ARTE PICTÓRICA
Amadeu
Modigliani, pintor figurativo, morto as 33 anos, em estado de extrema pobreza,
ganhou notoriedade por pintar mulheres de pescoços longos.
Amedeo Clemente
Modigliani (Livorno, 12 de julho de 1884 — Paris, 24
de janeiro de 1920) foi
um artista plástico e escultor italiano que viveu
em Paris.
Artista
principalmente figurativo tornou-se
célebre por seus retratos femininos caracterizados por rostos e pescoços
alongados, à maneira das máscaras africanas.
Morreu aos
trinta e cinco anos, em
condições de extrema pobreza material, vítima de meningite
tuberculosa, agravada pelo excesso de trabalho, álcool e drogas.
Modigliani nasceu em uma família judia, em Livorno,
Itália.
Seu trisavô materno, Solomon Garsin, emigrara
de Túnis para Livorno no século XVIII. Os Garsin eram
originários da Espanha, de onde haviam sido expulsos, no final
do século XV, transferindo-se para Túnis. Depois eles se transferiram
para Livorno, onde nasceu o bisavô materno de Amedeo Mogigliani, Giuseppe
Garsin - filho de Salomon Garsin e de Régine Spinoza.
Já a família
paterna, os Modigliani, era provavelmente oriunda de Modigliana, perto
de Forli, na região da Romagna. Antes de se estabelecerem em Livorno,
teriam vivido em Roma, onde exploravam uma casa de penhores. Segundo
Jeanne Modigliani, um certo Emanuele Modigliani teria sido encarregado pelo
governo pontifical de fornecer o cobre necessário às emissões
extraordinárias de moedas dos dois ateliês pontificais. Posteriormente, não
obstante uma lei dos Estados Pontifícios que proibia a posse de
terras por judeus, Emanuele teria adquirido um vinhedo nas encostas
do Albani, sendo, logo em seguida, obrigado pelas autoridades a se
desfazer da vinha. Inconformado, ele teria então deixado Roma, com toda a sua
família, para se instalar em Livorno, em 1849. Naquele mesmo ano, Giuseppe
Garsin, depois de sofrer sérios reveses nos negócios, decide deixar Livorno e
partir, com a mulher, Anna Moscato, e o filho, Isaac, para Marselha onde
foi bem-sucedido.
Amedeo Modigliani foi o quarto filho de Flaminio
Modigliani e sua esposa Eugénie Garsin, filha de Isaac e Régine Garsin. Na
época, os Garsin eram relativamente abastados - sobretudo um dos irmãos de
Eugénie, Amédée Garsin, que enriquecera especulando com imóveis e mercadorias.
Já os Modigliani tinham empobrecido, chegando à falência. Flaminio
dedicava-se aos vários negócios da família, que incluíam mineração e
agricultura na Sardenha, além de atividades comerciais em Livorno. Mas os
negócios andaram mal. Foi o nascimento de Amedeo que salvou a família da ruína
total, pois, de acordo com uma lei antiga, os credores não podiam tomar a cama
de uma mulher grávida ou de uma mãe com um filho recém-nascido. Os oficiais de
justiça entraram na casa da família, justamente quando Eugénie entrou em
trabalho de parto. A família então protegeu seus pertences mais valiosos colocando-os
por cima da cama da parturiente.
Na infância, Amedeo sofreu de diversas doenças
graves - pleurisia, tifo e tuberculose -, que
comprometeram sua saúde pelo resto da vida e cujo tratamento forçava-o a
constantes viagens, até sua mudança definitiva para Paris, em 1906. Também por causa da saúde precária não
recebeu educação formal e voltou-se para o estudo da pintura, iniciado na
cidade natal, que prosseguiu em Veneza e Florença. Teve uma estreita relação com sua mãe, que
lhe deu aulas até que ele completasse dez anos, e começou a desenhar e pintar
precocemente, antes mesmo de ir para a escola. Aos quatorze anos, durante
uma crise de febre tifóide, ele delirava e, em seu delírio, falava que
queria acima de tudo ver as pinturas no Palazzo Pitti e nos Uffizi,
em Florença. Sua mãe então prometeu a ele que, assim que se recuperasse, ela o
levaria a Florença; de fato, não só cumpriu a promessa como permitiu que o
filho fosse trabalhar no estúdio de Guglielmo Micheli, um dos pintores mais
conhecidos de Livorno, de quem Amedeo recebe as primeiras noções de pintura. No
ateliê de Micheli, ele conhecerá, em 1898, o grande Giovanni Fattori,
sendo assim influenciado pelo movimento dos Macchiaioli, em
particular pelo próprio Fattori e por Silvestro Lega.
Em 1906, Modigliani transfere-se para Paris e,
ao fim de três anos de vida boêmia, executa uma de suas obras mais
importantes: O violoncelista, que expôs no Salão dos
Independentes de 1909.
Modigliani, Pablo
Picasso e André Salmon em Montparnasse (1916).
Como outros pintores e artistas do seu tempo, viveu
a experiência da extrema pobreza. Por meio dos companheiros de arte, conheceu o
poeta polaco Leopold Zborowski, que se tornaria seu melhor e mais devotado
amigo, além de incentivador e marchand. Em 1917, Zborowski
consegue para Modigliani uma exposição individual na Gallerie Berthe Weill. A
exposição durou apenas um dia, pois se transformou num escândalo graças aos nus
expostos na vitrine da galeria.
A grande musa de Amedeo foi Jeanne Hébuterne,
com quem teve uma filha, Jeanne, em 1918. Complicações na saúde fazem o
pintor viajar para o sul da França com a esposa e a filha, a fim de
recuperar-se. Retorna a Paris ao final de 1918.
Na noite
de 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos, Modigliani morre de tuberculose.
Foi sepultado no famoso Cemitério do Père-Lachaise, em Paris.
No dia
seguinte à morte do companheiro, Jeanne, grávida de nove meses, suicida-se,
atirando-se do quinto andar de um edifício.
Cabeça (1911)
Fruto de
diversas culturas, amigo de tantos artistas e encontrando-se numa conturbada
fase de questionamentos e transições, sua obra entretanto não pode ser
considerada filiada a nenhuma escola, sendo toda ela dotada de um estilo
próprio e autônomo.
Seus nus, que provocaram escândalo em seu tempo,
revelam não sensualidade, mas um desnudamento da alma humana. Seu estilo faz
parte de um momento em que a arte pictórica, confrontada à fotografia,
lutava para manter seu espaço, seus valores e sua estética.
O encontro com o escultor Constantin
Brancusi marcou a carreira de Modigliani, que por um longo período
abandonou a pintura pela escultura. Impressionado pelo cubismo, muito
influenciado por Cézanne, Toulouse-Lautrec e Picasso, o
artista executou nesse período esculturas nas quais se misturam influências da escola
de Siena e da arte da África negra, sobretudo das esculturas do Congo e
do Gabão. Nota-se em suas esculturas uma forte influência da arte
africana e cambojana, que provavelmente conhecera no Musée de
l'Homme. Seu interesse pelas máscaras africanas é evidente no
tratamento dos olhos de seus modelos.
A partir de 1912, com o agravamento de sua doença,
Modigliani abandona a escultura, concentrando-se apenas na pintura.
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