Publicado em comportamento por Eduardo Lima Cabral,
em obviusmagazine
Eduardo tentou, mas não conseguiu produzir uma
biografia que não fosse clichê. Tentando fugir dos rótulos que acabavam por se
apropriar de cada nova teclada para se apresentar, a ausência de uma biografia
sincera e que - na teoria, descreveria quem ele realmente é, acabou por se
tornar sua provisória solução.
Eu
sei, a imagem confunde. Também sei que a conchinha vem, geralmente, logo depois
do sexo e, fugindo das pseudo sabedorias do autor, este não é o tipo de artigo
extenso, é um parágrafo que resume de forma direta e reta aquilo que mais
sentimos nesta atualidade líquida, onde o que nos assusta não é o sexo, a cama,
a posição ou qualquer tara, mas a intimidade de pegar no sono falando tudo
aquilo que não deve, como alguém que bebe, se abrindo intensamente, numa época
que vale mais e se sai melhor, todo aquele que mente; linhas que valem a
leitura:
Quando digo que o prazer da conchinha tem superado o prazer do sexo, eis
que surgem sempre duas ou três indagações de quem me cerca, Se não são as
mulheres que estou saindo, se não estou louco, ou se a carência é doentia ao
ponto de eu estar tento alucinações e começando a falar besteiras, num resumo
do que dizem: redundâncias. Quando falo isso, perante mulheres, pode parecer
algum tipo de autopromoção, como aquele roteirinho de falar que o pior defeito
é ser fiel demais e etc, ou então, diante dos outros, que sou puritano e cama
foi feita para dormir. Nada disso. É que hoje em dia tem sido mais fácil,
prático e rápido, adotar medidas imediatistas, sejam estas a partir de
aplicativos, rápidas mensagens ou a boa e velha casualidade - que tem lá seu
ótimo valor. O problema é que são medidas paliativas, gozar de uma noite suada
de uma intensa companhia que não se sabe o nome ao certo é fantástico - mesmo,
mas fazer disso uma rotina, acredite, é vazio. Aprendi a cultivar pessoas em
níveis de intimidade diferentes, remanejei e reciclei muito o meu círculo
social e, consequentemente, a forma como lido e me ligo emocionalmente com
outras pessoas. Coloquei grandes amigos no lugar de conhecidos, conhecidos como
amigos, amigos como grandes parceiros, amigas como parceiras absurdas de se
ouvir e trocar e família em primeiro plano. Não acredito que isto seja reflexo
da idade, se não, diante da nossa preconceituosa sociedade, eu teria de ser bem
mais velho e estar digitando isso com uma enorme fonte e certa dificuldade de
achar as letras para compor tudo o que penso. O fato do sexo ser superado pela
conchinha é o simbolismo da troca de cheiros, do encaixe, do sentir e
entrelaçar os pés, de colocar a perna sobre o corpo dela, ou sentir a perna
dela sobre o meu. É o de conversar na cama, de luz apagada, por horas, até
dormir e, mesmo tendo iniciado a tentativa de sono bem cedo, dizer boa noite já
ouvindo pássaros do lado de fora. Sexo por sexo, vulgarizou-se, e de novo, não
no sentido puritano, mas é o mais fácil de se ter, não precisa ter intimidade,
basta vontade e, pronto, você se ajeita, agora, intimidade, isso aí já exige
construção e a conchinha é você dormir num porto, confortável, confiável, sem
suspeita ou qualquer sensação que não seja a de que, apesar dessa imensidão de
gente perdida, que se esbarram, não se olham, se tocam, saem, se relacionam e
sofrem, você, agora, provavelmente tem alguém.
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