quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O SISTEMA DE EDUCAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS

O SISTEMA DE EDUCAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS




Colaboração de Fernando Alcoforado*



Este artigo foi elaborado com base em análise dos artigos O Sistema de Educação Americano disponível no website , Educação nos Estados Unidos disponível no website , Estrutura do sistema educativo nos Estados Unidos disponível no website , O ensino superior nos Estados Unidos disponível no website , Uma visão da estrutura do ensino superior dos Estados Unidos, passada e futura disponível no website e Leandro Tessler derruba alguns mitos sobre o ensino superior nos EUA disponível no website, bem como em observações do autor em visita aos Estados Unidos. O resultado desta pesquisa está apresentado nos próximos parágrafos.
No sistema de educação dos Estados Unidos, os estudantes cursam compulsoriamente as escolas primária e secundária, totalizando 12 anos de estudos. O ensino pré-escolar não é obrigatório nos Estados Unidos sendo grande parte das pré-escolas particulares. Por volta dos seis anos de idade, as crianças americanas começam a escola primária, que é chamada comumente de "elementary school". Passam cinco ou seis anos lá e, em seguida, começam a escola secundária que tem duas fases: a primeira é chamada de "middle school" que vai do 6º até o 8º e a "high school" que vai do 9º até o 12º ano. Ao terminar a “high school” (12º ano), o aluno recebe um diploma ou certificado e poderá ir para uma instituição de ensino superior. O ano letivo costuma iniciar em agosto ou setembro e vai até maio ou junho do ano seguinte.
Na "elementary school”, as disciplinas obrigatórias são a língua inglesa, matemática, estudos sociais, ciência, educação física, arte e leitura. Em alguns distritos escolares são adicionadas outras disciplinas. As matérias da "middle school" são passadas por professores especializados em cada matéria. O currículo escolar inclui: Língua inglesa (literatura, humanismo, composição, linguagem oral), Matemática (álgebra, geometria, pré-cálculo, estatística), ciência (biologia, química, física), Estudos Sociais (história, geografia, economia, etc.) e Educação Física. Uma língua estrangeira é obrigatória cuja escolha depende do estado. Alguns distritos também incluem a disciplina de saúde incluindo tópicos de anatomia, nutrição, primeiros socorros, sexualidade, drogas e controle da natalidade. As disciplinas eletivas incluem informática, atletismo, carreiras técnicas, arte e línguas.
Nos Estados Unidos, o sistema de educação nos níveis primário e secundário é bastante descentralizado dependendo essencialmente dos estados e das comunidades locais. Os estados e os distritos escolares locais mantêm o controle dos programas de ensino e dos métodos educativos; estando o governo dos Estados Unidos proibido pela lei federal de interferir nestas áreas. A partir do momento em que o estudante termina o “high school” pode seguir os estudos terciários: vocacionais e/ou técnicos (2 anos), profissionais e universitários (4 anos). Por sua vez, depois de completar estes níveis (exceto o técnico) 2 poderá frequentar estudos de pós-graduação: mestrado (1 ou 2 anos) e doutoramento (pelo menos 3 anos). Ao concluir o ciclo completo de estudos profissionais e/ou o doutoramento, pode seguir para um programa de pós-doutoramento (sem limite de tempo).
Ao terminar o “high school”, os estudantes norte-americanos podem cursar educação superior que é composta por faculdades e universidades. Os estudos universitários ou de "College"(faculdades) permitem obter o título de Bacharel "Bachelor's Degree". O título de Bacharel é conhecido como educação sub-graduada ("Undergraduate"). Os estudos posteriores a esse título são conhecidos como educação pós-graduada ("Postgraduate"). Os Estados Unidos é o país que é famoso por ter a maioria das melhores universidades do mundo. As universidades consistem em vários centros semiindependentes, incluindo um ou mais "Colleges" que oferecem programas em campos específicos: Química, História, Literatura, etc. Deste modo, a universidade concede ambos os títulos; o de Bacharel ("Bachelor") e o de Graduado ("Master"). A universidade oferece programas para pós-graduações em Artes, Ciências, Direito, Engenharia e outros. Para ingressar nas universidades exige-se testes que são realizados entre 6 e 7 vezes por ano. Algumas universidades também podem exigir histórico escolar e cartas de recomendação.
O ensino superior nos Estados Unidos, tanto público quanto privado, é pago. Mas o que os alunos pagam não cobre os custos. Apesar de não haver um sistema de educação nacional, o governo federal é a maior fonte de recursos das instituições. Nos Estados Unidos, o sistema de educação apresentava 4,5 mil escolas de ensino superior, 20,5 milhões de matrículas (no Brasil são 5,5 milhões), 3,2 milhões de diplomas concedidos, 1,5 milhão de professores e 3,8 milhões de funcionários (incluindo os docentes). Não há um ministério da educação para regular o ensino superior nos Estados Unidos, o que implica em um processo seletivo de estudantes igualmente desregulamentado. Cada universidade seleciona os alunos da maneira que julgar mais conveniente, com uma exceção determinada pela Suprema Corte, que proíbe sistemas de cotas ou bônus fixos por conta da raça – o que existe no Brasil, lá é ilegal.
Não há isonomia salarial para os professores, seja em instituições públicas ou privadas. Não se faz concursos e os salários são negociados, havendo alguns astronômicos. A crise econômica atual vem tendo efeitos pesadíssimos sobre o sistema de ensino superior dos Estados Unidos, havendo grande preocupação com sua perda de competitividade diante de países como Canadá, Coreia do Sul, Israel e vários da Europa. Alguns analistas acham que o sistema já se perdeu e está se degradando. Os salários estão congelados na maior parte das universidades, contrata-se menos, adiam-se investimentos em infraestrutura e aumenta-se o valor das mensalidades a serem pagas pelos alunos.
Um dos pontos fortes do vasto sistema de ensino superior dos Estados Unidos é a variedade e o número de “colleges” e universidades em um grau que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. A extensão do ensino superior além do modelo único da universidade foi um conceito chave que deu aos Estados Unidos o pioneirismo na ideia de educação superior de massa pública e privada, escolas de artes e “community colleges”, universidades intensivas em pesquisa, além de instituições regionais. O método pelo qual o sistema de ensino superior dos Estados Unidos se desenvolveu não é, no entanto, o resultado final de um esforço deliberado ou centralizado de criar talentos para mercados carentes de mão de obra, nem de busca e criação de novos 3 conhecimentos essenciais para a ciência e o desenvolvimento econômico. Pode-se dizer que os Estados Unidos obtiveram esses benefícios ao longo do tempo, e colheram mais de seus investimentos de longo prazo em ensino superior do que qualquer outro país do mundo. Foi o resultado de um caminho indireto de políticas que refletiram a cultura e a política norte-americanas nos últimos dois séculos, marcados por momentos importantes de investimentos do governo. Historicamente, o sistema de ensino superior norte-americano é um tremendo sucesso. Criou novas tecnologias, promoveu e atraiu talentos do mundo todo e fundamentalmente fez da economia dos Estados Unidos a maior e mais inovadora do mundo.
O ranking das universidades em todo o mundo realizado pelo THE (Times Higher Education) avalia o desempenho dos estudantes universitários e a produção acadêmica nas áreas de engenharia e tecnologia, artes e humanidades, ciências da vida, saúde, física e ciências sociais e considera ainda pesquisa, transferência de conhecimento e perspectiva internacional, além do ambiente de ensino. O THE mostra que os Estados Unidos continuam dominando o ranking mundial no ensino superior. A melhor universidade do mundo, Caltech, é norte-americana. Além disso, 77 das 200 melhores do mundo estão em solo dos Estados Unidos. Contraditoriamente, o ensino pré-universitário dos Estados Unidos é deficiente como demonstra o ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que busca medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade tanto de países industrializados membros da OCDE como de países parceiros. O ranking do Pisa mostra que os Estados Unidos se situam em 36º em Matemática, 24º em Leitura e 28º em Ciência (Ver o website ). Muito provavelmente, uma das causas da fragilidade do ensino médio nos Estados Unidos resida no fato de seus docentes terem baixos salários em relação a outras profissões, não haver plano de carreira e terem baixa autonomia no trabalho.


 * Fernando Alcoforado, 75, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015)

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