Por
Joaci
Góes
Salta
aos olhos dos analistas da cena mundial que todos os grandes problemas que
afligem o Brasil derivam de nosso deficiente e desigual sistema educacional.
Enquanto não compreendermos que só teremos uma democracia verdadeiramente digna
desse nome quando formos capazes de dar acesso a uma educação de alto nível às
populações mais pobres, continuaremos a sofrer as nefastas consequências da
brutal desigualdade de oportunidades reinante, geradora do quadro de apartheid
social que nos caracteriza. A sociedade excessivamente desigual que construímos
no Brasil é o resultado da má qualidade de nosso ensino público, vítima, não
raro, de uma combinação nefasta entre incompetência, corrupção, populismo e
primarismo ideológico.
A
Nação acompanha estarrecida a declaração do governo de reconhecer a
impossibilidade de financiar centenas de milhares de estudantes universitários,
em consequência das medidas de contenção de gastos impostas pela crise que
avassala o País. Quem sabe calcular reconhece que bastaria uma fração do
buraco aberto nas contas da Petrobrás, pelo consórcio formado pela corrupção e
pela incompetência, para que esses jovens não tivessem retardado ou
interrompido seus sonhos de conquistar um grau universitário.
Admitindo-se
que o financiamento requerido seja, em média, de mil reais por aluno - e
poderia ser a metade se houvesse gestão de qualidade -, com três bilhões e
seiscentos milhões de reais, por ano, todos seriam atendidos em sua legítima
aspiração. Comparem-se essas cifras com os oitenta bilhões surrupiados da
Petrobrás, pela corrupção e pela incompetência! Observe-se, por oportuno, que
não se trata de investimento a fundo perdido, mas simples financiamento a ser
pago depois da conquista do grau universitário.
Na
sociedade do conhecimento em que estamos inelutavelmente imersos, a conquista
de um grau universitário, por si mesma, não assegura a ninguém acesso ao pleno
bem-estar da cidadania, mas dá os instrumentos para competir sem as
desvantagens que comprometem o futuro dos destituídos desse patamar mínimo de
saber.
Adicione-se
tudo isso à falta de critérios inteligentes na definição dos financiamentos,
quando colocamos no mesmo plano os alunos que desejam cursar Direito e
Administração, por exemplo, áreas em que já estamos mais do que atendidos, e
àqueloutros que querem cursar Medicina e as engenharias de que tanto
necessitamos.
O que causa natural revolta na população é saber que bastaria a supressão de um
ou dois dos trinta e nove ministérios existentes no Brasil - a maioria criada,
exclusivamente, para servir de pedágio pelo apoio de partidos da base -, para
que este trágico corte na educação não se efetivasse.
O
BNDES é um banco mantido com recursos do Tesouro e foi criado para financiar projetos
estruturantes do desenvolvimento nacional. Como nada há que seja tão
estruturante do desenvolvimento como uma educação de qualidade, bastaria uma
pequena fração das centenas de bilhões desviados de sua finalidade original
para financiar com dinheiro barato o caixa dos “amigos”, para que, também, por
essa via, tivéssemos poupado o País do constrangimento de assistir a um corte
que fere fundo a alma de cada brasileiro consciente.
Quebraram
a Petrobrás, quebraram a Eletrobrás, desviaram o BNDES de suas verdadeiras
atribuições, e agora rebaixam, ainda mais, o já precário nível da educação
brasileira. Nenhum país faz isso impunemente!
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