Literatura brasileira/poesia
1839 - 1860
Foi
um poeta brasileiro da segunda geração do romantismo.
Filho do fazendeiro português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma
fazendeira de Silva Jardim (na época, Capivary), viúva do primeiro
casamento. Com José Joaquim ela teve três filhos, embora nunca tenham sido
oficialmente casados. Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, em Casimiro de
Abreu, propriedade
herdada por sua mãe em decorrência da morte do seu primeiro marido, de quem não
teve filhos. Cassimiro talvez tenha sido o mais lido poeta brasileiro de todos
os tempos.
“A poesia de
Casimiro de Abreu afinou extraordinariamente com a média da sensibilidade dos
leitores brasileiros de poesia. Isso porque como bem observou Carlos Drummond
de Andrade, “está na tocante vulgaridade o seu encanto. Em sua poesia, tudo é
comum a todos. Nenhum sentimento nela se diferencia dos sentimentos gerais, que
visitam qualquer espécie do homem”. A par disso, era uma organização lírica,
forte a ponto de transmitir esses sentimentos comuns, que são em grosso os do
amor impossível, a recordação da terra natal, a saudade da infância. Sua própria
dição tem antecedentes, como seus temas. Mas, por sua própria facilidade e
pungência, fez-se talvez o mais lido de todos os poetas brasileiros.”
Em Poesia Romântica – Antologia
(Companhia de Melhoramentos de São Paulo, ed. 11/1965).
MINHA MÃE*
Oh! L’amour d’une
mère! – amour que nul n’noblie. V. Hugo.
Da pátria
Formosa distante e saudoso,
Chorando e
gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no
peito a imagem querida
Do mais
verdadeiro, do mais santo amor:
- Minha mãe!
–
Nas horas
caladas das noites de estio
Sentado
sozinho coa face na mão,
Eu choro e
soluço por que me chamava
- “Oh filho
querido do meu coração”!
- Minha mãe!
–
No berço,
pendente de ramos floridos,
Em que eu
menino feliz dormitava:
Quem é que
esse berço com todo cuidado
Cantando
cantigas alegres embalava?
- Minha mãe!
De noite,
alta noite, quando eu já dormia
Sonhando
esses sonhos dos anjos do céus,
Quem é que
meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da
guarda, qual sopro de Deus?
- Minha mãe!
–
Feliz o bom
filho que pode contente
Na casa
paterna de noite e de dia
Sentir as
carícias do anjo de amores,
Da estrela
brilhante que a vida nos guia!
- Uma mãe! –
Por isso eu
agora na terra do exílio,
Sentado
sozinho coa face na mão,
Suspiro o
soluço por quem me chamava:
- “Oh filho
querido do meu coração!” –
- Minha mãe!
–
* A poesia foi escrita em Lisboa, 1855 –
Cassimiro de Abreu.
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