quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O HÔTEL NATIONAL DES INVALIDES OU PALÁCIO DOS INVÁLIDOS – PARIS, FRANÇA

Vista aérea do Hôtel des Invalides

O Hôtel National des Invalides, ou Palácio dos Inválidos, é um enorme monumento parisiense, cuja construção foi ordenada por Luís XIV, em 1670, para dar abrigo aos inválidos dos seus exércitos. Hoje em dia, continua acolhendo os inválidos, mas é também uma necrópole militar e sede de vários museus.
Entre as personalidades ilustres lá sepultadas encontra-se Napoleão Bonaparte, assim como o coração de Sébastien Le Prestre de Vauban, ilustre arquiteto militar francês, responsável pela poliorcética francesa, o qual criou na época de Luís XIV, uma série de fortificações militares ao reino, tornando-o impenetrável.

Hôtel des Invalides


O rei Luís XIV precisou, tal como os seus predecessores Henrique III e Henrique IV, de assegurar auxílio e assistência aos soldados inválidos dos seus exércitos; para que "aqueles que expuseram as suas vidas derramaram o seu sangue pela defesa da monarquia (...) passem o resto dos seus dias na tranquilidade (ceux qui ont exposé leur vie et prodigué leur sang pour la défense de la monarchie (...) passent le reste de leur jours dans la tranquillité), diz o édito Real de 1670.

Primeira entrega das condecorações da Légion d'honneur no Hôtel des Invalides pelo imperador Napoleão I,por Jean-Baptiste Debret,Palácio de Versalhes

Estátua de Napoleão no Pátio de Honra

Situadas na planície de Grenelle, nessa época um subúrbio de Paris, as obras dos edifícios principais foram confiadas a Libéral Bruant por Louvois. Bruant concebeu uma organização em cinco pátios centrados num maior: o "pátio Real" (cour royale). Os trabalhos efetuaram-se entre março de 1671 e fevereiro de 1677, o que pode ser classificado como rápido (os primeiros pensionistas foram albergados a partir de outubro de 1674). A fachada atrás do grande pátio foi entretanto destruída, menos de um ano após a sua conclusão, para deixar espaço às fundações da grande cúpula.


A igreja inicialmente prevista por Bruant parece não ter agradado, pelo que a sua construção foi confiada, a partir de Março de 1676, a Jules Hardouin-Mansart, que trabalhava igualmente nos pavilhões de entrada e nas enfermarias. A construção do edifício religioso durou perto de trinta anos, só ficando concluída no dia 28 de Agosto de 1706, data da entrega das chaves ao Rei Sol. O edifício este, de fato, duplicou, mesmo existindo uma continuidade arquitetônica: a nave constitui a igreja dos soldados (église des soldats), sendo o coro, sob a cúpula, qualificado como igreja da cúpula (église du dôme). Esta distinção foi posta em prática, em 1873, através de uma grande claraboia separando as duas partes.
O Hôtel des Invalides comprendia, então, outra igreja, uma manufatura (confecção de uniformes e tipografia), um asilo ("casa de retiro" - maison de retraite) e um hospital militar. As oficinas iniciais foram rapidamente abandonadas para servir de quartos suplementares.


No dia 15 de Julho de 1804 teve lugar na capela dos Invalides a primeira entrega das condecorações da Legião de Honra, por Napoleão Bonaparte, aos oficiais meritórios, numa faustosa cerimónia oficial.
O edifício foi dotado desde muito cedo de funções museógrafas: museu da artilharia em 1872 e museu histórico dos exércitos em 1896, reunidos como museu do exército (musée de l'armée) em 1905.

A cúpula dourada do Hôtel faz parte da paisagem parisiense

O Hôtel des Invalides ainda acolhe presentemente uma centena de reformados e inválidos dos exércitos franceses. A administração encarregada desta missão é o Instituto Nacional dos Inválidos (Institut national des invalides).
A capela do Hôtel des Invalides, concebida para acolher os pensionistas dos Invalides, foi elevada à categoria de cathédrale. É a sede do Bispo Católico dos Exércitos.


A planta geral do edifício, criada por Jules Hardouin-Mansart, é simples: uma cruz grega inscrita num plano quadrado. Cada uma das fachadas é composta por duas ordens sobrepostas, sublinhadas por um pórtico encimado por um frontão triangular. A cúpula está colocada sobre um alto tambor, cujo segundo andar está ornado por altas janelas. É a este nível que o grande rigor clássico da arquitetura evolui sensivelmente: a parte baixa do tambor está rodeada por colunas geminadas cercadas por altas janelas com lintéis curvos. Estas colunas não estão dispostas regularmente nos pontos cardiais do edifício, uma vez que foram reagrupadas em grupos de dois por dois para assegurar a estabilidade da cúpula. Pela mesma razão, pequenas volutas, à imagem da Salute de Veneza, foram dispostas sobre esta coroa de colunas, na base da segunda parte do tambor.

Face Norte

A cúpula em forma oval, rodeada por potes de fogo, está recoberta de ricos motivos dourados de troféus e perfurada com óculos. Por fim, é encimado por um lanternim que não renegaria Boromini. Trata-se de um pequeno pavilhão quadrado, com corte enviesado em relação à fachada, com ângulos decorados por colunas sobre as quais foram dispostas estátuas. O conjunto é por fim coroado por um obelisco afilado terminado por uma cruz. Com uma base de estrutura quadrada encimada por frontões triangulares, passa insensivelmente às formas complexas onde as curvas dominam: tambor, cúpula, óculos, volutas…

Um dos vários salões do Hôtel

Podem ver-se, suspensas na abóbada segundo uma tradição antiga, as bandeiras e estandartes tomadas ao inimigo.
A cúpula dourada dos Inválidos constitui um dos pontos de referência da paisagem parisiense.
Napoleão I repousa sob a cúpula, na companhia dos seus dois irmãos, Joseph e Jérome Bonaparte, e do seu filho, o "Filhote de Águia".

Outro salão do Hôtel

A norte, o pátio prolonga-se para além dos limites do edifício através de uma grande esplanada pública, ao longo da qual se encontram as embaixadas da Áustria e da Finlândia, a gare de Orsay e o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Dois espaços cimentados nas extremidades servem de espaço de entretenimento para os patinadores. Os Inválidos são um dos grandes espaços livres de construção no interior de Paris.


No final desta esplanada, o rio Sena é atravessado pela Ponte Alexandre III, atingindo-se assim o Petit Palais e o Grand Palais.

Igreja do Hôtel

O alinhamento dos canhões na esplanada é altamente simbólico. Esses canhões estão, efetivamente, apontados ao Palácio do Eliseu para lembrar ao seu locatário que na França o soberano é o povo, e que este pode a qualquer momento retomar as armas.

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