O Hôtel National des Invalides, ou Palácio dos Inválidos, é um enorme
monumento parisiense, cuja construção foi ordenada por Luís XIV, em 1670, para dar abrigo aos inválidos dos seus exércitos.
Hoje em dia, continua acolhendo os inválidos, mas é também uma necrópole militar
e sede de vários museus.
Entre as personalidades ilustres lá sepultadas
encontra-se Napoleão Bonaparte, assim como o coração de Sébastien Le Prestre de Vauban, ilustre arquiteto
militar francês, responsável pela poliorcética francesa,
o qual criou na época de Luís XIV, uma série
de fortificações
militares ao reino, tornando-o impenetrável.
Hôtel des Invalides
O rei Luís XIV precisou,
tal como os seus predecessores Henrique III e Henrique IV, de assegurar auxílio e assistência aos soldados
inválidos dos seus exércitos; para que
"aqueles que expuseram as suas vidas derramaram o seu sangue pela defesa
da monarquia (...) passem o resto dos seus dias na tranquilidade (ceux qui
ont exposé leur vie et prodigué leur sang pour la défense de la monarchie (...)
passent le reste de leur jours dans la tranquillité), diz o édito Real de
1670.
Primeira entrega das
condecorações da Légion
d'honneur no Hôtel des Invalides
pelo imperador Napoleão
I,por Jean-Baptiste Debret,Palácio de Versalhes
Estátua de
Napoleão no Pátio de Honra
Situadas na planície de Grenelle, nessa época um
subúrbio de Paris, as obras
dos edifícios principais foram confiadas a Libéral Bruant por Louvois. Bruant
concebeu uma organização em cinco pátios centrados num maior: o "pátio
Real" (cour royale). Os trabalhos efetuaram-se entre março de 1671 e
fevereiro de 1677, o que
pode ser classificado como rápido (os primeiros pensionistas foram albergados a
partir de outubro de 1674). A
fachada atrás do grande pátio foi entretanto destruída, menos de um ano após a
sua conclusão, para deixar espaço às fundações da grande cúpula.
A igreja inicialmente prevista por Bruant parece
não ter agradado, pelo que a sua construção foi confiada, a partir de Março de
1676, a Jules Hardouin-Mansart, que trabalhava
igualmente nos pavilhões de entrada e nas enfermarias. A construção do edifício
religioso durou perto de trinta anos, só ficando concluída no dia 28 de Agosto
de 1706, data da entrega das chaves ao Rei Sol. O edifício este, de fato, duplicou,
mesmo existindo uma continuidade arquitetônica: a nave constitui a igreja dos
soldados (église des soldats), sendo o coro, sob a cúpula, qualificado
como igreja da cúpula (église du dôme). Esta distinção foi posta em
prática, em 1873, através de uma grande claraboia separando as duas partes.
O Hôtel des Invalides comprendia, então, outra
igreja, uma manufatura (confecção de uniformes e tipografia), um asilo ("casa de retiro" - maison
de retraite) e um hospital militar. As oficinas iniciais foram rapidamente
abandonadas para servir de quartos suplementares.
No dia 15 de Julho de 1804 teve lugar na capela dos
Invalides a primeira entrega das condecorações da Legião de Honra, por Napoleão Bonaparte, aos oficiais meritórios, numa faustosa cerimónia
oficial.
O edifício foi dotado desde muito cedo de funções museógrafas:
museu da artilharia em 1872 e museu histórico dos exércitos em 1896, reunidos
como museu do exército (musée de l'armée) em 1905.
A cúpula dourada do Hôtel faz parte da paisagem
parisiense
O Hôtel des Invalides ainda acolhe presentemente
uma centena de reformados e inválidos dos exércitos franceses. A administração
encarregada desta missão é o Instituto Nacional dos Inválidos (Institut
national des invalides).
A capela do Hôtel des Invalides,
concebida para acolher os pensionistas dos Invalides, foi elevada à categoria
de cathédrale. É a sede do
Bispo Católico dos Exércitos.
A planta geral do edifício, criada por Jules Hardouin-Mansart, é
simples: uma cruz grega inscrita num plano quadrado. Cada uma das fachadas é
composta por duas ordens sobrepostas, sublinhadas por um pórtico encimado por
um frontão triangular. A cúpula está colocada sobre um alto tambor, cujo
segundo andar está ornado por altas janelas. É a este nível que o grande rigor
clássico da arquitetura evolui sensivelmente: a parte baixa do tambor está
rodeada por colunas geminadas cercadas por altas janelas com lintéis curvos. Estas
colunas não estão dispostas regularmente nos pontos cardiais do edifício, uma
vez que foram reagrupadas em grupos de dois por dois para assegurar a
estabilidade da cúpula. Pela mesma razão, pequenas volutas, à imagem da Salute de Veneza, foram dispostas sobre esta coroa
de colunas, na base da segunda parte do tambor.
Face Norte
A cúpula em forma oval, rodeada por potes de fogo, está recoberta de ricos
motivos dourados de troféus e perfurada com óculos. Por fim, é encimado por um
lanternim que não renegaria Boromini. Trata-se de um pequeno pavilhão quadrado,
com corte enviesado em relação à fachada, com ângulos decorados por colunas
sobre as quais foram dispostas estátuas. O conjunto é por fim coroado por um obelisco afilado terminado por uma cruz. Com uma base de estrutura quadrada
encimada por frontões triangulares, passa insensivelmente às formas complexas
onde as curvas dominam: tambor, cúpula, óculos, volutas…
Um dos vários salões do Hôtel
Podem ver-se, suspensas na abóbada segundo uma tradição antiga, as bandeiras e estandartes tomadas ao inimigo.
Napoleão I repousa sob a cúpula, na companhia dos
seus dois irmãos, Joseph e Jérome Bonaparte, e do seu filho, o "Filhote de
Águia".
Outro salão do Hôtel
A norte, o pátio prolonga-se para além
dos limites do edifício através de uma grande esplanada pública, ao longo da
qual se encontram as embaixadas da Áustria e da Finlândia, a gare de Orsay e o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Dois
espaços cimentados nas extremidades servem de espaço de entretenimento para os
patinadores. Os Inválidos são um dos grandes espaços livres de construção no
interior de Paris.
No final desta esplanada, o rio Sena é atravessado pela Ponte Alexandre III, atingindo-se assim o Petit
Palais e o Grand
Palais.
Igreja do Hôtel
O alinhamento dos canhões na esplanada
é altamente simbólico. Esses canhões estão, efetivamente, apontados ao Palácio do Eliseu para lembrar ao seu locatário que na França o soberano é o povo, e que este pode a qualquer momento retomar as
armas.
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