quarta-feira, 29 de julho de 2015

RYSZARD HOROWITZ O COMPOSITOR DE IMAGENS

Arte fotográfica

Rysard Horovitz



Um exímio compositor DE Fotográfico


Publicado em fotografia por João Roc
“Eu atravesso para o outro lado das memórias
Tentando conter a insuportabilidade,
Preciso de partículas de olhos vulcânicos 
E doses de bafo vertiginoso de horizonte.”


O nome “Auschwitz” será para sempre capaz de provocar no mínimo um grande desconforto para toda a humanidade e principalmente para quem por ventura sofreu e/ou sabe que seu país foi vítima ou protagonizou esta história de horror. Falando dos poloneses, o complexo de campos chamado de Auschwitz I, II e III tatuaram na alma polaca uma ferida que para alguns foi revestida em resiliente erupção criativa, entre eles, um dos pioneiros da arte digital do país e um dos mais jovens sobreviventes dos campos de concentração, Ryszard Horowitz.



Ryszard Horowitz. nasceu em 1939, no epicentro da invasão nazista na Polônia na Cracóvia. Sua família foi enviada para os campos mas resistiram e sobreviveram. Ryszard era uma criança na famosa lista de Oskar Schindler. Reconstruiu sua vida no país natal e se formou em arte na Academy of Fine Arts na capital polonesa.

As primeiras manifestações artísticas de Ryszard Horowitz já foram dadas antes dos quinze com a revolucionária câmera Exakta. O pintor e professor polaco Adam Hoffman é apontando como grande motor de influência para o início da disseminação da imagem do jovem Ryszard que também sonhava a princípio em ser pintor.



Em 1958, anos da guerra fria, o governo americano como parte de um programa de expansão da cultural para outros países, enviou alguns lendários músicos de jazz em excursão. Assim, foi chamada a "jazz diplomacy" que reuniu gênios como John Birks Gillespie, Duke Ellington, Louis Armstrong, Dave Brubeck. Entre os países visitados pela comitiva sonora americana, a Polônia, que recebeu o Dave Brubeck Quartet. Entre os jovens entusiastas polacos a receber os músicos estava o pretenso fotógrafo Ryszard Horowitz. Este seria o início da mítica carreira pioneira do fotógrafo e renderia ainda suas imagens no magnífico livro “All That Jazz”. O trabalho ganhou exposições nos EUA e Europa anos depois e rendeu amizades e reconhecimentos.



Apaixonado pela fotografia Avant-Gander americana, Ryszard Horowitz consegue desembarcar em NY em 1959 para estudar no importante Pratt Institute. Este - fundado por Charles Pratt em 1887 - para ser uma das melhores faculdades dos Estados Unidos. Chegando, Ryszard - tornou-se um dos pupilos do mestre russo Alexey Brodovitch. Alexey, um caso à parte. Uma das figuras mais emblemáticas do designe gráfico do século XX e responsável pela editoração da lendária revista de arte Harper's Bazaar.
Em menos de dez anos, Ryszard, abre sua própria agência comercial de fotografia e também torna-se, um dos fundadores da American Association of Advertising Photographers - APA.



A partir da década de setenta, Ryszard Horowitz começa a desenvolver suas próprias concepções fotográficas. Seu trabalho é apontando com pioneirismo em relação aos efeitos especiais muito antes da criação de programas de manipulação de imagem como o famoso Photoshop. O contato com o trabalho deste artista polaco pode causar uma falsa sensação de estarmos diante de uma fotografia à base de softwares e cliques. Não que estas não tenham seu valor, entretanto, ainda não seria um fato na obra de Horowitz.


Relutante em mergulhar sua arte como surrealista, Horowitz prefere buscar elementos anteriores a isto, como nas pinturas gregas e egípcias, como na literatura de Kafka e na pintura de Bosch. Os elementos deste artista ansiavam por algo que estava além da imagem, às significações ocultas, o jogo entre a múltipla realidade do pensamento e o trabalho artesanal em busca do novo, do absurdo, o absurdo fotográfico.



Alguns ousam até dizer que a criação de programas de modelagem de imagens nasceu em função da arte de Horowitz. Exageros de seus entusiastas. Todavia, o artista não abriu mão de trabalhar com os computadores quando estes já poderiam acompanhar sua imaginação abstrata. A verdade é que tudo não passa de uma grande ferramenta, uma matéria prima múltipla para este pioneiro dos efeitos oníricos da foto.


A fascinação em adentrar o universo da imagem de Ryszard Horowitz pode passar pela percepção que sua arte estava à frente de tudo que hoje convenientemente conhecemos como manipulação digital. Em seu laboratório, o polaco já esculpia compilações de imagens, retrabalhando sua estética e desenvolvendo as raízes da montagem, dos efeitos e com os pinceis feitos de luzes, trabalhava a Fotocomposição em sua vanguarda.


Ryszard Horowitz gosta de se definir como um compositor de imagens.


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