Por
Joaci
Góes
O sociólogo
americano Wright Mills, em seu conhecido livro a Elite do poder, concluiu que
as democracias não elegem, necessariamente, os melhores, mas os que melhor se
identificam com as aspirações populares, através dos seus discursos. Daí,
portanto, a oferecer-se o céu na terra dista apenas um passo. Em outras
palavras: o negócio é dizer o que as pessoas gostam de ouvir. Nada, porém, que
invalide a afirmação de Winston Churchill, segundo a qual a democracia, mesmo
sendo um péssimo regime, é o melhor que se conhece.
O fenômeno
da prevalência do gogó, na escolha dos dirigentes, não é novo, tanto que a
palavra de origem grega, demagogo, formada por demo, de povo, e gogo, de falar,
significa falar ao povo, ou, por aproximação, saber falar ao povo.
Os
políticos inescrupulosos, como ninguém, costumam levar à perfeição o ofício de
mentir, descaradamente, desde que esse seja o caminho eficaz para conquistar o
poder. Quanto mais subdesenvolvido o povo, sobretudo, intelectualmente, maior o
risco que corre de cair nas garras de gente despreparada, de formação
latrinária, resultando, frequentemente, em tempestuosos fracassos, pela trágica
combinação entre incompetência e corrupção.
Não
obstante as abissais diferenças históricas entre a Grécia e o Brasil, esses
dois países, hoje, se irmanam na aflição comum que infelicita os seus povos,
que defrontam um futuro carregado de incertezas, vítimas que têm sido de grupos
políticos motivados por projetos de poder que nada têm a ver com os genuínos
interesses populares. O resultado é o que se vê: de um lado, a Grécia, que já
não é mais do que a sombra do berço da civilização ocidental, com o pé no
abismo da mendicância social, política e econômica, do outro, o Brasil vendo
virar pó suas mais que viáveis e legítimas aspirações recentes de vir a
consolidar-se como um dos mais importantes atores da cena internacional
contemporânea. Ambos os países vitimados pela boçalidade de uma ideologia dita
bolivariana que ofende a memória do herói venezuelano que, com tal invocação,
estremece no seu túmulo bicentenário.
Quando
assistimos a destruição dos maiores símbolos do desenvolvimento nacional, como
a Petrobrás, a Eletrobrás, o BNDES, e tantos outros, tragados pela mais
desarada rapinagem, ficamos a pensar quanto pior não teria sido, não fora a
corajosa e necessária iniciativa do Presidente Fernando Henrique Cardoso, ao
lançar um vigoroso programa de privatização de empresas estatais, foco
histórico de desvios de conduta de maus servidores públicos, fato solar
ignorado pela patuleia ignara que se deixa ilaquear pelo discurso populista e
irresponsável de políticos anéticos e despreparados. Caso contrário, o saque
contra o Erário teria sido ainda maior. Tenho confiança em que possa viver o
suficiente para testemunhar o Estado afastado de toda e qualquer atividade que
possa ser desempenhada pelo setor privado.
O
estertorante clamor dos governistas contra uma suposta tentativa de golpe, em
curso, para derrubar Dilma, não passa de uma manobra pobremente diversionista,
para minimizar o gigantismo da crise.
As
oposições não querem a queda de Dilma. Quem a quer é Lula, para jogar no colo
da oposição o desgaste das medidas impopulares que precisam ser implementadas
para restaurar os fundamentos da economia brasileira e a confiança
internacional, enquanto ele, de palanque, ficaria mesmerizando os eleitores,
como seu único salvador.
Temos que
fazer desta crise uma ocasião imperdível para implantarmos o parlamentarismo, o
mais estável meio de governar os povos.
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