Por
Joaci
Góes
Quando, num
futuro marcado pela decência, se escrever a história da atual fase da vida
brasileira, os leitores inteligentes serão naturalmente tomados por um
sentimento de incredulidade, de tal modo têm sido grosseiros os frequentes
erros cometidos pela Administração Pública, em nome dos interesses populares.
Se no plano
da corrupção, os excessos são comparáveis aos de quem confunde sensualidade com
sexo pornô, no patamar das prioridades deparamos com decisões de arrepiar,
conducentes, muitas delas, ao fracasso que ora vivenciamos em áreas da maior
importância para a elevação da qualidade de vida das pessoas, como educação,
saúde e segurança pública.
O renomado
engenheiro eletricista Pinguelli Rosa, Professor da USP, declarou,
recentemente, em entrevista à Globo News, que os estudos realizados nos últimos
três anos apontavam, de modo iniludível para a escassez de água que ora
inquieta o País, sendo, portanto, espantoso que a Presidente tenha anunciado,
em 2013, uma redução no custo da energia de 18%, estimulando o consumo que
muito contribuiu para a precipitação da atual escassez de água e de energia,
quando a prudência estaria a recomendar a adoção de medidas redutoras do
consumo.
Ao anunciar
a eleitoreira medida, a Presidente ainda fez barretada com o chapéu alheio, ao
interferir em área da competência da Aneel, agência que existe, precisamente,
para regular o setor energético, contendo os eventuais excessos privados e o
voluntarismo oficial, habituado a comprometer o futuro das próximas gerações em
função das próximas eleições, para cuja vitória a prática de toda indignidade é
cabível.
Não poderia
o Governo interferir, do modo autoritário e populista como o fez, para reduzir
a receita de produtores e distribuidores de energia, sujeitos às regras do
mercado, de acordo, nitidamente, com a cartilha bolivariana que vem destruindo
a saúde dos povos que a seguem, como Argentina, Bolívia, Venezuela, Nicarágua e
Equador. O resultado tem sido a crise financeira que sufoca os empresários do
segmento energético brasileiro.
As coisas
só não estão piores, porque o Brasil não cresce. Se estivesse crescendo a taxas
mínimas, já estaríamos em regime ostensivo de um racionamento do qual ainda não
nos livramos.
Agora,
sabe-se, a Aneel vai lançar um leilão na tentativa desesperada de contratar a
oferta imediata de três mil MW, o que é tarefa das mais difíceis, porque está é
uma área da infraestrutura física demandante de tempo para ser implantada.
Não
tenhamos dúvida. Este será um ano singularmente difícil para todos os
brasileiros, sobretudo quando, nos corredores do Congresso, a palavra cada vez
mais pronunciada é impeachment.
Collor que
o diga.
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