Arquitetura/museu
Uma das mais belas construções da
Itália, quiçá do mundo. Abriga o Museu Ducal de Veneza
O Palácio Ducal (em italiano: Palazzo
Ducale), também conhecido como Palácio
do Doge, é um símbolo da cidade de Veneza e uma obra-prima do gótico
veneziano. Surge na área monumental da Piazza San Marco, entre a Piazzetta e
o Molo.
O palácio
atual foi construído entre 1309 e 1424. Giovanni Bon e Bartolomeo
Bon criaram a chamada Porta della Carta, um
monumental portão em estilo gótico tardio na Piazzetta, ao lado do
palácio.
Antiga sede do Doge de Veneza e da magistratura
veneziana, seguiu-lhes a história, dos alvores à queda, e é hoje sede do Museo
di Palazzo Ducale e faz parte da Fondazione Musei Civici di
Venezia.
Canaletto:
catedral, Palácio Ducal, piazza, piazzetta e biblioteca
em finais do século XVIII.
A edificação do palácio iniciou-se,
presumivelmente, no século IX, depois da transferência da sede ducal
de Malamocco para a moderna Veneza, definitivamente sancionada
em 812, durante o ducado de Angelo Partecipazio.
Da instalação original, talvez erguida seguindo o
modelo do Palácio de Diocleciano em Espalato, nada sobrevive atualmente:
em 828, com a chegada dos restos mortais de São Marcos, foi instalada
ao lado a primitiva basílica marciana; em 864, os rebeldes
responsáveis pelo assassinato do doge Pietro Tradonico sofreram aqui
um longo cerco; por fim, em 976, o doge Pietro IV Candiano e o
seu filho e co-regente encontraram a morte durante uma revolta a que se seguiu
um furioso incêndio que destruiria todo o palácio e grande parte da cidade.
Seguiu-se a reconstrução começada por Pietro I
Orseolo (976-979), um núcleo fortificado constituído por um corpo central
e por torres angulares, circundado por água, cujos traços ainda se percebem na
disposição do andar loggiado.
Imagem do
pátio do Palácio Ducal com vista da Scala dei Giganti.
O complexo sofreu uma primeira grande
reestruturação, que transformou a fortaleza original num elegante palácio
privado de fortificações, no século XIII durante o ducado de Sebastiano
Ziani. Uma nova ampliação foi realizada entre finais desse mesmo século e os
primeiros anos do século XIV, para servir às novas exigências do estado
republicano que se seguiram à Serrata del Maggior Consiglio (Exclusão
do Conselho Maior), cuja sala foi ampliada.
Acervo do museu
Em 1310 foi reprimida uma tentativa de
assalto ao palácio no decorrer da conspiração guiada por Bajamonte
Tiepolo.
A partir de 1340, sob o ducado de Bartolomeo
Gradenigo, o palácio começou uma radical transformação em direção à forma atual.
Em1404 foi terminada a fachada voltada para o molhe, em 1423 foram
começados os trabalhos no lado virado para a piazzetta e para
a basílica, em 1439 também se iniciaram os trabalhos para a Porta
della Carta, segundo projeto dos arquitetos Giovanni e Bartolomeo
Bon(autores da Ca' d'Oro). Todo o conjunto das obras, realizadas durante o
longo ducado de Francesco Foscari, foi terminado em 1443.
Depois do grande incêndio de 1483 foi
reedificada a parte interior, ou seja, a do lado do rio di Palazzo (Rio
do Palácio) que termina com a Ponte della Paglia (Ponte da
Palha), com trabalhos que prosseguiram até 1492, e a construção da Scala
dei Giganti (Escada dos Gigantes).
No dia 11 de Maio de 1574, um
incêndio destruiu algumas salas de representação do andar nobre. Decidida
imediatamente a reconstrução, a direção técnica e executiva foi confiada
a Antonio da Ponte, apoiado por Andrea Palladio e Gianantonio
Rusconi. Como resultado, é difícil a individualização de intervenções no projeto
atribuíveis à sua mão; os estudiosos tentaram igualmente reconhecer-lhe a
matriz nas portas interiores, em particular naquela que da Sala
dell’Anticollegio conduz à Sala delle Quattro Porte, assim
como as portas presentes nesta última, e nas chaminés das salas do del
Collegio e dell’Anticollegio. A presença de Palladio no
Palácio Ducal está documentada, apenas, entre 1577 e 1578, para
o restauro do edifício danificado por um segundo grave incêndio (20 de
Dezembro de1577), no qual se perderam importantes ciclos pictóricos.
Também, neste caso, as hipóteses duma sua proposta concreta deixam dúvidas
entre os críticos.
A Ponte dos
Suspiros e o Palácio Ducal.
Entre 1575 e 1580, Ticiano e Paolo
Veronese foram, por sua vez, chamados a decorar os interiores do palácio e
a sua obra acabou por inserir-se na reconstrução das salas da ala meridional
após o incêndio de 20 de Dezembro de 1577.
No início do século XVII, foram acrescentadas
as chamadas Prigioni Nuove (Prisões Novas), na outra margem do
rio, por obra do arquiteto Antonio Contin. Este novo corpo, sede dos Signori della Notte (Senhores
da Noite), magistrados encarregados de prevenir e reprimir crimes penais, foi
ligado ao palácio através da Ponte dei Sospiri (Ponte dos
Suspiros), percurso dos condenados trazidos do palácio, sede dos tribunais,
para as prisões.
Depois da queda da República de Veneza, cujo
fim foi decretado na sessão do Maggior Consiglio (Conselho
Maior) de 12 de Maio de 1797, o palácio não foi mais utilizado
como sede do príncipe e da magistratura, mas foi utilizado como sede de
gabinetes administrativos do Império Napoleónico e do Império
Austríaco. As prisões, denominadas Piombi, conservaram as suas
funções e foram objeto das escritas de Silvio Pellico. Com a anexação de
Veneza ao Reino de Itália, o palácio foi submetido a extensos restauros e
em 1923 foi destinado a museu, função que desempenha até à atualidade.
Fachada
esculpida em mármore no interior do pátio.
O Palácio foi a residência do Doge de
Veneza e contém os escritórios de várias instituições políticas,
organizados ao redor de um pátio central. O primeiro andar foi ocupado por
escritórios de advocacia, a Chancelaria, os Censores e o Escritório Naval. No
segundo andar estavam a Grande Câmara do Conselho, a Câmara de Votação e os
apartamentos do Doge. O terceiro piso apresenta a Sala del
Collegio, adornada com pinturas, incluindo as de vários Doges e a do Lepanto,
de Paolo Veronese, onde os embaixadores estrangeiros eram recebidos. Há
salas usadas por corpos governamentais e também uma Câmara Bussola,
onde os cidadãos podiam submeter as suas reclamações.
Talvez a sala mais espetacular seja a Câmara do
Grande Conselho ou Sala del Maggior Consiglio, originalmente a sala
de reuniões da legislatura. A sala é ladeada por pinturas de antigos Doges e o
enorme Paraíso, de Tintoretto, considerada a maior pintura do
mundo em tela.
Outra grande sala é a Sala dello Scrutinio,
com outras pinturas de Doges e o quadro Batalha de Lepanto, de
Andrea Vicentino. Na parte traseira do palácio está a Ponte dos Suspiros,
anexa à prisão.
Além disso, podemos observar no Palácio a
"Escada de Ouro", projetada por Jacopo Sansovino, um famoso arquiteto
e escultor do Renascimento Italiano.
O Palácio Ducal desenvolve-se em três alas em torno
dum amplo pátio central arcado, sendo o quarto lado constituido pelo corpo
lateral da Basílica de São Marcos, antiga capela palatina.
Vista do
Palácio Ducal com as duas fachadas principais, uma voltada ao mol e
a outra à piazzetta.
As duas fachadas principais do palácio, em
estilo gótico veneziano, voltadas para a piazzetta e para
o mol, desenvolvem-se em dois níveis colunados encimados por um
poderoso corpo em mármore esculpido aberto por grandes janelas ovais, com monumental
balcão central, e coroado com pináculos.
Balcão da
fachada voltada ao molo.
As airosas loggias com colunas e
arcos ogivais perfurados, delimitadas por balaustradas, são suportadas
pelo pórtico no piso térreo, que deve o atual aspecto rebaixado às sucessivas
obras de elevação do pavimento para combater a secular subida do nível marinho,
o que conferiu um aspecto mais sólido às colunas encimadas por capitéis finamente
esculpidos.
Acervo do museu
Na parte mais antiga, voltada para o molhe,
encontram-se capitéis do século XIV, enquanto as esculturas angulares são atribuídas
a Filippo Calendario ou a artistas lombardos como Raverti ou Bregno e
representam, na esquina virada para a Ponte della Paglia, o Rafael e
Tobias e a Embriaguez de Noé, enquanto no lado da piazzetta se
encontram o Arcanjo Miguel e Adão e Eva. O balcão
central é de Pier Paolo Dalle Masegne e o coroamento, reconstruído
em 1579, depois do terramoto de 1511, com a colocação da Justiça,
é de Alessandro Vittoria: a estátua de São Jorge é obra
de Giovanni Battista Pellegrini e as outras estátuas
representam São Teodoro, as Virtudes Cardinais, São
Marcos Evangelista, São Pedro e São Paulo.
Na direcção da piazzetta, na décima terceira
coluna da loggia, destaca-se a Justiça no trono,
enquanto na esquina virada para a Porta della Carta está
o Juízo de Salomão e o Arcanjo Gabriel, atribuídos
a Bartolomeo Bon.
Galeria de
fotos do Palácio Ducal:
Vista do
pátio do Palácio Ducal.
Execução de
Francesco Foscari na Scala dei Giganti, numa pintura de Hayez.
A loggia numa
pintura de Hayez.
Sala del
Collegio, por Francesco
Guardi.
Poço com
muro ornamental em bronze
Porta della Carta
Detalhe
da Porta della Carta
Detalhe
da loggia voltada para a piazzeta
Vista parcial das fachadas do Palácio Ducal e da Basílica de São Marcos
Adão e Eva,
escultura numa esquina do palácio.
Fachada do
Palácio Ducal, com a Porta della Carta à esquerda
Ponte della Paglia
Esquina do
Palácio Ducal e coluna com o Leão de São Marcos.
Fontes
Wikipédia e
Erich Hubala: Reclams Kunstführer Italien, Bd. II,1,
Venedig, Brenta- Villen, Chioggia, Murano, Torcello, Baudenkmäler und Museen,
hrsg. v. Manfred Wundram, zweite Auflage, Stuttgart 1974, p. 43
Giulio Lorenzetti: Venezia e il suo estuario, guida storico-
artística, Padova Erredici, 2002, p. 239
Wolfgang Wolters: Der Bilderschmuck des Dogenpalastes,
Wiesbaden 1963.
Erich Egg, Erich Hubala, Peter Tigler: Reclam Kunstführer.
Südtirol, Trentino, Venezia Giulia, Friaul, Veneto. Kunstdenkmäler und Museen,
(Bd. 2/ II) (Gebundene Ausgabe, 1981). ISBN 3-15-010007-0
Thorsten Droste: Venedig. DuMont Kunst-Reiseführer,
Ostfildern, April 2005, ISBN 3-7701-6068-1
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