Música clássica
Sua
juventude prognosticou talento musical imperecível
Georges Bizet, nascido Alexandre
César Léopold Bizet, (Paris, 25
de outubro de 1838 — Bougival, 3 de junho de 1875)
foi um compositor
francês, principalmente de óperas.
Numa curta carreira devido à sua prematura morte, ele atingiu poucos sucessos
antes do seu trabalho final, Carmen, que viria a se tornar uma das mais
populares e frequentemente interpretadas óperas no repertório operístico.
Ópera Carmen
Durante uma brilhante carreira como estudante no Conservatório de Paris, Bizet venceu
muitas competições, incluindo o prestigiado Prix
de Roma em 1857. Ele foi reconhecido como um excelente pianista, embora ele optou
por não aproveitar essa habilidade e raramente tocava em público. Retornando a
Paris, após quase três anos na Itália, ele
descobriu que os principais teatros de ópera parisiense preferiam o repertório
clássico, estabelecido pelas obras recém-compostas. Suas composições
orquestrais e para piano foram igualmente ignoradas, como resultado, sua
carreira paralisou e ele ganhava a vida organizando e transcrevendo a música
dos outros. Deu partida a muitos projetos teatrais durante a década de 1860, a
maioria dos quais foram abandonadas. Duas óperas suas dominaram os palcos - Les pêcheurs de perles e La jolie fille de Perth - foram
sucessos imediatos.
Após a Guerra Franco-Prussiana de 1870 até 1871, onde Bizet serviu na
Guarda Nacional, ele teve pequenos sucessos com a ópera em um ato Djamileh e
uma suíte orquestral derivada de sua música incidental tornou-se
instantaneamente popular, L'Arlésienne.
A produção da última ópera de Bizet, Carmen,
foi adiada por temor de que seus temas de traição e assassinato ofenderiam o
público. Após a première em 3 de março de 1875, Bizet foi convencido de que o
trabalho foi falho, ele morreu de ataque cardíaco três meses depois, sem saber
de que se tornaria um sucesso espetacular e duradouro.
O casamento de Bizet com Geneviève
Halévy foi intermitentemente feliz e produziu um filho. Após sua morte, seu
trabalho, exceto Carmen, foram geralmente negligenciados. Seus manuscritos
foram doados ou perdidos e versões de seus trabalhos foram frequentemente
revisados e adaptados por outras mãos.
Ele não fundou nenhuma escola e não deixou nenhum discípulo ou sucessor.
Após anos de negligência, os seus trabalhos começaram a ser interpretados com
mais frequência no século XX. Mais tarde, comentários aclamando o
compositor como brilhante e gênio começaram a surgir, dizendo que a morte
prematura foi uma perda significativa para o teatro musical francês.
Quando a ajuda financeira do Prix de
Rome expirou, Bizet logo notou que não poderia viver compondo música. Ele
aceitou alunos de piano e alguns alunos de composição, dois deles eram Edmon
Galabert e Paul Lacombe, que se tornaram amigos íntimos. Ele também
trabalhou como acompanhaste em ensaios e audições para várias óperas, incluindo
L'Enfance du Christ de Berlioz e Mireille de Charles Gounod.
Entretanto, seu trabalho principal nesse período foi um arranjo de outros trabalhos.
Ele fez transcrições para piano de
centenas de óperas e outras peças e preparou partituras para arranjos
orquestrais de todos os tipos de música. Ele também, brevemente, foi um
crítico musical para La Revue Nationale et Étrangère, sob o nome de
Gaston de Betzi, fazendo uma única contribuição, que apareceu dia 3 de agosto
de 1867.
Desde 1862 Bizet trabalhou intermitantemente em Ivan
IV, uma ópera baseada na vida de Ivan, O Terrível. Carvalho falhou ao
cumprir sua promessa de produzi-la, então em dezembro de 1865 Bizet ofereceu
para a Opéra, que rejeitou, o trabalho permaneceu sem ser apresentado até 1946.
Em julho de 1866, Bizet assinou outro contrato com Carvelho, para La
jolie fille de Perth, com libretto de J.H. Vernoy de Saint-Georges. Sir Walter
Scott descreveu que esse "foi o pior nome que Bizet levou aos
palcos". Problemas com o palco e outras questões atrasaram sua estreia por
um ano e foi finalmente encenada pelo Théâtre Lyrique em 26 de dezembro de
1867. A recepção pela imprensa foi mais favorável do que qualquer outra ópera
de Bizet, o crítico do Le Ménestral saudou o segundo ato como
sendo "uma obra-prima do começo ao fim". Mesmo com o sucesso da
ópera, apenas foram feitas 18 performances, por dificuldades financeiras do
Carvalho.
Enquanto La jolie fille estava
sendo ensaiada, Bizet trabalhou com três outros compositores, cada um
contribuíu com simples atos para uma operetta em quatro atos chamada Marlborough
s'en va-t-en guerre. Quando o trabalho foi interpretado no Théâtre de
l'Athénée no dia 13 de dezembro de 1867 foi logo um grande sucesso e o
crítico do Revue et Gazette Musicale deu atenção particular
para o ato de Bizet dizendo que "nada poderia ser mais estiloso, pequeno e
ao mesmo tempo notável". Bizet também arranjou tempo para terminar sua
sinfonia Roma e escreveu alguns trabalhos para teclados e canções. No entanto
esse período foi marcado com grandes decepções para o compositor e pelo menos
duas óperas foram abandonadas antes de serem concluídas. Entrou em diversas
competições, incluindo uma cantata e um hino compostos para a Exposição de
Paris de 1867 e ambas foram um fracasso. Em 28 de fevereiro de 1869, a
Sinfonia Roma foi apresentada no Cirque Napoléon, sob Jules Pasdeloup.
Geneviève
Bizet, pintada em 1878
Não muito depois da morte de Fromental Halévy em
1862, Bizet começou a se aproximar da viúva. Bizet completou a ópera inacabada
de Halévy, a ópera Noé. Embora não se tenha tomado nenhuma ação na época, Bizet
permaneceu em termos amigáveis com a família Halévy. Fromental havia deixado
duas filhas: a mais velha, Esther, morreu em 1864, em um evento muito
traumatizante para a viúva. E Halévy não podia tolerar a companhia de sua filha
mais nova, Geneviève, que aos 15 anos passou a viver com outros membros da
família. Não é claro quando que Bizet e Halévy tornaram-se ligados
emocionalmente, mas em outubro de 1867 ele informou a Galabert: "Eu conheci
uma menina adorável que eu amo! Em dois anos ela vai ser minha mulher!" O
casamento ocorreu no dia 3 de junho de 1869. Ludovic Halévy escreveu em seu
jornal: "Bizet tem espírito e talento. Ele terá sucesso".
Como uma homenagem tardia a Fromental, Bizet pegou
o manuscrito de Noé para completá-la. Parte do seu moribundo Vasco da
Gama e Ivan IV foram incorporados à partitura, mas um
projeto de produção no Théâtre Lyrique falhou, quando finalmente a companhia de
Carvalho abriu falência e Noé ficou sem performance até 1885.
O casamento de Bizet foi inicialmente feliz, mas foi afetado pela instabilidade
de Geneviève, pela difícil relação dela com sua mãe e pela interferência da
viúva no casamento dos dois. Mesmo assim Bizet mantinha uma boa relação com sua
madrasta e correspondiam-se sempre. No ano seguinte ao casamento, ele começou a
planejar doze novas óperas e começou a esboçar a música para duas delas: Clarissa
Harlowe baseado na novela Clarissa de Samuel
Richardson e Grisélidis com um libretto de Victorien
Sardou. Entretanto, seu progresso nos projetos parou em julho de 1870 com o
começo da Guerra Franco-Prussiana.
Após uma série de provocações da Prússia,
culminando na oferta da Coroa Espanhola para o Príncipe Prussiano, o
imperador francês Napolão III declarou guerra, em 15 de julho de
1870. Inicialmente essa declaração foi apoiada por um surto patriótico
fervoroso e de confiança na vitória. Bizet, junto com outros artistas e
compositores, entrou para a Guarda Nacional e começou a treinar. Ele disse que
era mais perigoso para si mesmo do que para os outros.
Em junho de 1871, a indicação de Bizet como maestro
do coro da Opéra foi aparentemente confirmado pelo diretor, Émile Perrin. Bizet
iria assumir seu posto em outubro, mas no dia 1 de novembro o posto foi
assumido por Hector Salomon. Bizet estava trabalhando em Clarissa
Harlowe e Grisélidis, mas os planos deles serem estagiados
no Opéra-Comique fracassaram e nenhum dos dois trabalhos ficou completo, apenas
alguns fragmentos das músicas sobreviveram. Outro trabalho de Bizet foi
completo em 1871: o dueto para piano intitulado Jeux d'enfants e
uma ópera em um ato, Djamileh, que foi estreada em Maio de 1872 no
Opéra-Comique, ela foi retirada de cartaz após 11 apresentações e não foi
encenada novamente até 1938. Em 10 de julho, Geneviève deu à luz o único filho
do casal: Jacques.
A maior tarefa de Bizet veio de Carvalho, que
estava comandando o Teatro Vaudeville de Paris, que queria uma música
incidental para tocar L'Arlésienne de Alphonse Daudet. Quando a peça foi
interpretada em 1 de outubro, a música foi considerada complexa para a cultura
popular. Entretanto, encorajado por Reyer e Jules Massenet, Bizet moldou um
quarto movimento para a música, que foi interpretado pela orquestra com
Pasdeloup em 10 de novembro, com uma recepção entusiasmada do público6 .
No inverno de 1872/1873, Bizet supervisionou os preparativos para reviver Roméo
et Juliette de Gounod no Opéra-Comique. A relação entre os dois foi
ótima durante anos, mas Bizet respondeu positivamente ao pedido do seu antigo
mentor: "Você foi o início da minha vida como artista".
Em junho de 1872 Bizet informou Galabert: "Eu
fui ordenado a compor uma ópera de três atos para a Opéra-Comique. Meilhac e
Halévy estão fazendo minha peça". O projeto escolhido foi a curta novela
Carmen de Prosper Mérimée. Bizet começou a música no verão de 1873, mas o
trabalho foi suspendido. Bizet começou a compor Don Rodrigue, uma
adaptação de El Cid, história de Louis Gallet e Édouard Blau. Ele tocou uma
versão para piano para uma seleta audiência que incluía Gabriel Fauré,
esperando que a aprovação de Fauré influenciasse os diretores da Opéra para
estagiar seu trabalho. Entretanto, na noite de 28/29 de outubro, a Opéra foi
queimada, os diretores em meio das preocupações, deixaram Don Rodrigue de lado.
Ela nunca foi completa, Bizet posteriormente adaptou um tema de seu ato final
como base da sua ouverture de 1875, Patrie .
Adolphe de Leuven, o codiretor da Opéra-Comique foi
o maior opositor ao projeto de Carmen, resignado no início de 1874,
removendo a maior barreira da produção do trabalho. Bizet terminou as
partituras durante o verão e ficou satisfeito com o resultado: "Eu tenho
escrito uma obra que é toda clara e viva, cheia de cor e melodia". A
renomada mezzo-soprano Célestine Galli-Marié (conhecida profissionalmente
como "Galli-Marié") estava engajada com o papel-título. De acordo com
Dean, ela ficou encantada com a sua parte. Haviam rumores de que o compositor e
a mezzo tiveram um breve caso amoroso; sua relação com Genieviève estavam
tensas naquele momento e viveram separados durante vários meses.
Quando os ensaios começaram em outubro de 1874, a
orquestra teve dificuldades com a partitura, encontrando partes que eram
impossíveis de serem tocadas71 . O coro declarou que algumas
músicas também eram impossíveis e ficaram consternados ao ter que agir individualmente
no palco, fumando e lutando, ao invés de ficarem em linha, como eram
acostumados. Bizet também teve que combater com as tentativas da companhia de
modificar algumas partes da ópera, pois consideravam-nas impróprias. Somente
quando os cantores líderes ameaçaram retirar-se da produção, que a gestão
começou a ceder72 73 . Resolvendo as questões,
a primeira noite atrasou um pouco, sendo feita em 3 de março de 1875
(coincidentemente na manhã em que Bizet foi apontado como um Cavaleiro da
Legião de Honra).
Entre as principais figuras do meio musical que
estavam na estreia estão Jules Massenet, Camille Saint-Saëns e Charles
Gounod. Geneviève, sofrendo de um abscesso em seu olho direito, não pode estar
presente. O desempenho da ópera no primeiro dia foi de quatro horas e meio, o
último ato não começou antes da meia noite. Em seguida, Massenet e Saint-Saëms
foram parabenizados, Gounod em menor escala. DE acordo com uma fonte, ele
acusou Bizet de plágio: "Georges me roubou!". A maior parte da
imprensa criticou a ópera, dizendo que a heroína era uma sedutora amoral, invés
de uma mulher de virtude. Outros queixaram-se da falta de melodia e fizeram
comparações desfavoráveis. Houve, no entanto, elogios do poeta Théodore de
Banville, que aplaudiu Bizet. A reação do público foi morna e Bizet logo
se convenceu do fracasso , "Eu prevejo um fracasso definitivo e sem
esperanças" .
Na maior parte de sua vida, Bizet sofreu de uma dor
de garganta recorrente. Um fumante pesado, ele pôde ter comprometido mais a sua
saúde em seu período de trabalho intenso na metade da década de 1860, quando
ele trabalhou nas transcrições para as editores, trabalhando até 16 horas por
dia. Em 1868 ele informou Galabert que ele tinha uma doença na traqueia:
"Eu sofri como um cachorro". Em 1871 e novamente em 1874, enquanto
completava Carmen, ele teve que se afastar do trabalho por ataques severos, que
ele descreveu como "angina na garganta" e sofreu mais um ataque no
final de março de 1875. Naquele tempo, deprimido pelo fracasso evidente de
Carmen, Bizet estava em uma lenta recuperação e adoeceu novamente em maio. No
fim daquele mês ele foi para Bougival em um feriado e, sentindo-se um pouco
melhor, foi nadar no Rio Sena. No dia seguinte, 1 de junho, ele começou a
sofrer de febre alta e dor, que foi seguido de um aparente ataque cardíaco. Ele
parecia estar se recuperando, mas no dia 3 de junho ele sofreu um segundo
ataque fatal .
A rapidez da morte de Bizet e a consciência de seu
estado depressivo mental, alimentou rumores de suicídio. Embora a causa exata
da sua morte nunca foi descoberta, os médicos descontavam teorias de suicídio e
eventualmente determinaram a morte como "uma complicação cardíaca de
reumatismo articular agudo". A notícia da morte surpreendeu todo o círculo
musical de Paris; como Galli-Marié ficou muito surpresa e triste, a ópera
Carmen não foi interpretada naquela noite, sendo substituída por La Dame
Blanche de François-Adrien Boieldieu.
No funeral, no dia 5 de junho, na igreja Église de
la Sainte-Trinité, mais de 4,000 pessoas estavam presentes. Adolphe Bizet
conduziu os enlutados, que incluíram Thomas, Gounod, Ludovic e Léon Halévy e
Massenet. Uma orquestra, sob Pasdeloup interpretaram Patrie e
o organista improvisou alguns temas de Carmen. No enterro, que se seguiu no
Cemitério Père Lachaise, Gounod o elogiou. Ele disse que Bizet foi derrubado
exatamente por estar se tornando reconhecido como um verdadeiro artista. Ao
fim, Gounod se emocionou e não conseguiu concluir. Depois de uma
apresentação especial de Carmen no Opéra, naquela
mesma noite, a imprensa que tinha condenado universalmente, declarou Bizet como
um mestre.
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