sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A FALTA QUE ROBERTO CAMPOS FAZ

Joaci Góes
Colaboração de: Joaci Góes


 Na adolescência, participei, ao lado de milhares de estudantes e de militantes da esquerda, de duas marchas dedicadas ao enterro simbólico de Roberto Campos. A primeira, para condenar sua investidura na presidência do então BNDE, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, hoje acrescido do S, de social, e, a segunda, para expressar indignação pela sua nomeação como embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

Quis o destino que, pouco tempo depois cursando a faculdade, levado por ele, viesse a participar de um encontro com o Presidente John Kennedy, na casa Branca, episódio constante das memórias de Henry Kissinger, My years in the White House.  Muito mais tarde, já curado do infantilismo ideológico que está na raiz dos males de povos infelizes que se orientam pelo idiotizado pensamento bolivariano, voltamos a nos encontrar, agora, em amistosa e frutuosa convivência durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Dele recebi contribuição valiosa para o Código do Consumidor, sob nossa relatoria.

      Neste momento de tão inquietante crise que vive o País, e às vésperas do carnaval, nada mais oportuno do que recordar alguns pensamentos desta que foi uma das mais brilhantes cabeças do Brasil, em todos os tempos:


“O governo não passa de um aglomerado de burocratas e políticos, que almoçam poder, promoção e privilégios. Somente na sobremesa pensam no ‘bem comum’.”

“Tributar pesadamente, tirando do mais capaz e do mais motivado para dar ao menos capaz ou menos disposto, em geral, redunda em punir aqueles, sem corrigir estes.”

“Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas sejam criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado”.

“O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar”.

 “A política industrial que nos convém se reduz a umas poucas regras de bom senso. A primeira é que o mais importante incentivo ao progresso é assegurar-se liberdade empresarial, pela abolição de monopólios estatais e reservas de mercado. A segunda é aumentar a previsibilidade econômica, pela estabilização de preços. A terceira é que, antes da concessão de incentivos, é necessário remover obstáculos, pois que, isso feito, na maioria das vezes, o mercado cuidará de si mesmo.”

“Os socialistas, e em especial os marxistas, sempre pensaram que existia um estado natural de abundância. Nada mais simples, portanto, que a economia de Robin Hood: tirar dos ricos para dar aos pobres.”

“A melhor maneira de promover a eficiência no uso de recursos é a concorrência interna e externa. Donde ser a oposição à abertura econômica e à globalização - em nome do combate ao neoliberalismo - uma secreção de cabeças suicidas. Ou talvez, o perfume de flores assassinas que mesmerizam mosquitos ideológicos.”

No Brasil, a res (coisa) publica é cosa nostra (coisa nossa).”

“No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo, e empresa pública é aquela que ninguém controla.”

“No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros...”.

“A diferença entre a inteligência e a estupidez é que a inteligência é limitada.”

“A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor.”

“Nossas esquerdas não gostam dos pobres. Gostam mesmo é dos funcionários públicos. São estes que, gozando de estabilidade, fazem greves, votam no Lula, pagam contribuição para a CUT. Os pobres não fazem nada disso. São uns chatos...”.

“Quando cheguei ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje acho que o que dá para fazer é evitar o mal.”

Para não excedermos, demasiadamente, os limites deste espaço, concluamos com este cáustico juízo:

 “Os agentes públicos de Brasília se dividem em dois grupos: os que são incapazes e os que são capazes de tudo”.

Feliz carnaval! Se for possível!

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