Nada como enfrentar o inóspito, e vencê-lo.
Groenlândia,
Groelândia ou Gronelândia (em gronelandês Kalaallit Nunaat, "nossa
terra"; em dinamarquês: Grønland, "terra verde") é
uma nação constituinte autônoma do Reino da Dinamarca, cujo território ocupa a ilha homónima,
considerada a maior do mundo, além de diversas ilhas vizinhas, ao largo
da costa nordeste da América do Norte. As suas
costas dão, a norte, para o oceano Glacial Ártico, a leste para o Mar
da Gronelândia, a leste e sul para o Oceano Atlântico e a oeste para
o mar do Labrador e baía de Baffin. A terra mais próxima é a
ilha Ellesmere, a mais setentrional das ilhas do Arquipélago Ártico
Canadiano, da qual está separada pelo estreito de Nares. Outros
territórios próximos são: no mesmo arquipélago canadiano, a oeste, a ilha
de Devon e a ilha de Baffin a sudeste a Islândia; a leste
a ilha de Jan Mayen e a nordeste o arquipélago de Esvalbarda,
ambos possessões da Noruega.
Em
tempos pré-históricos, a Gronelândia foi a residência de certo número de
culturas paleoesquimós. A partir de 984 d.C., foi colonizada
por noruegueses estabelecidos em dois assentamentos na costa oeste
sobre os fiordes perto da ponta sudoeste da ilha. Eles prosperaram
durante alguns séculos, mas, após quase quinhentos anos de habitação, desapareceram
por volta do século XV.
Os dados indicam que entre 800 e 1300 d.C. as
regiões em torno dos fiordes do sul da Gronelândia enfrentaram um clima
relativamente ameno semelhante ao de hoje. Árvores e plantas herbáceas cresciam
lá, com o clima inicialmente permitindo agricultura e criação de gado como na
Noruega. Estas comunidades remotas prosperaram na agricultura, caça e comércio
com a Noruega. Quando os reis noruegueses converteram seus domínios
ao cristianismo, um bispo foi instalado na Gronelândia,
subordinado à Arquidiocese de Nidaros (à época parte da Igreja Católica,
hoje parte da Igreja Luterana da Noruega). Os assentamentos parecem ter coexistido
relativamente pacificamente com os inuítes, que haviam migrado do sul do
Ártico para as ilhas da América do Norte por volta de 1200. Em 1261,
a Gronelândia tornou-se parte do Reino da Noruega.
Nuuk, Capital da Groelândia
Por volta dos séculos XIV e XV, os
assentamentos escandinavos desapareceram, provavelmente devido
à fome e conflitos crescentes com os inuítes. Outros motivos como
a erosão excessiva do solo, devido à destruição da vegetação natural
para a agricultura e a obtenção de relva e madeira e a
uma diminuição da temperatura durante a chamada Pequena Era
Glacial também favoreceram o desaparecimento dos assentamentos. A condição
dos ossos humanos encontrados por arqueólogos a partir
deste período indica que a população norueguesa era desnutrida.
Sugeriu-se que as práticas culturais, tais como a rejeição de peixes como
fonte de alimento e a utilização exclusiva de gado mal adaptado ao
clima da Gronelândia, poderiam ter causado a fome, e a degradação ambiental
levou finalmente ao abandono da colônia. Estudos deixaram claro, porém, que o
peixe era importante fonte de alimento para os noruegueses da Gronelândia desde
o início do século XIV.
Em 1500, o Rei D. Manuel I de
Portugal terá enviado Gaspar Corte-Real à descoberta de terras e
de uma "Passagem do Noroeste para a Ásia". Corte-real chegou à
Gronelândia pensando ser a Ásia, mas não desembarcou. Fez uma segunda viagem à
Gronelândia em 1501, com o seu irmão Miguel Corte-Real e três caravelas.
Encontrando o mar gelado, mudaram e rumo para Sul, chegando à terra que se
pensa ter sido Labrador e Terra Nova.
Dinamarca-Noruega reafirmou a sua reivindicação
latente para a colônia em 1721. Após as Guerras Napoleônicas, separou-se a
Noruega da Dinamarca por exigência do congresso de Viena, através daquele
que ficou conhecido como tratado de Kiel (1814). A Noruega uniu-se
então à Suécia, situação que perduraria até 1905. A Dinamarca manteve as
colônias da Islândia, ilhas Feroé e Gronelândia. Governou também a Índia
Dinamarquesa (Tranquebar) de 1620 a 1869, a Costa do Ouro
dinamarquesa (Gana) de 1658 a 1850 e as Índias Ocidentais Dinamarquesas (as ilhas
Virgens Americanas) de 1671 a 1917.
Durante
a Segunda Guerra Mundial, a ligação entre Gronelândia e Dinamarca foi
interrompida em 9 de abril de 1940, por ocasião da ocupação da
Dinamarca pelos nazistas. A Gronelândia foi capaz de comprar
mercadorias provenientes dos Estados Unidos e do Canadá, através da
venda de criolito da mina de Ivigtût. Durante a guerra o
sistema de governo mudou. O governador Eske Brun governou a ilha através de uma
lei de 1925 que permitia a governadores assumir o controle sob circunstâncias
extremas. O outro governador, Aksel Svane, foi transferido para os Estados
Unidos, para liderar uma comissão de abastecimento da Gronelândia. O Sirius
Patrol, guardando a costa nordeste da Gronelândia usando trenós puxados por
cachorros, detectou e destruiu várias estações meteorológicas alemãs, dando à
Dinamarca uma posição melhor no tumulto pós-guerra.
A
Gronelândia foi uma sociedade protegida e muito isolada até 1940. O governo
dinamarquês, que governava a sua colônia, acreditava que a sociedade iria
enfrentar exploração do mundo exterior ou até mesmo extinção se o país fosse
aberto. Porém, durante a II Guerra Mundial, a Gronelândia desenvolveu um senso
de autoconfiança através do seu autogoverno e comunicação independente com o
mundo exterior.
Entretanto, uma comissão em 1946 (com o maior
conselho Gronelandês, Landsrådet, como participante) recomendou paciência e
nenhuma reforma radical do sistema. Dois anos mais tarde o primeiro passo em
direção à mudança de governo foi dado, quando uma grande comissão foi fundada.
Em 1950 o relatório (G-50) foi apresentado. Gronelândia deveria ser uma afluente sociedade moderna com o país
Dinamarquês como patrono e exemplo. Em 1953, a Gronelândia foi feita parte do
Reino dinamarquês. A autonomia foi concedida em 1979.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a
Gronelândia se separou de fato, tanto social como economicamente, da Dinamarca,
aproximando-se mais dos Estados Unidos e Canadá. Depois da
guerra, o controle da ilha voltou à Dinamarca, retirando-se seu status
colonial, e, apesar da Gronelândia
continuar sendo parte do Reino da Dinamarca, é autônoma desde 1979. A ilha
é o único território que deixou a União Europeia, se bem que possua
o status de estado associado.
Costa
sudeste da Gronelândia.
A Gronelândia é uma região autónoma dinamarquesa
que ocupa a ilha do mesmo nome e ilhas adjacentes, ao largo da costa nordeste
da América do Norte.
As costas gronelandesas dão, a norte, para o Oceano
Glacial Ártico, a leste para o Mar da Gronelândia, a leste e sul para
o Oceano Atlântico e a oeste para o Mar do Labrador e Baía
de Baffin. A terra mais próxima é a ilha Ellesmere, a mais setentrional das
ilhas do Arquipélago Ártico Canadiano, da qual está separada pelo Estreito
de Nares. Outros territórios próximos são: no mesmo arquipélago do Canadá, a
oeste, a Ilha de Devon e a Ilha de Baffin; a sueste, a Islândia; a leste, a
ilha de Jan Mayen, e a nordeste o arquipélago de Spitzbergen, ambos possessões
da Noruega.
A
Gronelândia é a maior ilha do mundo e tem mais de 44 000 km de linha
de costa. A população é escassa, confinada a pequenos povoados na costa. A ilha
tem a segunda maior reserva de gelo do mundo, apenas ultrapassada pela Antártida.
A vegetação é em geral esparsa, com uma pequena
zona de floresta no município de Nanortalik no extremo sul, perto do Cabo
Farewell.
O clima é ártico a subártico com
verões frescos e invernos muito frios. O território é geralmente pouco
montanhoso, existindo uma camada de gelo de declive gradual que cobre quase toda
a ilha. A costa é maioritariamente rochosa e com falésias. O ponto de menor
altitude é o nível do mar e o mais alto é o Gunnbjørn (3700 m). O
extremo norte da ilha é o cabo Morris Jesup, descoberto pelo Almirante
Robert Peary em 1909.
Mãe e filho
inuítes (c. 1901).
A
Gronelândia tem uma população de 57 564 (2008), dos quais 88%
são inuit ou mestiços de dinamarqueses e inuit. Os 12%
restantes são de origem europeia, principalmente dinamarqueses. A maioria da população é luterana.
Quase todos os groenlandeses vivem ao
longo de fiordes, no sudoeste da ilha principal, que possuem um clima
relativamente ameno.
A principal religião é o cristianismo,
praticado por 96,6% dos habitantes. O luteranismo é a maior
denominação cristã praticada no território. 2,2% da população constituem-se por
não religiosos, enquanto as religiões étnicas e outras religiões constituem
0,7% e 0,5% da população, respetivamente.
O livro bíblico do Novo
Testamento foi traduzido para o gronelandês de 1766 a 1893.
A primeira tradução da Bíblia inteira foi concluída em 1900. Uma
nova tradução foi concluída em 2000.
Os habitantes da Gronelândia foram cristianizados pelos
missionários noruegueses e dinamarqueses entre os séculos XVII e XIX.
Ainda há missionários cristãos lá, principalmente dos movimentos carismáticos.
Tanto o gronelandês quanto o dinamarquês foram
utilizados em assuntos públicos desde o estabelecimento do governo autônomo
em 1979, e a maioria da população fala ambas as línguas. O gronelandês,
falado por cerca de 50 000 pessoas, algumas das quais são monolíngues,
tornou-se a única língua oficial em junho de 2009. Uma minoria
dinamarquesa de migrantes sem ancestrais inuit falam o dinamarquês como sua
primeira ou única língua, e o dinamarquês, que previamente era uma das línguas
oficiais, permanecerá como uma língua de educação mais alta. O Inglês é
vastamente falado como um terceiro idioma. A Groenlândia tem 100% de taxa de alfabetismo.
O
gronelandês é a língua mais popular da família de línguas
esquimo-aleútes e possui mais falantes que todas as outras línguas da
família juntas. Dentro da Gronelândia, três principais dialetos
são reconhecidos: o dialeto do norte Inuktun ou Avanersuarmiutut falado
por cerca de 1000 pessoas na região de Qaanaaq, o gronelandês ocidental ou
Kalaallisut que serve de padrão à língua oficial, e o dialeto do leste Tunumiit
oraasiat ou Tunumiutut falado na parte oriental da
Gronelândia.
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