Blog do jornalista
político Josias de Souza
Josias de Souza
é um jornalista brasileiro. Exerce o jornalismo desde 1984. Trabalha na Folha
de São Paulo desde 1985. Nesse período, ocupou diferentes funções - de repórter
a secretário de redação do jornal. Em 2005, era colunista da Folha. Wikipédia
“Na Brasília dos dias que correm a diferença
entre a normalidade e a anormalidade é que a primeira é muito mais comum. No
processo de escolha do advogado Luiz Edson Fachin para
ocupar a cadeira de Joaquim Barbosa no STF, Dilma Rousseff brindou o país com
duas notáveis anormalidades. Uma, já muito decantada, foi a demora. Outra, bem
menos abordada, foi a consulta feita ao presidente do Senado, Renan Calheiros.
Na conta mais favorável, a demora de
Dilma foi de oito meses e meio, quase o prazo de uma gravidez. Coisa nunca
antes vista na história desse país. O inusitado produziu cenas constrangedoras.
A omissão da presidente foi abominada em termos duríssimos, numa sessão do
Supremo, pelos dois ministros mais antigos da Corte, Celso de Mello (demora
“irrazoável e abusiva”) e Marco Aurélio Mello (atraso “nefasto”).
Tudo isso é desagradavelmente inusual.
Mas foi na consulta a Renan Calheiros que Dilma levou o absurdo às fronteiras
do paroxismo. O presidente do Senado, como se sabe, é protagonista de um
inquérito no Supremo. Investigam-no por suspeita de envolvimento na pilhagem da
Petrobras.
Ainda que o doutor Luiz Edson Fachin, o
escolhido de Dilma, não tenha que participar de um eventual julgamento de
Renan, não parece razoável que a suprema mandatária da República adote um
comportamento de tamanha submissão a um investigado. O diabo é que, na Brasília
atual, o anormal é tão comum que vai ganhando ares de doce normalidade.”
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