É a casa
de ópera do Brasil, e considerada a melhor de toda América Latina.
Teatro Municipal de
São Paulo é um dos mais importantes teatros da cidade e
um dos cartões postais da capital paulista, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do
mundo, e claramente inspirado na Ópera de Paris, como pela sua
importância histórica, por ter sido o palco
da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil.
O teatro
foi construído para atender o desejo da elite paulista da época, que
queria que a cidade estivesse à altura dos grandes centros culturais da época,
assim como promover a ópera e o concerto. Abriga atualmente
a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, Orquestra Experimental
de Repertório, Coral Lírico, o Coral Paulistano e o Ballet
da cidade de São Paulo. O edifício faz
parte do Patrimônio Histórico do estado desde 1981, quando foi
tombado pelo Condephaat.
Cartão
postal do início do século XX, mostrando o Teatro Municipal.
O gosto
pela música erudita já havia sido formado por influência da Corte, tendo
grande impulso durante reinado do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz
Teresa Cristina. Vários teatros foram construídos ao longo da costa brasileira
e interior do Brasil. Na cidade de São Paulo, pequenos teatros cumpriam a
tarefa da recepção de companhias internacionais que se apresentavam em teatros
como o Teatro Provisório Nacional, Teatro
Politeama, Teatro Minerva, Teatro Apolo, assim como o melhor deles
o Teatro São José.
Inicia-se no ano de 1895, as discussões sobre
a construção de um teatro especificamente para ópera com um projeto enviado
para a Câmara Municipal que tramita sem sucesso. Em 1898,
o Teatro São José foi destruído por um incêndio; a Câmara
Municipal lança incentivo para o empreendimento da construção do novo
teatro, mediante a isenção de impostos. O empreendimento será efetuado quando a
concessão para isenção de impostos é estabelecida em 50 anos, neste momento,
o Escritório Técnico de Ramos de Azevedo apresenta a proposta de
construção. Outra proposta já havia sido apresentada por Cláudio
Rossi ao primeiro prefeito Antônio Prado que faz a aproximação
entre o Escritório Técnico de Ramos de Azevedo.
O Teatro
Municipal de São Paulo, a principal casa de ópera do país.
O local escolhido para a construção foi o Morro do
Chá, que já abrigava o Novo Teatro São José. Com o projeto de Cláudio
Rossi, desenhos de Domiziano Rossi e construção pelo Escritório
Técnico de Ramos de Azevedo, as obras foram iniciadas em 1903 e
Escadaria principal
finalizadas em 1911. O estilo arquitetônico é o eclético, em voga na Europa desde a
segunda metade do século XIX. São combinados os estilos Renascentista, Barroco do
setecentos e Art Nouveau, sendo o último o estilo da época. A
inauguração estava marcada para o dia 11 de setembro, mas devido ao atraso na
chegada dos cenários da companhia Titta Ruffo, em São Paulo,
pois vinham de turnê pela Argentina, foi adiada para 12 de setembro. Houve uma
grande aglomeração de pessoas no entorno do teatro, muitas admiradas pela
iluminação com energia elétrica vinda de seu interior e pelo entorno. A noite foi iniciada com o trecho da obra
“O Guarani”, de Carlos Gomes, devido à pressão da crítica paulistana.
Seguiu-se depois a encenação da ópera “Hamlet”, de Ambroise Thomas, com o
barítono Titta Ruffo no papel principal. A companhia apresentou
outras óperas durante a primeira temporada.
Vista
Interior da Sala principal.
No período
de 1912 a 1926, o teatro apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo
dezessete italianos, dez franceses, oito brasileiros, quatro alemães e
dois russos, totalizando 270 espetáculos. Mas o fato mais marcante do
teatro no período e talvez em toda a sua existência não fosse uma ópera e
sim um evento que assustaria e indignaria grande parte dos paulistanos na
época: a Semana de Arte
Moderna de 1922.
Cartaz anunciando
o último dia da Semana de Arte Moderna
De 11 a 18 de fevereiro, o Teatro
Municipal sediou um evento modernista que veio a ser conhecido como a Semana
de Arte Moderna de 1922. Durante aqueles sete dias de ebulição cultural ocorreu
uma exposição modernista e nas noites dos dias13, 15 e 17 aconteceram
apresentações de música, poesia e palestras sobre a modernidade no
país e no mundo.
Vista interior
O
Modernismo pregava a ruptura de todo e qualquer valor artístico que existira
até o momento, propondo uma abordagem totalmente nova à pintura, à literatura,
à poesia e aos outros tipos de arte. A "Semana" contou
com nomes já consagrados, como Graça Aranha e outros, que se tornariam
futuros grandes expoentes do modernismo brasileiro. Participaram da
Semana Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita
Malfatti, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Di
Cavalcanti, Víctor Brecheret, Heitor Villa-Lobos, entre
outros. Tarsila do Amaral não participou da Semana, pois se
encontrava na Europa na ocasião e recebeu notícia da mesma através de cartas,
sobretudo de Anita Malfatti, amiga que a apresentaria, em meados de 1922, a
Menotti, Mário e Oswald. Essas cinco personalidades passaram a se frequentar e
se reunir a partir de então, passando a se autodenominar como o Grupo dos
Cinco, em que informações sobre a arte moderna eram trocadas, vivenciadas e
praticadas.
Com o passar dos anos, o teatro que havia sido
feito exclusivamente para a ópera, mostrou-se
capaz de abrigar outros eventos artísticos, como, além da Semana de Arte
Moderna, performances de bailarinas como Anna Pavlova e Isadora
Duncan.
Nas décadas seguintes, sua opulência foi
desaparecendo devido a outras construções nos arredores que acompanhavam o
crescimento de São Paulo, como, por exemplo, o Edifício do Banespa, além
da queda de público. Na década de
50 acontece a primeira grande reforma, de 1952 a 1955, durante a
gestão do prefeito Jânio da Silva Quadros. Esta reforma teve por objetivo
a entrega do Teatro para as comemorações do Quarto Centenário da cidade de
São Paulo, mas por atraso nas obras, a reinauguração só aconteceu em 1955.
A Sala de Espetáculos teve suas ordens demolidas e reconstruídas; a retirada
dos camarotes de proscênio para dar lugar ao órgão; os ornamentos e
mobiliário foram refeitos pelo Liceu de Artes e Ofícios; o vermelho
tornou-se a cor oficial da sala, bem como da tapeçaria e estofamento das
poltronas e cadeiras; houve ainda a instalação de elevadores e sistema de ar
condicionado. A instalação do órgão será realizada somente no ano de 1969, com
a construção pela empresa italiana G. Tamburini.
Quanto mais os anos passavam, apesar de ainda gozar
de grande respeito, o Teatro Municipal, com suas exibições, foi perdendo espaço
como centro de cultura para a população, que passou por diversas
transformações sociais e culturais durante todo o século. Assim, as
apresentações do teatro ficaram voltadas apenas para um público muito seleto.
Vista da
escada central do Teatro em dia de apresentação.
Na década
de 1980, o teatro passou por uma segunda reforma, iniciada
na gestão do prefeito Jânio Quadros. Essa teve como intuito modernizar os
equipamentos e maquinários de palco, restaurar a fachada, e para isso buscou-se
tamanha fidelidade que a fachada foi restaurada com arenito vindo
da mesma mina que forneceu o material para a construção original do
prédio no início do século. Além disso, a cor verde foi restituída a partir da
prospecção realizada na parede interna que abriga o órgão, única a não ser
alterada na reforma dos anos 50. Todo o estofamento, tapeçaria e pintura da
sala passa ao verde. Esta reforma terminou em 1991 já sob a gestão
de Luísa Erundina.
Atualmente,
com mais de 100 anos, o Teatro Municipal de São Paulo é considerado um dos
palcos de maior respeito no país, assim como de toda a América latina, tendo
atualmente a maior e melhor produção operística de todo o continente, pode-se
também dizer, que é atualmente a melhor casa de ópera, em todo o hemisfério
sul, superando pela quantidade e qualidade de suas produções, todas as suas
concorrentes; e desde sua inauguração, portanto, tendo abrigado apresentações
dramáticas e óperas de grandes nomes internacionais e nacionais. Muitos dos
maiores baritones, tenores e sopranos pelos seus palcos passaram, encantando o
atento e culto publico paulistano, grande amante da Lírica, desde priscas eras,
pois sua primeira e ‘modesta', casa de ópera, foi criada já em meados dos
séculos, XVIII-XIX. Recentemente passou
por um novo restauro, mais exatamente em 2011, durante seu aniversário de 100 anos, e que foi feito nas fachadas,
Salão Nobre, além da reconstituição do Bar da Diana, mas também através da
restauração total das pinturas parietais e de teto e na volta das poltronas de cor
vermelha, devolvendo a este espaço as características da época da inauguração
em 1911.
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