Islamismo, sela contribuição para a
paz
A paz foi o seu
discurso
Nasceu em Tikrit (no
atual território do Iraque) em 1138,
e morreu em Damasco, hoje
capital da Síria, em 1193.
Foi o responsável por restaurar o sunismo no Egito.
Saladino
distinguiu-se pela primeira vez nas campanhas do Egito, sendo nomeado vizir. Sultão do
Egito a partir de 1175, sucedeu
a Atabeg de Moçul, em nome
de quem partiu à conquista do Egito. Unificou
o país (1164-1174), a Síria (1174-1187)
e a Mesopotâmia,
tornando-se um poderoso dirigente. Doutrinou zelosamente seu povo a encarar a
luta contra a cristandade como uma guerra santa e fundou colégios para o ensino
da religião islâmica.
Em duas ocasiões,
em 1170 e
1172, Saladino recuou de uma invasão ao Reino Latino de Jerusalém. Essas ordens
haviam sido dadas por Nur ad-Din, e Saladino
esperava que aquele Reino Cruzado permanecesse intacto, como um estado satélite
entre o Egito e
a Síria, até que
Saladino pudesse ganhar controle sobre a Síria também. Nur ad-Din e
Saladino já estavam rumo à guerra aberta nesses termos, quando Nur ad-Din
morreu, em 1174. O herdeiro de Nur ad-Din, as-Salih Ismail al-Malik era
apenas um menino, sob os cuidados de eunucos da
corte, e morreu em 1181.
Imediatamente após
a morte de Nur ad-Din, Saladino marchou até Damasco e foi
bem recebido na cidade. Lá ele reforçou sua legitimidade, de acordo com o
costume da época, casando com a viúva de Nur ad-Din. Por outro lado, Alepo e Moçul, as outras
duas maiores cidades que Nur ad-Din havia governado, nunca foram tomadas, porém
Saladino conseguiu impor sua influência e autoridade a elas em 1176 e 1186,
respectivamente. Enquanto ele estava ocupado no cerco a Alepo, em 22 de
maio de 1176, o sombrio grupo de assassinos do Ismaili, oHashshashin, tentou
matá-lo. Eles conduziram dois atentados à sua vida, no segundo deles chegando a
ponto de infligir ferimentos.
Representação
artística de Saladino
Enquanto Saladino
consolidava seu poder na Síria,
geralmente deixava em paz o reino Cruzado, embora
fosse frequentemente vitorioso nas ocasiões em que batalhava com os cruzados. Uma
exceção foi a batalha de Montgisard no dia 25 de novembro de 1177. Nela ele foi
derrotado pelas forças combinadas de Balduíno IV de Jerusalém, Reinaldo de Chatillon e os Cavaleiros Templários. Apenas um décimo de seu exército conseguiu
retornar ao Egito.
Uma trégua foi
declarada entre Saladino e os Estados Cruzados em
1178. Saladino passou o ano seguinte recuperando-se da derrota e reconstruindo
seu exército, retornando ao ataque em 1179, quando derrotou os Cruzados na batalha de Jacob's Ford.
Contra-ataques cruzados provocaram
ainda outras retaliações de Saladino. Reinaldo de Chatillon, em particular, perturbou as rotas de comércio e
peregrinação muçulmanas com uma frota no Mar Vermelho, uma rota
marítima que Saladino necessitava manter aberta. Como resposta, Saladino
construiu uma frota de 30 galés para
atacar Beirute em
1182. Reinaldo ameaçou atacar as cidades sagradas de Meca e Medina. Em
retribuição, Saladino cercou Al Karak, o forte
de Reinaldo na Oultrejordain, em 1183 e 1184. Reinaldo respondeu saqueando uma
caravana de peregrinos no Hajj em
1185. De acordo com a "Old French Continuation" de Guilherme de Tiro, do final
do século XIII, Reinaldo capturou a irmã de Saladino durante uma pilhagem
a uma caravana, embora isso não seja atestado em outras fontes contemporâneas,
sejam elas muçulmanas ou francas. De fato, Reinaldo havia atacado uma caravana
anterior, e Saladino mandou a guarda garantir a segurança de sua irmã e do
filho dela, que não chegaram a sofrer danos.
Em julho de 1187,
Saladino capturou a maior parte do reino de Jerusalém. No dia 4
de julho de 1187 ele deparou-se, na Batalha de Hattin, com as
forças combinadas de Guy de Lusignan, Rei
Consorte de Jerusalém, e Raimundo III de Trípoli. Somente na
batalha, o exército Cruzado foi
em grande parte aniquilado pelo exército motivado de Saladino, naquilo que foi
um desastre completo para os cruzados e uma
virada na história das Cruzadas. Saladino
capturou Reinaldo de Chatillon e providenciou pessoalmente sua
execução. Guy de Lusignan também foi capturado, porém sua vida foi
poupada. Dois dias após a batalha de Hattin, Saladino
ordenou a execução de todos os prisioneiros de ordem militar por decapitação.
As execuções eram levadas a cabo à medida que o próprio secretário de
Saladino, Imad
ad-Din, descreve (Ibid, pág. 138): "Ele (Saladino) ordenou que eles
deveriam ser decapitados, preferindo tê-los mortos a prisioneiros. Com ele
estava um grande grupo de sufis e estudiosos, e certo número de devotos e ascetas; cada um
implorava permissão para matar um deles, e desembainhava sua espada e
arregaçava sua manga. Saladino, com uma expressão alegre no rosto, estava
sentado no seu dais; os descrentes mostravam um negro desespero." A
execução dos prisioneiros em Hattin não
foi a primeira de Saladino. Em 29 de agosto de 1179 ele tomou o castelo
em Bait al-Ahazon, e
aproximadamente 700 prisioneiros foram capturados e executados.
“
|
Enquanto eu (Beha ad-Din) aguardava, Saladino voltou-se para mim e
disse: "Creio que, quando Deus me
conceder a vitória sobre o resto da Palestina, deverei
dividir meus territórios, fazer um testamento declarando meus desejos, e
então içar velas neste mar, para suas terras longínquas, a lá arrebatar os
francos, de maneira a livrar a terra de qualquer um que não acredite em Deus, ou
morrer tentando.
|
”
|
Logo, Saladino já
havia capturado quase todas as cidades dos cruzados. Ele tomou Jerusalém em 2 de outubro de 1187, após um cerco. Saladino
inicialmente não pretendia garantir termos de anistia aos ocupantes de Jerusalém, até
que Balian de Ibelin ameaçou matar todos os muçulmanos da cidade,
estimado entre três e cinco mil pessoas, e destruir os templos sagrados
do Islã na Cúpula da Rocha e
a mesquita de Al-Aqsa se não fosse dada anistia. Saladino consultou
seu conselho e esses termos foram aceitos. Um resgate deveria ser pago por cada
franco na cidade, fosse homem, mulher ou criança. Saladino permitiu que muitos
partissem sem ter a quantia exigida por resgate para outros. De acordo
com Imad al-Din,
aproximadamente sete mil homens e oito mil mulheres não puderam pagar por seu
resgate e foram tornados escravos.
Apenas Tiro resistiu.
A cidade era então comandada pelo Conrado de Montferrat. Ele fortaleceu as defesas de Tiro e
suportou dois cercos de Saladino. Em 1188, em Tortosa, Saladino
libertou Guy de Lusignan e devolveu-o à sua esposa, a rainha Sibila de Jerusalém. Eles foram primeiro a Trípoli, e depois
a Antioquia. Em 1189
eles tentaram reclamar Tiro para
seu reino, mas sua admissão foi recusada por Conrado, que não reconhecia Guy
como rei. Guy então começou o cerco de Acre.
Hattin e a
queda de Jerusalém foram
um estopim para a Terceira Cruzada,
financiada na Inglaterra por
um especial "dízimo de Saladino". Essa Cruzada retomou a
cidade de Acre.
Após Ricardo I de Inglaterra executar os
prisioneiros muçulmanos em Acre, Saladino
retaliou matando todos os francos capturados entre 28 de agosto e 10 de
setembro. Beha ad-Din descreve
uma cena particularmente horrenda envolvendo dois francos capturados nesse
período: "Enquanto estávamos lá eles trouxeram ao sultão (Saladino)
dois francos que haviam sido aprisionados pela guarda avançada. Ele os
decapitou ali mesmo." Os exércitos de Saladino engajaram-se em combate com
os exércitos rivais do rei Ricardo I de Inglaterra na batalha de Apolónia (ou
de Arsuf), em 7 de setembro de 1191, na qual
Saladino foi derrotado. A relação entre Saladino e Ricardo era uma de respeito
cavalheiresco mútuo, assim como de rivalidade militar; ambos eram celebrados em
romances cortesãos. Quando Ricardo foi ferido, Saladino ofereceu os serviços de
seu médico pessoal. Em Apolónia, quando Ricardo perdeu seu cavalo, Saladino
enviou-lhe dois substitutos. Saladino também lhe enviou frutas frescas com
neve, para manter as bebidas frias. Ricardo sugeriu que sua irmã poderia
casar-se com o irmão de Saladino — e Jerusalém poderia
ser seu presente de casamento.
Mausoléu de
Saladino
Os dois chegaram a
um acordo sobre Jerusalém no Tratado de Ramla em
1192, pelo qual a cidade permaneceria em mãos muçulmanas, mas estaria aberta às
peregrinações cristãs; o tratado reduzia o reino latino a uma estreita faixa
costeira desde Tiro até Jafa.
Saladino morreu no
dia 4 de março de 1193, em Damasco, pouco
depois da partida de Ricardo. Quando o tesouro de Saladino foi aberto não havia
dinheiro suficiente para pagar por seu funeral; ele havia dado todo o seu
imenso tesouro para caridade.
Ele está enterrado
no Mausoléu de Saladino, no complexo da Mesquita dos Omíadas, em Damasco, e é uma
atração popular.
Considerado o
campeão da guerra santa, Saladino se tornou o herói de um ciclo de lendas, que
percorreram todo o Oriente médio e
a Europa, e seus
feitos são lembrados e admirados até os dias de hoje pelos povos muçulmanos.
Forte protetor da
cultura islâmica, não era apenas um líder militar, mas também um excelente
administrador dos seus domínios. Mandou reconstruir a mesquita de Al-Aksa na cidade de Jerusalém, e ordenou
também a construção da cidadela do Cairo e
outros monumentos de interesse.
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