terça-feira, 21 de abril de 2015

UMA RECEITA DE DOCE DE LEITE MACIO PARA ENFRENTAR O CHORO PELO VITÓRIA

Por
Helô Sampaio


Curtindo o friozinho de arrepiar e a garoa paulistana com Ana, minha irmã, eu me sentia feliz por estar em casa do meu irmãozinho Paulo, que estava muito realizado com o lançamento, a aceitação e a repercussão do seu livro, A Desconstrução de um Sonho. Mas já pensava na volta para a Bahia, em sentir o sol ‘caliente’ da minha terrinha, ver o ‘marzão’ azul transparente, comer um abará, e enfim, voltar para o aconchego dos amigos... Saudade é um trem bom!
E finalmente embarcamos para a cidade do São Salvador da Bahia. Chegamos debaixo de um toró de dar gosto, de matar de inveja a qualquer Cantareira, com a água batendo no meio da canela. O Rio Vermelho desmoronava, soterrando o povo. E Ana ficou preocupada com a filhota Gianna, que não é boa de natação, mas é boa de volante. Ligamos e felizmente estava tudo bem com ela e com as ‘fofuras’ gêmeas, Nina e Lara. E assim Ana pode seguir tranquila para ir ‘nadar’ nas ondas do rio Cachoeira, em Itabuna.
Eu fiquei por aqui, me debatendo nas piscinas das ruas inundadas. Ah! Minha Salvador, cidade de Verão. Não pode ver água que se desmancha. Eu, como todo bom baiano, só saio de casa se não tiver outro jeito. ‘O-deio’ ficar em engarrafamento, vendo a água subir. Morro de medo. ‘Qualé’, ‘fio’, tá pensando que eu sou esta mulher toda? Sou, não, ‘nêgo’, a fortaleza é só aparência. Estar no meio da rua na chuvarada, me apavora. Já pensei até em alugar um caminhão para os dias de toró. Só falta isso pra completar a neura.
Mas nem tudo foi alagado somente pela água da chuva. Cheguei a tempo de assistir ao chororô da galera rubro-negra pela ‘trieliminação’, pela ‘triderrota’ para o ‘vovô’ Ceará. Que bateu no ‘Vicetória’ em 2013, 14 e 15. Ah! Fiquei furiosa. Não gosto que o nosso leãozinho vire saco de pancadas de um time qualquer, quanto mais do vovô cearense. Inda mais que já tinha perdido o Baiano para o Colo Colo de Ilhéus, meu primeiro time, que eu torcia quando adolescente. O Leãozinho só pode perder pro meu ‘Bahêa’. He-he!

O bom é que no outro dia, o meu tricolor de aço deu uma ‘coça’ em outro rubro-negro, o leão do Sport do ‘Ricifi’. Foi outro ‘chororô’. As más línguas logo disseram que ninguém podia passar no Largo Dois Leões, tantas foram as lágrimas dos dois felinos. Choravam e rugiam prometendo vingança. Ai, que medo!
Mas vamos deixar os gatinhos, digo, leõezinhos se consolando e ver como a minha terrinha é privilegiada: poucos momentos após os torós, abre um solzão maravilhoso, como se dissesse ‘fui ali, mas já voltei’. Aí, eu volto à alegria. Quem quiser que goste de chuva e de frio. Eu gosto mesmo é do calorzão, do sol quente, delicioso, acariciando a nossa pele. Morro de suor, mas fico feliz.
E já que estamos falando de coisas gostosas, vamos preparar este doce de leite macio, receita de minha amiga de infância, Mariluzia, que quando criança era conhecida como Bau de Pedro Bispo, que era seu pai. E também era conhecido como Pedro Bronca, pois já gostava de dar uma bronca quando nós, crianças pintonas, ou melhor, ‘crionças’, subíamos no pé de carambola que tinha no fundo da casa dele. Na hora que avisavam: Pedro Bispo tá chegando, era um tal de menino cair da árvore que nem carambola madura. ‘Crionça’ pra tudo que é lado. E a gente pulava sem medo da queda. O medo era de Pedro Bronca. E dona ‘Zefa’, mãe de Bau, fazia esse doce para a garotada se fartar, enquanto Pedro Bronca não chegava. Eh! Tempo bom demais, da minha Ibicaraí.

Doce de Leite Macio de Mariluzia
Ingredientes:
-- 1 lata de leite condensado (395g)
-- 1 xícara (chá) de açúcar
-- 1 xícara (chá) de leite
Modo de fazer:
-- Colocar em uma panela grossa o leite condensado, o açúcar e o leite.
-- Levar ao fogo, mexendo sempre, até cozinhar bem, ficar cremoso, engrossar e desgrudar do fundo da panela.
-- Retirar a panela do fogo.
-- Mexer rapidamente com uma colher até perder o brilho.
-- Untar uma bancada ou assadeira com manteiga.
-- Despejar o doce sobre a manteiga e ajeitar até formar um quadrado.
-- Cortar com a faca no formato desejado. O doce ainda estará morno.
-- Deixar esfriar e servir. Todos que provam dizem que é um manjar dos deuses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário