terça-feira, 29 de setembro de 2015

CASIMIRO DE ABREU, MORTO AOS 21 ANOS

Literatura brasileira/poesia




1839 - 1860

Foi um poeta brasileiro da segunda geração do romantismo. Filho do fazendeiro português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de Silva Jardim (na época, Capivary), viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim ela teve três filhos, embora nunca tenham sido oficialmente casados. Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, em Casimiro de Abreu, propriedade herdada por sua mãe em decorrência da morte do seu primeiro marido, de quem não teve filhos. Cassimiro talvez tenha sido o mais lido poeta brasileiro de todos os tempos.



“A poesia de Casimiro de Abreu afinou extraordinariamente com a média da sensibilidade dos leitores brasileiros de poesia. Isso porque como bem observou Carlos Drummond de Andrade, “está na tocante vulgaridade o seu encanto. Em sua poesia, tudo é comum a todos. Nenhum sentimento nela se diferencia dos sentimentos gerais, que visitam qualquer espécie do homem”. A par disso, era uma organização lírica, forte a ponto de transmitir esses sentimentos comuns, que são em grosso os do amor impossível, a recordação da terra natal, a saudade da infância. Sua própria dição tem antecedentes, como seus temas. Mas, por sua própria facilidade e pungência, fez-se talvez o mais lido de todos os poetas brasileiros.”

Em Poesia Romântica – Antologia (Companhia de Melhoramentos de São Paulo, ed. 11/1965).

MINHA MÃE*
Oh! L’amour d’une mère! – amour que nul n’noblie. V. Hugo.

Da pátria Formosa distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
- Minha mãe! –

Nas horas caladas das noites de estio
Sentado sozinho coa face na mão,
Eu choro e soluço por que me chamava
- “Oh filho querido do meu coração”!
- Minha mãe! –

No berço, pendente de ramos floridos,
Em que eu menino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo cuidado
Cantando cantigas alegres embalava?
- Minha mãe!

De noite, alta noite, quando eu já dormia
Sonhando esses sonhos dos anjos do céus,
Quem é que meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
- Minha mãe! –

Feliz o bom filho que pode contente
Na casa paterna de noite e de dia
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia!
- Uma mãe! –

Por isso eu agora na terra do exílio,
Sentado sozinho coa face na mão,
Suspiro o soluço por quem me chamava:
- “Oh filho querido do meu coração!” –
- Minha mãe! –

* A poesia foi escrita em Lisboa, 1855 – Cassimiro de Abreu.

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