AntoIne WaTteau
Jean-Antoine
Watteau, mais conhecido por Antoine Watteau ou simplesmente Watteau, foi um
pintor francês do movimento rococó. Nasceu no centro da região de Hainaut, recém-incorporada
ao território francês pelas tropas de Luís XIV. Morreu aos 37 anos.
Gosta
de pensar que se não tivesse nascido, alguém a teria inventado.
Publicado por Carolina
Carmini
Antoine Watteau é um
símbolo do rococó francês - com seus quadros de cenas idílicas, ricas em
detalhes e atmosfera de cores claras. As obras do artista sugerem a ideia de
felicidade, mas há muito mais para além dessa superfície. Cada imagem revela um
Watteau que, além de dominar a técnica, possui uma fina crítica sobre a
sociedade e sobre a própria humanidade.
A perspectiva
Watteau nasceu em 1684. Aos dezoito anos
mudou-se para a Paris, onde constitui sua carreira. Realizou estudos de arte
religiosa e fez cópias de artistas holandeses de maneira autodidata. Foi só em
1704 que conheceu o artista Claude Gillot, com quem desenvolveu seus
conhecimentos e técnicas artísticas e com quem tomou contato com a commedia
dell’arte. O teatro foi inspiração constante, que usou como base para seus
quadros com personagens da comédia italiana e cenas do teatro tradicional.
O artista também realizou projetos de
decoração de interiores de palácios e cenários apropriados para as constantes
festas da nobreza francesa. Contudo, essa atividade não suficiente para o seu
gênio criativo. Suas pinturas passaram a trazer elementos de uma perspectiva da
vida na qual as privações e tristezas não têm lugar. Um cotidiano alegre, com
dias de piquenique em parques e vales, além das terras fantásticas aonde a
chuva nunca chega para arruinar o momento.
As delicias da
vida
Em Pierrot, uma das mais famosas
obras do artista, percebemos claramente uma das paixões de Watteau, a commedia
dell’arte. O modelo foi um ator desconhecido, que se encontra em pé. Seus
braços estão pendurados junto ao corpo em uma posição estática, seu rosto traz
uma aparente doçura e ingenuidade, enquanto seu olhar parece estar perdido e
envolto em melancolia. Sua roupa branca faz com que Pierrot destaque-se do
fundo repleto de folhas selvagens. Ainda no chão podemos observar outros
elementos da commedia dell’arte: o médico sobre o seu jumento, Leandro,
Isabella e o Capitão.
Outro elemento marcante no artista foi sua
paixão por Peter Paul Rubens, pintor flamenco famoso por pintar jovens mulheres
de sensualidade carnal, cenas mitológicas e retratos da corte. Sua influência
sobre Watteau é clara quando observamos suas mulheres e a escolha de cores.
O Embarque em Cítera foi a
pintura que levou Watteau a ser admitido pela Academia e a criar o termo “o
pintor das festas galantes”. A imagem mostra amantes vestidos para uma festa
que embarcam para a imaginária ilha de Cítera - a terra do amor, sob a estátua
da deusa Vênus. Uma floresta fechada e uma embarcação encoberta pela névoa
completam a cena, na qual os casais em devaneio preparam-se para retornar à
realidade.
Rapidamente, Watteau se consolidou como um
dos mais importantes artistas do período. Porém, suas obras nunca retrataram a
realeza. O artista se tornou um dos grandes nomes da arte francesa trabalhando
para aristocratas de menor prestígio.
Momentos de saraus musicais com belas damas e
jovens apaixonados, em um constante jogo de amor. As carnes palpitantes das
donzelas sob a mais pura seda, renda e finos tecidos que convidam os abraços e
os beijos dos jovens. O galanteio toma as imagens, remetendo as cenas de um
fino erotismo, como observamos na obra Os prazeres do amor. É a
ideia do camponês e de sua vida pacifica que é retomada, mas desta vez com uma
simplicidade elegante e requintada.
Suas cores luminosas e suaves são usadas para
reiterar as composições felizes que oferecem a nós, espectadores, imagens tão
agradáveis. O uso de tons pastel e decoração delicada, os gestos dos
personagens, as cenas idílicas, alegria comedida ou a tranquilidade poética que
transbordava suas telas.
Contudo, a obra de Watteau possui uma
dualidade: a alegria abre espaço para a melancolia. Seus quadros sempre trazem
uma felicidade almejada, mas impossível de ser alcançada no mundo real. O
elemento da natureza se faz presente em todas as obras, exerce o papel de
acolher os jovens, criando um mundo à parte onde a felicidade pode ser plena.
Seja no século XVIII ou XXI, a questão da eterna busca da felicidade se faz
presente e acaba por tornar Watteau tão atual.
Watteau ajudou a moldar o que hoje entendemos
por rococó. O estilo que refletia o gosto da aristocracia francesa. Mas o
irônico da situação é que a sua influência só chegou após sua morte, quando até
mesmo as vestimentas que pintou entraram na moda.
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