Grande invenção da humanidade
Inventados na Pérsia (por
volta de 644 D.C.)
Moinhos de vento da
Holanda
Um moinho
de vento, em sentido restrito, é um moinho que usa as pás como elemento de captação e conversão da energia eólica para
outro tipo de energia apropriada para movimentar outros mecanismos.
É essa a utilização tradicional da energia do vento em terra. Em sentido lato,
chama-se moinho de vento a qualquer motor movido
a energia eólica, quer este motor esteja contido num edifício, como nos moinhos neerlandeses, que não são
propriamente moinhos e sim bombas de água, quer seja apenas um sistema de pás montado no topo de uma torre, como nas modernas turbinas eólicas, geradoras
de eletricidade para movimentar as bombas centrífugas. A partir
de 1970, os moinhos de vento nos Países Baixos foram sendo substituídos, no
bombeamento de água, por motores elétricos que acionam bombas tipo parafuso de Arquimedes melhor
indicadas na transferência de líquidos.
As primeiras
referências conhecidas a moinhos de vento datam do século V. Prevê-se que os aparelhos movidos a vento
eram utilizados no Irã para fazer farinha.
No Oriente, este
tipo de estrutura mecânica começou
por ter aplicação prática para facilitar o trabalho do homem, sendo utilizada
para a elevação (ou bombagem) de água. No
Ocidente, terá sido inicialmente aplicada pelos Persas à moagem de cereais. Na Europa, o mais antigo de moinho de vento conhecido
trabalhava em Inglaterra em 1185.
São sobejamente
conhecidos os modelos de moinho de vento utilizados no norte da Europa,
caracterizados por estrutura piramidal, de grande dimensão, compostos por uma
torre de madeira com quatro pás de madeira no topo. Exemplos deste modelo são
os típicos moinhos de vento neerlandês e Inglês.
O moinho de vento
tipo mediterrânico, grupo ao qual pertence à maioria dos moinhos de vento
portugueses, tomou uma forma particular, distinta da do norte da Europa. De menor dimensão, são, geralmente,
compostos por uma estrutura cilíndrica construída em pedra, com cúpula cónica
de madeira (denominada capelo) e um número variável de velas de pano cuja
origem se pode associar ao velame das embarcações.
Em muitos dos moinhos de vento do norte da Europa, as pás são orientadas para o vento por rotação de
toda a torre, ao passo que nos moinhos de vento de tipo
mediterrânico apenas o capelo sofre este movimento permanecendo a restante
estrutura fixa.
Com a revolução Industrial e a banalização de outras formas de produção
de energia cinética mais eficientes (da qual é exemplo o motor eléctrico), este
tipo de tecnologia caiu em desuso, tendo
muitos dos moinhos sido demolidos, conservados como atração turística e até
mesmo transformados em residências pessoais.
O moinho de tipo
mediterrânico é composto por um corpo de pedra com quatro a seis metros de
altura e sensivelmente o mesmo diâmetro e cuja forma, embora se assemelhe a um
cilindro, é, na verdade, um tronco de cone. Em torno do topo deste corpo
central, existe uma calha, denominada frechal, sobre a qual assenta uma cúpula móvel,
de forma cónica e à qual se dá o nome de capelo. Tipicamente, no vértice do
capelo, é montado um cata-vento, cujo eixo
se prolonga na vertical para o interior do moinho, fazendo rodar um dispositivo
indicador que permite ao moleiro (operador
do moinho) determinar a direcção do vento sem dele sair.
Construído em
madeira, em alvenaria ou em palha de centeio, o capelo é atravessado na
diagonal por um mastro, eixo ou pião de madeira, que se estende por cerca de
cinco metros para o seu exterior. Nesse prolongamento exterior, encontram-se
fixadas em forma de cruz as varas ou braços, onde se fixam as velas de pano com
formato triangular. Dois dos vérticas das velas estão fixos a uma vara, o que
permite que estas sejam enroladas na respectiva vara quando o moinho de vento
se encontra imobilizado, ou então estendidas sendo o terceiro vértice atado à
vara que sucede aquela onde a vela está fixa. Esta situa-se mais atrás e dá uma
inclinação à vela a qual permite que ao ser acionada pelo vento faça imprimir
ao moinho um movimento de rotação. Estas varas de auxílio à armação e esticagem
das velas, são denominadas vergas e estão colocadas de forma a dividirem a meio
o ângulo formado pelas varas.
Dado que assenta
sobre o frechal o capelo possui mobilidade rotacional, possibilitando ao moleiro orientar
as velas na direcção do vento. A rotação do capelo é feita utilizando um
dispositivo existente no seu interior ao qual se dá o nome de sarilho. Este
dispositivo, que se assemelha ao cabrestante de um
navio, é composto por um eixo horizontal e em torno do qual se enrola
mecânicamente uma corda, com o auxílio de duas manivelas colocadas em posição
oposta em cada uma das extremidades. Uma das pontas da corda está fixa no eixo
do sarilho e na outra existe um gancho que se prende a uma de várias argolas
fixadas perto do topo do corpo do moinho. Enrolando o sarilho, a corda estica e
obriga o capelo a rodar sobre si mesmo, para a direção conveniente.
A imobilização do
moinho era feita rodando o capelo para uma posição em que o vento não
propulsionasse as velas, fazendo com que o mastro perdesse velocidade. Quando
imobilizado, as velas eram enroladas nas varas e estas últimas presas a algum
de diversos marcos dispostos em torno do moinho através de uma corda denominada
cabresta.
Fixada no mastro
existe uma grande roda dentada, normalmente
com os dentes dispostos na lateral, denominada entrosa. Ao centro do moinho
existe um eixo vertical, no topo deste eixo existe um carreto no qual engrenam
os dentes da entrosa, de tal forma que fazem rodar o carreto independentemente
da posição do capelo. Deste modo, a energia cinética de rotação gerada no
mastro devido à propulsão dada pelo vento ao ser captado pelas velas, é
transmitida pelo eixo central até à base do moinho onde faz rodar as mós que
moem o cereal sendo assim a energia eólica aproveitada. A sua função não é
relatada. Todas estas estruturas e engrenagens móveis descritas eram talhadas
em madeira rija (tipicamente carvalho, sobreiro ou azinheiro), por artífices
especializados nesse tipo de trabalho, a quem se dava o nome de engenheiros (ou
seja, os homens que fabricavam os engenhos).
Os moinhos de vento
podem ser aplicados à moagem de cereais. Neste caso, a energia que chega à
base do moinho através do seu eixo central é utilizada para fazer rodar uma mó.
Uma mó é uma pedra maciça, esculpida em forma de anel cilíndrico achatado, de
faces sulcadas e a cujo centro vazio se chama olho da mó. Numa instalação para
moagem existem duas mós, sendo uma delas estática, denominada poiso e assente
no chão do moinho, sobre a qual se coloca uma segunda mó com uma folga ligeira
de modo a que não impeça o movimento de rotação, denominada corredor, com raio
idêntico ao do poiso mas com altura inferior (em moinhos de vento da região
do Ribatejo um
poiso pesava tipicamente 1200 kg, enquanto que um corredor pesava
oitocentos kg).
Moinhos de
vento para produção de eletricidade eólica
O corredor está suspenso
no eixo vertical, sendo fixa a este através de um suporte metálico regulável em
altura de nome "segurelha". A necessidade de regular a altura do
corredor deve-se ao facto ao desgaste em altura das faces, a que ambas as mós
estão sujeitas com o desenrolar da atividade de moagem, por efeito da fricção.
Quando os sulcos das mós desaparecem, cabe ao moleiro criar novos sulcos para
que a moagem do cereal seja possível, ato ao qual se chama o "picar da
mó" e que é realizado com o auxílio de ferramentas cuja forma e função se
assemelham à de uma picareta, daí o seu nome "picão" ou
"picadeira".
A moagem do cereal é feita depositando-o em grão na folga existente
entre o poiso e o corredor. A rotação do corredor fricciona os grãos contra o
poiso, esmagando-os repetidamente até que, lentamente, se transformam em farinha, sendo este o nome atríbuído ao pó a que se
reduzem os cereais moídos. O cereal em grão é depositado numa caixa com
fundo em cone ou pirâmide invertida, denominada tegão, à qual se liga uma calha
ou quilha que conduz o grão para o olho do moinho e o deposita na folga entre o
poiso e o corredor. A energia centrífuga provocada pela rotação do corredor faz
com que o grão (e o produto da sua moagem) se desloque desde o olho até a
circunferência da mó, onde é recolhido já em farinha.
Os moinhos de vento podem ser aplicados à elevação ou
bombagem (bombeamento) de água. Neste caso, a
energia que chega à base do moinho através do seu eixo central é utilizada para
fazer rodar um parafuso de Arquimedes. Uma engrenagem
colocada no eixo central é ligada a um parafuso colocado no interior de um tubo
cilíndrico ou semi-cilíndrico oco, posicionado num plano inclinado na diagonal
com a extremidade mais baixa colocada abaixo da linha de água. Eles foram muito
utilizados nos Países Baixos com esta finalidade para drenagem dos pôlderes (terras
baixas). Atualmente, a maior parte das bombas tipo parafuso são acionadas
por energia eléctrica em vez da energia eólica.
A rotação e
disposição do parafuso fazem com que o movimento de rotação arraste um volume
de água ao longo do tubo até ao topo, onde é captada na extremidade mais
elevada.
Os moinhos de vento podem ser aplicados à geração ou produção de energia eléctrica. Neste
caso, a estrutura é apenas composta por uma armação metálica ou haste oca, no
topo do qual se encontra uma turbina. As
pás são de grande dimensão, atingindo, em aparelhos modernos, entre quarenta e
sessenta metros de comprimento e rodam lentamente. O equivalente ao mastro
do moinho de vento até aqui descrito encontra-se diretamente ligado a um
elemento gerador (em geral um alternador ou dínamo) capaz de
converter a energia cinética de rotação em energia elétrica que é ajustada ou
retificada e depois canalizada para a rede comum de fornecimento de energia
eléctrica.
O navio a
turbovela Alcyone na foto, na marina de
Cascais, foi
especialmente projetado para receber a tecnologia Turbovoile de Cousteau: uma turbina devoluta
vertical com
rotores internos
Moinhos de vento de voluta
vertical podem
funcionar com as turbinas embutidas, interferindo menos com a paisagem além de
eliminar os riscos as colisões tão frequentes das turbinas com as aves.
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