segunda-feira, 2 de março de 2015

EMILTON MOREIRA ROSA

 

O chefe Rosa

Crônica de Luiz Carlos Facó

Todos o conhecem como o Chefe Rosa. Nascido em Maracangalha, distante poucos quilômetros de Salvador. Terra encantadora. Versada por carreiros, cortadores de cana nos sambas de terreiro, ao fim de cada semana, após árdua jornada trabalhada e muito suor derramado, como o “grande bueiro de duas cor... !”. Onde os “Popós”, os “Saturninos” e os “Dornes” se reuniam lá pras bandas do Pasto Novo, no Cassarongongo, antigo reduto de escravos, fazendo círculo no massapé batido, repetindo ao som de palmas cadenciadas: “Eu sou seu parente.../ Qui é que eu dou a essa muié...”. Origem do spiritual brasileiro, plasmado no sentimento do negro sofrido. Terra que é a pérola da baianidade. Expressa em magníficos versos pelo nosso maior cancioneiro, o mestre Caymmi: “Eu vou eu vou pra Maracangalha, eu vou,/ Eu vou de chapéu de palha, eu vou./ Se Anália não quiser ir, eu vou só. Eu vou só,/ eu vou só...” Terra de Sinhá Justa, do seu Bertolino. Terra onde se bebe o melhor caldo de cana do mundo e pinga da boa, arretada. Terra na qual se aprecia o espetáculo magnifico da queima do palheiro, cujo clarão rivaliza com as luzes de Salvador escondida por trás do Monte Socorro. Terra esconderijo de recantos quietos, paradisíacos: Pinheiro, Água Boa, São José, Sapucaia. Terra lavada por rios habitados por cardumes de traíras, acarás, em cujas margens repousam indolentes jacarés. De matas fechadas, onde perdizes, tatus e pacas passeiam suas majestades. Donde partem os sublimes gorjeios dos caboclinhos, papa-arrozes e estevões. Terra do barro vermelho, cor de sangue, dos carros de bois que se anunciam e anunciam a vida, cantando sofridos mementos. Pois bem, desse oásis partiu Emilton, ainda jovem, para Salvador no sentido de se educar e vencer na vida. Intuiu que as oportunidades não viriam ao seu encontro. Mas que era necessário correr atrás delas. Mesmo ser saber do aconselhamento de Roger Martin du Gard: “A verdadeira coragem não é esperar com calma o acontecimento; mas correr-lhe ao encontro, para conhece-lo o mais breve possível e aceitá-lo.”



Observando-o hoje, do alto do seu sucesso, o apressado incorrigível diria: foi uma trajetória fácil. Quem o conhece, testemunha seu imenso esforço em consegui-lo. No entanto, a medida da força despendida, para atingir a invejável posição que hoje desfruta no nosso meio, só o próprio Emilton é capaz de mensurar. Assim como contar os degraus que galgou, as dificuldades enfrentadas, os óbices ultrapassados. Um a um.
Aluno do Colégio da Bahia dos áureos tempos, tornou-se bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia. Mas não era o bastante. Precisava ir além. Por isso, cursou Administração por Objetivo (Brinberg & Lang), Liderança e Relações Humanas e a Escola Superior de Guerra (ADESG). Na vida profissional teve o privilégio de ser o primeiro funcionário da Organização Odebrecht. Fez-se, também fundador e presidente do Lions Club de Salvador, Itapagipe, conselheiros das Obras Sociais de Irmã Dulce, da União dos Escoteiros do Brasil-Região Bahia, conselheiro da Federação das Bandeirantes região Bahia, assessor de intercâmbio juvenil do Lions internacional e cônsul-geral honorário do Japão na Bahia.
Destacando-se em todas as áreas que atuou, Emilton meu grande e admirado amigo, a quem presto respeito sem reserva, tem sido homenageado e laureado pelos diversos organismos onde desenvolveu o seu trabalho. Na Odebrecht, foi distinguido com placas, diplomas e medalhas diversas. Foi distinguido com as amizades do velho Emílio, do doutor Norberto, do seu filho Emílio e, por certo, dos seus sucessores, com os quais aprendeu grande parte do que sabe. No escotismo, com as medalhas de bons serviços de bronze, prata, ouro e com a Cruz de São Jorge. No bandeirantismo, com a medalha excepcionais serviços prestados ao movimento. Um orgia de condecorações de fazer inveja a qualquer outro medalhado.


Mas, o que me surpreende nesse homem de porte rijo, elegante, de delicadeza ímpar, é sua extensa e fecunda produção cultural. Na seara musical compôs músicas inesquecíveis: Doce Maracangalha, Quero em teu seio adormecer, Porongo, Frauléin, Sumé, Kenia, em homenagem a Baden Powell, e tantas outras inclusive Eu sou Bororó, dedicada a Levi Strauss, reunidas em um CD. Suas letras revelam seu espírito lúdico e a atenção que dedica ao nosso folclore, às nossas lendas. Na canção Sumé, fala da passagem imaginária do apóstolo São Tomé por nossas plagas de forma espirituosa e alegre.
No campo literário, escreveu deliciosas peças teatrais: As comadres de... Wilson, Fulô Rosa e dona coisa de Oliveira, Os dez passos da lei, endereçadas à juventude de nossa terra.
Enfim, ele é um multifário.

3 comentários:

  1. UM EDUCADOR, UM PESSOA CULTA, SE TEM POUQUÍSSIMO RECONHECIMENTO DA SOCIEDADE E COMO SE ESTIVESSE FAZENDO TRABALHO DE BASTIDOR,NO ESCOTISMO TEM FEITO UM BRILHANTE TRABALHO E LHE TENHO UMA GRANDE ESTIMA E ADMIRAÇÃO

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  2. Conheço, fui escoteiro do Grupo Luiz Tarquínio quando ele foi Chefe, tenho o maior respeito e consideração pelo querido Chefe Rosa.

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  3. Conheco chefe rosa muito bem tive o prazer de trabalhar ao lado dele, aprendi muito com ele tenho o maior apreco e respeito por Dr Emiltom Moreira Rosa.

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