Por
Walter
Pinheiro
É
Diretor Presidente do Jornal Tribuna da Bahia
O dia 15 de março entra para a história como um dia marcante para a
democracia brasileira. Se, há 30 anos, nesta data, o presidente José Sarney era
empossado, finalizando o período da ditadura, ontem, o povo brasileiro deu
mostras do seu amadurecimento político, realizando manifestações pacíficas nas
principais cidades do país, com destaque para São Paulo, onde cerca
de milhão e meio de manifestantes se fizeram presentes.
E compareceram por livre e espontânea vontade – muitos em família
–, valendo-se de recursos próprios e sem estarem submetidos a qualquer
liderança, vestindo, em sua maioria, o verde e amarelo, as cores da Nação.
Tornaram útil - e muito útil - um dia de domingo, próprio para o descanso e
lazer. E foram às ruas transmitir o seu inconformismo para com a situação
nacional. A democracia saiu fortalecida.
O que resta saber é o que virá no “day after”, pois a sensação que
fica é da necessidade da presidente Dilma Rousseff se reinventar. Afinal,
vive-se apenas dois meses e meio de sua segunda gestão, que é vista como de
continuidade. E o que as ruas transmitem é que não há mais paciência para
aturar-se um estilo que se esgotou em si mesmo. A presidente da República
precisa urgentemente vencer o isolamento, ser ágil na implantação de mudanças,
começando pela forma de relacionar-se com sua equipe, com seus
aliados e, principalmente com o seu povo. Semana passada, o ministro Berzoini
já dizia que o governo tem que se comunicar melhor. E tem toda razão.
Em junho de 2013, após os protestos do Passe-Livre, Dilma Rousseff
desejou firmar um pacto de cinco itens, para atender o movimento. Na
verdade, nada se efetivou.
À época, classificava-se os reclamos populares como difusos. Agora
não: a luta é contra a corrupção, a inflação, a
elevação dos preços dos serviços públicos, que sacrifica a população, a
falta de cortes nos gastos oficiais, enquanto a impunidade aos culpados
prevalece. Questões relevantes e que exigem providências imediatas.
Que a presidente coloque em prática a tese de que ela governa para todos
os brasileiros, e não apenas para um, ou poucos partidos, é o legítimo
anseio do seu povo, que tem pressa na adoção das medidas. Assim,
o recado está dado e que logo seja compreendido pelos governantes
para que, sem maiores delongas, possa contribuir para desviar o Brasil do
fundo do poço.
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