sábado, 7 de fevereiro de 2015

FESTIVAL DE TRAPALHADAS

Por
Joaci Góes

Quando, num futuro marcado pela decência, se escrever a história da atual fase da vida brasileira, os leitores inteligentes serão naturalmente tomados por um sentimento de incredulidade, de tal modo têm sido grosseiros os frequentes erros cometidos pela Administração Pública, em nome dos interesses populares.
Se no plano da corrupção, os excessos são comparáveis aos de quem confunde sensualidade com sexo pornô, no patamar das prioridades deparamos com decisões de arrepiar, conducentes, muitas delas, ao fracasso que ora vivenciamos em áreas da maior importância para a elevação da qualidade de vida das pessoas, como educação, saúde e segurança pública.
O renomado engenheiro eletricista Pinguelli Rosa, Professor da USP, declarou, recentemente, em entrevista à Globo News, que os estudos realizados nos últimos três anos apontavam, de modo iniludível para a escassez de água que ora inquieta o País, sendo, portanto, espantoso que a Presidente tenha anunciado, em 2013, uma redução no custo da energia de 18%, estimulando o consumo que muito contribuiu para a precipitação da atual escassez de água e de energia, quando a prudência estaria a recomendar a adoção de medidas redutoras do consumo.

Ao anunciar a eleitoreira medida, a Presidente ainda fez barretada com o chapéu alheio, ao interferir em área da competência da Aneel, agência que existe, precisamente, para regular o setor energético, contendo os eventuais excessos privados e o voluntarismo oficial, habituado a comprometer o futuro das próximas gerações em função das próximas eleições, para cuja vitória a prática de toda indignidade é cabível.
Não poderia o Governo interferir, do modo autoritário e populista como o fez, para reduzir a receita de produtores e distribuidores de energia, sujeitos às regras do mercado, de acordo, nitidamente, com a cartilha bolivariana que vem destruindo a saúde dos povos que a seguem, como Argentina, Bolívia, Venezuela, Nicarágua e Equador. O resultado tem sido a crise financeira que sufoca os empresários do segmento energético brasileiro.
As coisas só não estão piores, porque o Brasil não cresce. Se estivesse crescendo a taxas mínimas, já estaríamos em regime ostensivo de um racionamento do qual ainda não nos livramos.
Agora, sabe-se, a Aneel vai lançar um leilão na tentativa desesperada de contratar a oferta imediata de três mil MW, o que é tarefa das mais difíceis, porque está é uma área da infraestrutura física demandante de tempo para ser implantada.
Não tenhamos dúvida. Este será um ano singularmente difícil para todos os brasileiros, sobretudo quando, nos corredores do Congresso, a palavra cada vez mais pronunciada é impeachment.
Collor que o diga.

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