depois,
saindo direto da praça, na quarta-feira de Cinzas, ainda com a cabeça rodando e
o corpo balançando, vamos entregar o Presente da Baleia de Itapuã, senão o ciclo
não fica completo. A baleia rosa fica feliz quando itapuanzeiros e turistas lhe
prestam homenagem, não é, Renato?
Foi Renato
quem me apresentou à baleia rosa. E tire esse sorrisinho cínico aí da cara que,
quando ele me levou para a festa da baleia, não pensava em nenhuma comparação
maldosa, que nem você, seu feioso. Gorda é a baleia do mar de Itapuã e a
mamãezinha. Eu não sou gorda. Tenho excesso de gostosura, neguinho. ‘Sarta de
banda’, invejoso. Eu sou é gostosa!
Vamos
cuidar de reforçar o organismo com esta receita de Canozinha, que a grande
Mabel Veloso me encaminhou. Maturi é a castanha de caju verde, tirada a casca.
Tem que ter cuidado porque o óleo pode queimar as mãos ao abrir. É melhor
trabalhar com luva grossa. Já com o maturi não há nenhum problema, diz Mabel.
Se o lindinho quiser conhecer outras delícias que Canô fazia, tem que ler o
livro ‘O Sal É Um Dom - receitas de Mãe Canô’, escrito por Mabel.
Frigideira de maturi de Canô Velloso
Ingredientes
-- 1 litro de maturi
-- 1 xícara de leite de coco
-- 2 colheres de sopa de camarão seco moído
-- 1 cebola grande
-- 2 tomates
-- 1 pimentão
-- 6 ovos
-- Coentro (um molho pequeno)
-- 1 colher de sopa de extrato de tomate
-- 2 colheres de azeite de oliva
-- Sal
-- 1 litro de maturi
-- 1 xícara de leite de coco
-- 2 colheres de sopa de camarão seco moído
-- 1 cebola grande
-- 2 tomates
-- 1 pimentão
-- 6 ovos
-- Coentro (um molho pequeno)
-- 1 colher de sopa de extrato de tomate
-- 2 colheres de azeite de oliva
-- Sal
Modo de preparar
-- No
processador, bater bem o coentro, os tomates, a cebola
- - Bater o
maturi ligeiramente
-- Misturar
tudo com o leite de coco e o camarão
--
Colocar o azeite e deixar cozinhar até ficar seco
-- Colocar
2 ovos batidos para dar liga à mistura
-- Colocar
num prato refratário, untado com óleo e polvilhado com farinha de trigo, e
cobrir com ovos batidos (quatro ou seis ovos – bater primeiro as claras, quando
estiverem em neve colocar as gemas uma a uma), um pouco de farinha de trigo,
sal e uma colher pequena de fermento
-- Se
quiser, pode colocar um pouco de creme de leite para a cobertura ficar mais
bonita.
Vais
saborear uma comida delícia com gosto “quero mais” e da roça. Canôzinha sabia
agradar e deve estar deliciando o pessoal “lá de cima”.
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