Cidade europeia
É
conhecida como a cidade boreal e apontada como a mais cultural do país
Fundada pelo czar Pedro, o Grande em 27 de maio de 1703 , serviu de capital do Império Russo por mais de duzentos anos, entre 1713 e 1728 e novamente entre 1732 e 1918. São Petersburgo
deixou de ser a capital em 1918, após a Revolução
Russa de 1917. É a segunda maior cidade da Rússia e, em território, a quarta maior da Europa, atrás de Moscou, Londres e Paris. A cidade possui
5 milhões de habitantes e mais de 6,2 milhões de pessoas vivem nas suas
cercanias. São Petersburgo é um dos
maiores centros culturais da Europa e um importante porto russo no Báltico.
São Petersburgo é frequentemente descrita como a maior cidade do Oeste
europeu russo. Entre as cidades
do mundo com mais de um milhão de pessoas, São Petersburgo é a que está mais ao
Norte, o que lhe originou a alcunha de cidade
boreal. O centro histórico da cidade
e o grupo de monumentos constituem patrimônio mundial da UNESCO. Centro político
e cultural russo por dois séculos, a cidade é muitas vezes referida na Rússia
como a capital do norte.
Um grande número de consulados estrangeiros, corporações internacionais, bancos e outros negócios estão
situados em São Petersburgo.
Em 1611, exploradores suecos construíram Nyenskans, um forte às margens do rio Neva, na terra da Íngria, habitada por um
grupo de fênicos. Uma pequena
cidade chamada Nyen cresceria naquele local.
O czar Pedro I, o
Grande era um interessado
pela marinha, e aspirava pela construção de um novo porto para o Império Russo, já que a
principal cidade portuária do país, Archangelsk, localizava-se no mar Branco, que era
bloqueado para navegação durante os meses de inverno rigoroso. Em 12 de maio de 1703, durante a Grande Guerra
do Norte,
Pedro capturou a cidade de Nyenskans das mãos dos suecos. Em 27 de maio de 1703, próximo do estuário da ilha de Hare, o czar estabeleceu o Forte de Pedro
e Paulo, que
daria início à construção da cidade.
A cidade seria então construída por camponeses de toda a Rússia, junto
de alguns prisioneiros de guerra suecos, que também envolveram-se na
construção, todos sob a supervisão de Alexandre
Menchikov.
Dezenas de milhares de servos morreram durante a construção da cidade, que mais
tarde se tornaria o centro de uma nova província.
Pedro então transferiu a capital de Moscou para
uma São Petersburgo ainda não concluída no ano de 1712, nove
anos antes do Tratado de Nystad que daria um fim à guerra. Ele referia-se a
São Petersburgo como a capital desde 1704.
O Cavaleiro de Bronze,
estátua em homenagem ao czar Pedro, fundador e patrono de São Petersburgo.
Em seus primeiros anos, a cidade desenvolveu-se em
torno da Praça da Trindade na margem oeste do Neva,
próximo ao forte. No entanto, São Petersburgo logo começou a ser construída de
acordo com o plano. Em 1716, Domenico Trezzini elaborou um projeto no
qual o centro da cidade localizar-se-ia na Ilha de Vassiliev e seria moldada por uma cadeia retangular de
canais. O projeto não foi completado, e o fracasso da ideia ainda é visível nos
formatos das vias. Em 1716, Pedro apontaria Jean-Baptiste Alexandre Le Blond
como o arquiteto-chefe da cidade.
O estilo Barroco, desenvolvido por Trezzini e outros arquitetos são
explícitos em construções como o Palácio de Menchikov, o Kunstkamera e a Catedral de Pedro e Paulo, que tornaram-se prédios proeminentes no
início do século XVIII. Em 1724, a
Academia de Ciências, a Universidade nacional e um Ginásio Acadêmico foram
inaugurados na cidade pelo czar que a fundara.
Em 1725,
Pedro morreria, sete anos após filho, deixando o trono ao seu neto Pedro II, que transferiu a capital novamente
para Moscou,
pressionado pela nobreza que se opunha aos ideais de modernizações
característicos de Pedro I. Com a ascensão da czarina Ana,
em 1732, São
Petersburgo mais uma vez viria a se tornar a capital russa. Por mais 186 anos,
a cidade permaneceria como o trono da família Romanov e a sede da corte do Império Russo, até a Revolução de 1917.
Em 1736, a
cidade sofreu de incêndios catastróficos. Para reestruturar os distritos mais danificados,
um novo plano foi estabelecido em 1737, por
um comitê sob o comando de Burkhard Christoph von Münnich. A cidade foi
dividida em cinco distritos,
enquanto o centro foi transferido para o bairro
do Almirantado, situado na margem leste entre o Neva e
o Fontanka. O centro então passou a prosperar por três vias
radiais, que se encontravam no Almirantado e que dariam origem à célebre Avenida Névski. O estilo
Barroco dominou a cidade pelos primeiros sessenta anos, sendo sucedido
pelo estilo Naryshkin, representado pelo arquiteto Bartolomeo Rastrelli com o majestoso Palácio de Inverno. Na década de 1760, a arquitetura barroca
foi
substituída pelo neoclássico. O departamento de construção civil da cidade definiu que em 1762 que
nenhuma estrutura deveria ser mais alta que o Palácio de Inverno, proibindo
espaços entre construções. Durante o reinado de Catarina, a Grande, as margens do rio Neva foram definidas
com granito. Todavia, apenas em 1850 foi
aberta a primeira ponte permanente sobre o Neva, a Blagoveshchenski. Os
principais nomes do neoclássico de São Petersburgo da época foram Jean-Baptiste
Vallin de la Mothe, que construiu a Academia Imperial de Artes, o Gostiny Dvor, o Arco de Nova Holanda e a
Igreja Católica de Santa Catarina; Antonio Rinaldi, arquiteto do Palácio de Mármore; Iuri
Felten, representado pelo Hermitage e pela Igreja de Chesme, Giacomo Quarenghi, que arquitetou a Academia de Ciências, o teatro
do Hermitage e o Palácio de Iussupov; Andrei Voronikhin, cujas obras incluem o
Instituto de Mineração e a Catedral de Nossa Senhora de Kazan; Andrei Zakharov, arquiteto do prédio do
Almirantado; Jean-François Thomas de Thomon, que projetou a Bolsa da Ilha de
Vassiliev; Carlo Rossi, autor do Palácio de Ielagin, de Mikhailovski, do Teatro
Alexandrino, dos prédios do Senado e do Sínodo e de várias ruas, praças e
avenidas; Vassili Stasov, que construiu o Portão Triunfal de Moscou e a
Catedral da Trindade e Auguste de Montferrand, arquiteto da Catedral de Santo Isaac e da Coluna de Alexandre. Em 1810, a
primeira instituição de ensino superior de engenharia foi aberto em São Petersburgo pelo czar Alexandre I. A vitória sobre a Império Francês de Napoleão Bonaparte na Guerra Patriótica de 1812 foi celebrada com vários monumentos,
incluindo a Coluna, de 1834 e o Portão Triunfal de Narva. Em 1825, a
revolta contra Nicolau I ocorreria na Praça do Senado da cidade,
um dia após ele ter assumido o trono.
São Petersburgo no século XIX.
Por volta dos anos 1840, a arquitetura neoclássica deu lugar a vários
estilos românticos, que permaneceriam na moda até a década de 1890, representados por arquitetos como o reconhecido
Andrei Stackenschneider, que projetou os palácios de Mariinski, Beloselski-Belozérski e Nikolaiévski.
Com a emancipação dos camponeses sancionada
por Alexandre II em 1861 e
uma revolução industrial, o influxo de camponeses para a capital cresceu
imensamente. Os distritos mais pobres emergiriam naturalmente nas periferias da
cidade. Nesse momento, São Petersburgo ultrapassava Moscou com
relação à população e crescimento industrial, desenvolvendo-se até tornar-se
uma das maiores cidades industriais da Europa, com
uma importante base naval em Kronstadt.
Os nomes dos santos Pedro e Paulo, que
batizaram as primeiras construções da cidade, por ironia, eram os mesmos dos
primeiros dois czares russos assassinados — Pedro III, em 1762, como
resultado de um complô elaborado pela própria czarina Catarina, e Paulo I, em 1801,
morto por conspiradores que pretendiam levar o seu filho, Alexandre I, ao trono. O terceiro czar assassinado seria
Alexandre II, em 1881 e, posteriormente, Nicolau II seria o último, em 1918.
A Revolução de 1905 começou em São Petersburgo e
rapidamente se espalhou por entre as províncias mais próximas.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a cidade foi rebatizada de Petrogrado,
removendo os termos em alemão Sankt e Burg,
uma vez que o país estava em guerra com a Alemanha.
Em 1917,
durante a Revolução de Fevereiro, Nicolau II abdicou do trono, pondo fim à
monarquia russa e terminando mais de trezentos anos de domínio dos Romanov sobre o país.
Conhecida como a capital
cultural da Rússia, a
cidade é uma referência na Europa ao
se tratar de cultura. Entre os mais de cinquenta teatros da cidade, está
o Mariinski, casa de dezenas de personalidades do balé internacional,
como Vaslav Nijinski, Anna Pavlova, Rudolf Nureev e Mikhail Barichnikov.
O mundialmente conhecido Festival das Noites
Brancas é um evento que reúne milhares de pessoas nas ruas durante algumas
noites do período conhecido como sol da meia-noite, para comemorar o final do ano letivo, com queima
de fogos, shows e apresentações artísticas.
As tradicionais velas púrpuras durante
as noites brancas.
O ilustre compositor Dmitri Shostakovitch nasceu e cresceu em Leningrado,
dedicando a sua sétima sinfonia à cidade. Na ocasião, Leningrado estava
sendo cercada e saqueada pelas tropas nazistas, enquanto sua sinfonia era
conduzida pela batuta de Karl Eliasberg no Grande Salão Filarmônico. Ouvida nos
rádios por toda a cidade e motivando o espírito dos sobreviventes, sua música
foi poderosa para impulsionar a resistência do povo soviético, tornando o
evento mundialmente conhecido.
No cenário nacional, São Petersburgo foi a origem
de movimentos que modernizaram a música russa. A primeira banda de jazz da União Soviética foi formada na cidade por Leonid
Utiosov, na década de 1920, sob a tutoria de um importante compositor
soviético, Isaac Dunaiévski. Em 1956, foi
fundado o grupo Druzhba na cidade, a primeira banda popular da
URSS, em pleno anos 1950. Na década seguinte, surgiram os Argonavty, Kochevniki
e outros pioneiros do rock underground e seus vários
festivais. Em1972,
Boris Grebenshchikov fundou a banda Aquarium, que adquiriu fama
internacional, dando origem ao termo Peter rock, que definiria o
cenário musical da Leningrado dos anos 1970 e 1980. Na mesma época, vários
outros artistas saíram da cena underground e fundaram o Clube
de Rock de Leningrado, de onde surgiram bandas mundialmente conhecidas, como
a Kino, liderada por Viktor Tsoi, DDT, Alisa, Zemlyane, Zoopark, Piknik, Secret,
entre outras. Viria mais tarde a febre do pop e
da eletrônica, inaugurada pelo Mekhanika, um
grande show moldado nos padrões russos, que misturou 300 pessoas e animais no
palco, conduzido por Serguei Kuriokin.
Atualmente, São
Petersburgo ainda revela músicos notáveis de todos os gêneros, como os grupos Splean, Tequila jazz, Korol i Shut,
e os veteranos do rock, Iuri Shevschuk, Viacheslat Butusov e Mikhail Boyarski.
No início dos anos 2000, em meio à onda de popularidade do metalcore, rapcore e do emocore, surgiram grupos como os Amatory, Kirpichi, Psychea, Stigmata, Grenouer e Animal
Jazz.
Mais de 250 filmes foram filmados em São
Petersburgo. Entretanto, milhares de filmes envolvendo czares,
revoluções e demais temas se passam na cidade, ainda que não tenham sido
gravados nela. Os primeiros estúdios cinematográficos da cidade foram fundados
no século XX, e desde os anos 1920, o estúdio Lenfilm tem
sido o expoente da filmografia na cidade. O primeiro filme filmado totalmente
na cidade foi Anna Karenina, de 1997, com
a participação de Sean Bean e Sophie Marceau, inspirado no romance de Leão Tolstoi.
A comédia Aproveite a sua Vodka, muito conhecida no meio cult, se
passa em Leningrado, fazendo uma crítica bem humorada a respeito do
planejamento das cidades soviéticas. O filme de 1985, O Sol da Meia-Noite, exibido em plena Guerra Fria, ganhou fama no Ocidente por ter capturado cenas genuínas das ruas de
Leningrado, em um período em que pouco se ouvia acerca da vida no país. GoldenEye, Brat e a versão de 1999 da
obra Eugene Onegin também se passam na cidade.
Vários festivais internacionais de cinema são
organizados na cidade, como o Festival dos Festivais, que tem um formato
não-competitivo, e o Festival dos Documentários, anualmente realizado durante
as festividades das Noites Brancas.
São Petersburgo é, sem dúvida, uma das cidades com
maior tradição na literatura em todo mundo. Dostoiévski definiu a cidade como a "mais
abstrata e intencional em todo mundo", dando ênfase a sua
artificialidade, mas também a evidenciando como um símbolo da desordem de uma
Rússia que mudava. Na literatura, São Petersburgo sempre foi representada como
ameaçadora e desumana, com um aspecto grotesco e até noctívago por parte de
conceituados romancistas como Alexandre Pushkin, Nikolai Gogol, Alexandre Blok e Osip Mandelstam. A noção de uma sociedade obcecada pela hierarquia
e pelo status também tornou-se um tema recorrente para os autores
que escreviam sobre São Petersburgo. As ideias sobrenaturais presentes
principalmente nas obras de Pushkin e Gogol, com fantasmas vagando pelas ruas
da cidade e assombrando seus moradores, ajudaram a forjar a imagem abstrata de fantasia
e surrealismo na cidade.
Desde que Moscou tornou-se
a capital, entretanto, São Petersburgo perdeu a imagem negativa, adquirindo
aspectos de um local apropriado para a fuga do caos urbano, que agora passa a
ser representado pela nova capital. Autores mais recentes, como Vladimir Nabokov, Ayn Rand e Evgueni Zamyatin, contribuíram para novas ideias e conceitos sobre
a sociedade utilizando-se de São Petersburgo como exemplo. Anna Akhmatova, que passou sua vida na cidade, tornou-se uma
importante figura da poesia russa. Outro notável escritor recente que
relaciona-se com São Petersburgo é Joseph Brodsky, nobel da literatura que emigrou para os Estados Unidos, embora tenha nascido na cidade. Brodsky foi capaz
de mostrá-la de uma perspectiva singular, tanto como um nativo quanto como um
estrangeiro.
São Petersburgo tem uma
forte herança cultural e histórica, e por essa razão é considerada um destino
turístico importante.
Assim como grande parte das cidades russas, entretanto, o potencial turístico
não é explorado totalmente, fazendo com que a cidade passe uma impressão
negativa.
O visual e arquitetura dos séculos XVIII e XIX mantém
a cidade preservada e inalterada em sua forma original. Por muitas razões,
incluindo a destruição da Segunda Guerra Mundial e a construção de edifícios modernos
misturados aos históricos dá a São Petersburgo uma natureza singular, um
verdadeiro museu vivo dos estilos arquitetônicos dos últimos três séculos. A
perda da capital para Moscou ajudou a cidade a preservar seu
aspecto, já que os grandes e prestigiados projetos de inovação e modernização
eram quase sempre voltados para a capital. São
Petersburgo é listada na UNESCO como
uma área com 36 complexos de arquitetura histórica, e cerca de 4000 monumentos
históricos e culturais. A cidade tem, ainda, 221 museus, 2000 bibliotecas, mais
de 80 teatros, 100 organizações de concertos, 45 galerias e salões de mostras,
62 cinemas e cerca de 80 outros estabelecimentos de caráter cultural. Todo ano, a cidade sedia por volta de 100
festivais e várias outras manifestações de arte e cultura, sendo mais de 50 a
nível internacional.
São Petersburgo abriga
vários museus, templos e palácios, estando entre as atrações mais conhecidas da
cidade o Hermitage, o Forte de Pedro e Paulo, a Catedral de Santo Isaac e a Catedral de Nossa Senhora de Cazã,
o Museu de Etnografia, o Palácio de Mármore e
a Academia de Artes da Rússia.
Apesar do caos econômico dos anos 1990, nenhum
grande teatro ou museu foi fechado na cidade. São Petersburgo é muito conhecida
por seus grandes museus, como o Hermitage, um dos maiores do mundo. No entanto,
há uma grande quantidade de museus nas zonas suburbanas com grande conteúdo,
muitas vezes inexplorados pelos turistas que visitam a cidade em busca de
cultura. A vida musical da cidade é rica e diversa, com um grande número de
festivais musicais e carnavais nas várias épocas do ano.
A prática do balé ocupa
um lugar especial na vida cultural de São Petersburgo. A escola de balé é uma
das melhores no mundo. Tradições da escola russa clássica são passadas de
geração pra geração. A arte de célebres e proeminentes bailarinos nascidos e
crescidos na cidade foram e ainda são admiradas ao redor do mundo. O balé
contemporâneo de São Petersburgo é composto não apenas por membros da escola
clássica, mas também por modernistas que expandiram o até então restrito
cenário do balé para limites inimagináveis, permanecendo fiel à base do balé.
Boris Eifman, exemplo dessa modernização, combinou o balé clássico com o estilo
vanguardista, adicionando acrobacias, ginástica rítmica, expressões dramáticas,
cinema, cores, luzes e a palavra falada.
Com uma quantidade privilegiada de locais
considerados heranças da humanidade, assim como o desenvolvimento da
infraestrutura turística, São Petersburgo começa a compor a lista de cidades
centros da cultura e do turismo.
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