sábado, 11 de julho de 2015

A DESGRAÇA DO POPULISMO

 
Por
Joaci Góes

O sociólogo americano Wright Mills, em seu conhecido livro a Elite do poder, concluiu que as democracias não elegem, necessariamente, os melhores, mas os que melhor se identificam com as aspirações populares, através dos seus discursos. Daí, portanto, a oferecer-se o céu na terra dista apenas um passo. Em outras palavras: o negócio é dizer o que as pessoas gostam de ouvir. Nada, porém, que invalide a afirmação de Winston Churchill, segundo a qual a democracia, mesmo sendo um péssimo regime, é o melhor que se conhece.
O fenômeno da prevalência do gogó, na escolha dos dirigentes, não é novo, tanto que a palavra de origem grega, demagogo, formada por demo, de povo, e gogo, de falar, significa falar ao povo, ou, por aproximação, saber falar ao povo.
Os políticos inescrupulosos, como ninguém, costumam levar à perfeição o ofício de mentir, descaradamente, desde que esse seja o caminho eficaz para conquistar o poder. Quanto mais subdesenvolvido o povo, sobretudo, intelectualmente, maior o risco que corre de cair nas garras de gente despreparada, de formação latrinária, resultando, frequentemente, em tempestuosos fracassos, pela trágica combinação entre incompetência e corrupção.

Não obstante as abissais diferenças históricas entre a Grécia e o Brasil, esses dois países, hoje, se irmanam na aflição comum que infelicita os seus povos, que defrontam um futuro carregado de incertezas, vítimas que têm sido de grupos políticos motivados por projetos de poder que nada têm a ver com os genuínos interesses populares. O resultado é o que se vê: de um lado, a Grécia, que já não é mais do que a sombra do berço da civilização ocidental, com o pé no abismo da mendicância social, política e econômica, do outro, o Brasil vendo virar pó suas mais que viáveis e legítimas aspirações recentes de vir a consolidar-se como um dos mais importantes atores da cena internacional contemporânea. Ambos os países vitimados pela boçalidade de uma ideologia dita bolivariana que ofende a memória do herói venezuelano que, com tal invocação, estremece no seu túmulo bicentenário.
Quando assistimos a destruição dos maiores símbolos do desenvolvimento nacional, como a Petrobrás, a Eletrobrás, o BNDES, e tantos outros, tragados pela mais desarada rapinagem, ficamos a pensar quanto pior não teria sido, não fora a corajosa e necessária iniciativa do Presidente Fernando Henrique Cardoso, ao lançar um vigoroso programa de privatização de empresas estatais, foco histórico de desvios de conduta de maus servidores públicos, fato solar ignorado pela patuleia ignara que se deixa ilaquear pelo discurso populista e irresponsável de políticos anéticos e despreparados. Caso contrário, o saque contra o Erário teria sido ainda maior. Tenho confiança em que possa viver o suficiente para testemunhar o Estado afastado de toda e qualquer atividade que possa ser desempenhada pelo setor privado.
O estertorante clamor dos governistas contra uma suposta tentativa de golpe, em curso, para derrubar Dilma, não passa de uma manobra pobremente diversionista, para minimizar o gigantismo da crise.
As oposições não querem a queda de Dilma. Quem a quer é Lula, para jogar no colo da oposição o desgaste das medidas impopulares que precisam ser implementadas para restaurar os fundamentos da economia brasileira e a confiança internacional, enquanto ele, de palanque, ficaria mesmerizando os eleitores, como seu único salvador.
Temos que fazer desta crise uma ocasião imperdível para implantarmos o parlamentarismo, o mais estável meio de governar os povos.

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