quarta-feira, 4 de março de 2015

RUI FACÓ

 À visão expressa aqui nos artigos sobre ele se seguira a minha, oportunamente, que revelará a sua estada na Bahia onde se formou em direito, morando em nossa casa.
   LCFACÓ

Cangaceiros e fanáticos

Luis Sergio Santos

"Enquanto em face de todo um sistema de exploração e opressão, entre as diferentes reações das massas rurais despossuídas, o cangaço é desde o início um elemento ativo, o misticismo surge como um elemento passivo."
RUI FACÓ em CANGACEIROS E FANÁTICOS

Sou professor do Curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará, e estou escrevendo a biografia do escritor cearense Rui Facó, com o título provisório de Rui Facó, o homem e sua missão.
O objetivo é resgatar a história do autor de Cangaceiros e fanáticos, sua formação, os laços de família, o engajamento político, a militância, o compromisso social, a obra, a morte. O livro deverá ser publicado em janeiro de 2004: a pesquisa está em pleno andamento, ao mesmo tempo em que escrevo a obra.
O trabalho tem a seguinte estrutura: Introdução, Ensaio biográfico (com vários capítulos), Memória iconográfica, Fac-símiles e Anexos (textos dispersos de Rui Facó publicados em jornais e revistas, depoimentos, textos de terceiros sobre a obra de Rui, incluindo uma resenha de Astrojildo Pereira quando do lançamento de Cangaceiros e fanáticos).

Acima, Paulo Motta Lima, Astrogildo Pereira, Graciliano Ramos, Aydano do Couto Ferraz, Rui Facó, Dalcício Jurandir e Álvaro Moreyra na redação da Tribuna Popular, jornal do Partido Comunista. Rio de Janeiro, 1945.


O volume deverá ter em torno de 350 páginas, e a pesquisa de campo, com entrevistas e recolhimento de material e coleta de dados em Beberibe (CE), Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
O jornalista e escritor Rui Facó nasceu em 4 de outubro de 1913, na cidade de Beberibe, no Ceará. Filiado ao Partido Comunista Brasileiro, além de artigos e reportagens sempre tendo o povo como tema, Cangaceiros e fanáticos é obra póstuma, lançada em 1963, um clássico no assunto. Mas foi em fins de 1958 que escreveu seu primeiro artigo sobre Canudos: "A guerra camponesa de Canudos". Morreu no dia 15 de março de 1963, aos 50 anos, num desastre de avião no Rio de Janeiro. Era viúvo e deixou apenas um filho, Paulo, então estudante de Direito.


Em 1902, em Os sertões, Euclides da Cunha, neto empobrecido de um comerciante de escravos, aprofundaria as teses racistas sobre os fatos de Canudos, enriquecendo-os com critérios deterministas geográficos e climáticos. Por décadas, esses delírios racistas e elitistas foram moeda corrente no Brasil. A seguir, sobretudo com estudos como o de Rui Facó, passaram a ser tidos apenas como registro dos preconceitos da época. Enquanto Euclides da Cunha apresentava os aspectos geográficos e raciais de Canudos, Rui Facó examinou aspectos sociais, sob uma interpretação viva de "esquerda".
Rui Facó é digno representante e defensor do povo brasileiro. Para ele, a mistura das raças constitui um fio único na formação do povo brasileiro, na sua maneira de ser e na perspectiva do futuro.
Informações para Omni Editora Associados Ltda. df@fortalnet.com.br
Fonte: Observatório da Imprensa
Importante intelectual orgânico, que sempre esteve ao lado dos trabalhadores, como ligação de classe: Rui Facó. Construiu formulações para entender o Brasil no século XX, utilizando-se do referencial marxista para explicar a ação dos trabalhadores, as lutas sociais e a sociedade brasileira. A obra de Rui Facó foi elaborada a partir do arcabouço e da tradição marxista, centrada nos estudos sobre a formação social brasileira, a partir das categorias povo, nação e lutas sociais. O seu cabedal interpretativo está centrado no rigor historiográfico e no aprofundamento da análise política.

No início dos anos 30, entrou para o Partido Comunista.

Durante a segunda metade dos anos 30, ele foi encarcerado pela polícia getulista em virtude de sua intensa atividade política e intelectual. Com o fim da segunda guerra, Rui Facó se mudou para o Rio de Janeiro, começando a trabalhar na redação do jornal A Classe Operária.

Em 1952, vai morar na URSS, trabalhando na Rádio Moscou, onde teve uma intensa “atividade literária e jornalística”.

De volta ao Brasil em 1958, Rui Facó avançou para desenvolver as bases de suas formulações mais sistemáticas, e aprofundou uma intensa e qualificada intervenção no debate jornalístico em curso, até 1963.

Intelectual orgânico e militante político, o historiador Rui Facó dedicou os últimos cinco anos da sua vida (1958-1963) ao exercício da contra-hegemonia ideológico e política, exercendo o papel de jornalista. Foi nessa condição que fez a sua última viagem e lutou a sua última batalha. Morreu no dia 15 de março de 1963 em um desastre aéreo na Bolívia, antes mesmo de completar 50 anos, numa viagem pela América Latina como correspondente do jornal Novos Rumos.

Fonte: texto de Milton Pinheiro, professor de Ciência Política da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), 
colunista do jornal Brasil de Fato.
texto completo em http://www.vermelho.org.br/noticia/181797-11

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