Campo Grande – Salvador
JOÃO FERNANDES DA CUNHA
Por Zenaide Fernandes da
Cunha Almeida
João Fernandes da Cunha,
nascido em 21 de maio de 1921, é homenageado in memoriam por pertencer ao grupo
de homens que não deixou este mundo sem a marca de sua presença e da sua
generosidade para com os outros, além da sua efetiva participação na vida social,
cultural, religiosa e acadêmica no seio da comunidade soteropolitana.
Nascido homem simples na
Fazenda Tapera, no Vale do Rio Salitre, lá viveu até os cinco anos de idade com
os seus pais, tendo ido morar com a sua família na sede do município de Juazeiro
– Bahia em 1926.
De inteligência brilhante e
memória privilegiada, logo começou a se destacar como criança predestinada a
grandes feitos e realizações. Na escola fundamental aprendia português,
matemática, história e geografia com tamanha facilidade, que empolgava seu
mestre Aristóteles Piva de Carvalho e professores.
Aos 16 anos já demonstrava
amadurecimento, sensatez, capacidade de liderança e competência na arte de
ensinar, o que revela mais uma vez a sua precocidade.
Tornou-se professor de seus
colegas e, posteriormente, passou a diretor da própria escola onde estudava, o
Colégio 11 de Junho de propriedade do Monsenhor Antonio Costa Rego, em
Juazeiro.
Foi orador oficial da
Sociedade Apolo Juazeirense, ainda muito jovem, e escrevia para os jornais “O
Farol” e “O Arauto” suas primeiras poesias e crônicas, vindo a ocupar o cargo
de chefe da redação.
Aos 19 anos, vislumbrando a
necessidade de progredir social, cultural e economicamente, mudou-se para
Salvador, por ser a capital do Estado e com melhores oportunidades de
trabalho, que lhe assegurassem o esteio econômico para se casar e trazer
para Salvador seus pais e irmãos, o que veio a acontecer em seguida.
Em 1940 fez o concurso para
o Banco do Brasil, vindo a integrar o quadro de funcionários de carreira da
referida instituição, até a sua aposentadoria.
Pela sua determinação,
obstinação e gosto pelos estudos, conseguiu formar-se em três graduações de
nível superior: Ciências Contábeis em 1945 pela Faculdade de Ciências
Econômicas da Bahia, sendo orador da turma; em 1952 integrou a turma pioneira
de formandos em Jornalismo e Comunicação da Faculdade de Filosofia da
Universidade Federal da Bahia, sendo orador ao Paraninfo, Prof. Clemente
Mariani. No mesmo ano, de forma incansável, também se formou em Ciências
Econômicas pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da
Bahia, sendo aluno laureado e, mais uma vez, orador da turma.
Durante trinta anos
trabalhou no Banco do Brasil, onde galgou os postos mais altos de comando.
Devido a sua competência e credibilidade, foi convidado a organizar, estruturar
e implantar dois outros bancos. Primeiramente, o Banco do Nordeste do Brasil,
onde atuou entre 1954 a 1958, ocupando inclusive o posto de Gerente Geral para os
estados da Bahia, Minas Gerais e Sergipe.
Em seguida, criou o Banco
do Fomento do Estado da Bahia, que depois foi transformado em Banco do Estado
da Bahia – BANEB. Permaneceu na instituição no período de 1954 a 1964, durante
10 anos consecutivos, inicialmente como organizador e depois, diretor.
Dividia o trabalho nas
instituições bancárias com o ensino. Ministrava cursos para concursos diversos,
tendo participado de diversos seminários, conferências, congressos,
mesas-redondas.
Ingressou na Universidade
Federal da Bahia – UFBA em maio de 1955, como professor assistente na Faculdade
de Ciências Econômicas, a convite da congregação. Posteriormente, foi alçado ao
cargo de professor adjunto, exercendo a chefia dos seus departamentos e a
coordenação, alternativamente, dos cursos de Economia e o de Ciências
Contábeis.
Durante mais de trinta anos
dedicou-se com zelo à atividade de Professor, sempre regendo cátedras de
diferentes disciplinas. Participou ativamente da implantação da Reforma
Universitária acontecida entre as décadas de 1970 / 1980, quando elaborou os
novos currículos dos cursos para as Faculdades de Economia e Ciências Contábeis
da UFBA, adaptando-os às novas necessidades.
Estudioso permanente das
Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e de toda a variada legislação
universitária, recebeu como reconhecimento a outorga de vários títulos
importantes, dentre outros a saber:
O
educador João Fernandes da Cunha: predestinado a grandes realizações
Professor Emérito da
Universidade Federal da Bahia – 1993; Professor Emérito da Faculdade Católica
de Ciências Econômicas da Bahia – 1994; Membro da Academia Brasileira de
Ciências Econômicas, Políticas e Sociais, titular da cadeira n° 38 – 1992;
Cidadão da Cidade do Salvador e detentor da Medalha Thomé de Souza concedida
pela Câmara Municipal de Salvador – 1990; Vice-Presidente e depois Presidente
do Conselho Regional de Economia da V Região (Bahia) de 1973 a 1976;Membro
titular e depois membro emérito da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris,
desde 1974 (cadeira n° 5), tendo exercido as funções de Presidente, Diretor
Financeiro e Diretor da Revista; Membro fundador, titular e Presidente de Honra
da Academia de Cultura da Bahia; Membro titular da Academia Baiana de Educação,
tendo sido agraciado com o título de “Educador do Ano 2005”; pelos relevantes
serviços prestados como Professor e Educador durante mais de três décadas,
recebeu insigne homenagem provinda da Prefeitura Municipal do Salvador, através
do Prefeito Dr. João Henrique Barradas Carneiro, em 27 de julho de 2005, com a
inserção do seu nome à Escola Municipal do Parque São Cristóvão Professor João
Fernandes da Cunha; Membro Benemérito da Academia de Letras e Artes do
Salvador; Membro correspondente da Academia Juazeirense de Letras; Membro
fundador, benemérito, Presidente de Honra e atualmente elevado a Patrono do
Grupo de Ação Cultural da Bahia; Membro Honorário da Federação das Academias de
Letras e Artes da Bahia; Ex-Orador Oficial e 2° Secretário do Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia e membro do mesmo a partir de 1944;
Ex-Presidente e Secretário Geral e Membro titular da cadeira n° 2 do Instituto
Genealógico da Bahia, desde 1972.
Homem de Fé, dedicou-se às
Irmandades da Santa Casa de Misericórdia da Bahia; Irmandade do Santíssimo
Sacramento Nossa Senhora da Conceição da Praia; Devoto do Senhor Bom Jesus do
Bomfim.
Trabalhos
publicados:
- Município de Juazeiro –
Ba. Aspectos históricos e geográficos, editado em 1950.
- Memória Histórica de
Juazeiro, editado em 1978.
- Genealogia, Vida e Obra
de Wanderley de Pinho, editado em 1984.
- Palavras de Amor a
Juazeiro, editado em 1999.
- Ação na Universidade,
editado em 1999.
- Poemas de Minha Fé,
editado em 2006.
- Conferências, discursos e
artigos em quantidade numerosa, nos diversos órgãos e entidades de que
participou ou que dirigiu e publicados em Revistas e Jornais, especialmente no
Jornal A Tarde.
E, finalmente... A
FUNDAÇÃO!
A instituição foi fundada
em 21 de maio de 1992!
"Esta
é uma Casa onde se cultua um raro e profundo sentido de Fraternidade.
Se toda
a vida de João Fernandes da Cunha esteve sempre pautada no amor à família, aos
jovens estudantes através da educação, aos amigos, aos nobres ideais de servir
à pátria, à fraternidade e solidariedade cristã; se esteve sempre pautada em
princípios de caráter, honradez, retidão, seriedade e justiça para com o
próximo, a FUNDAÇÃO JOÃO FERNANDES DA CUNHA nasce como consequência dessa
oblação de amor do seu Instituidor à sociedade baiana.
Amante dos livros e do
ensino, João Fernandes da Cunha decidiu investir na cultura como forma de
ajudar a promover o ser humano a alcançar os seus objetivos como ele próprio
definiu:
"Minha vida, desde a
juventude, tem decorrido entre
livros, professores, estudantes e cristãos. É natural, portanto, que a minha consciência esteja
sempre voltada para Deus e para a promoção cultural dos meus semelhantes.”
Admirando e rememorando a
João Fernandes da Cunha
Se é verdade que ninguém ama
Sem admirar
Confesso que não sei
O que mais apreciar:
Se a sensatez ou o equilíbrio,
Se a inteligência ou a retidão,
Se a bondade ou a fé,
Se a elegância ou a finura de trato,
Se a memória ou a aguçada percepção,
Se a caligrafia ou a facilidade de lidar com números,
Se o espírito empreendedor do economista ou a sensibilidade do poeta,
Se o desprendimento ou a paixão pela família,
Atributos todos de um grande pai-amor
Chamado JOÃO.
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