terça-feira, 29 de setembro de 2015

CIDADE DE SÃO PETERSBURGO – RÚSSIA

Cidade europeia



 É conhecida como a cidade boreal e apontada como a mais cultural do país

São Petersburgo (em russo: Санкт-Петербу́рг trasl. Sankt-Peterbúrg) é uma cidade federal da Rússia localizada às margens do rio Neva, na entrada do golfo da Finlândia, no mar Báltico. A cidade designou-se Leningrado de 1924 até 1991, e Petrogrado entre 1914 e 1924. É frequentemente chamada apenas de Petersburgo e informalmente conhecida como Peter.


Fundada pelo czar Pedro, o Grande em 27 de maio de 1703 , serviu de capital do Império Russo por mais de duzentos anos, entre 1713 e 1728 e novamente entre 1732 e 1918. São Petersburgo deixou de ser a capital em 1918, após a Revolução Russa de 1917. É a segunda maior cidade da Rússia e, em território, a quarta maior da Europa, atrás de Moscou, Londres e Paris. A cidade possui 5 milhões de habitantes e mais de 6,2 milhões de pessoas vivem nas suas cercanias. São Petersburgo é um dos maiores centros culturais da Europa e um importante porto russo no Báltico.


São Petersburgo é frequentemente descrita como a maior cidade do Oeste europeu russo. Entre as cidades do mundo com mais de um milhão de pessoas, São Petersburgo é a que está mais ao Norte, o que lhe originou a alcunha de cidade boreal. O centro histórico da cidade e o grupo de monumentos constituem patrimônio mundial da UNESCO. Centro político e cultural russo por dois séculos, a cidade é muitas vezes referida na Rússia como a capital do norte. Um grande número de consulados estrangeiros, corporações internacionais, bancos e outros negócios estão situados em São Petersburgo.


Em 1611, exploradores suecos construíram Nyenskans, um forte às margens do rio Neva, na terra da Íngria, habitada por um grupo de fênicos. Uma pequena cidade chamada Nyen cresceria naquele local.
O czar Pedro I, o Grande era um interessado pela marinha, e aspirava pela construção de um novo porto para o Império Russo, já que a principal cidade portuária do país, Archangelsk, localizava-se no mar Branco, que era bloqueado para navegação durante os meses de inverno rigoroso. Em 12 de maio de 1703, durante a Grande Guerra do Norte, Pedro capturou a cidade de Nyenskans das mãos dos suecos. Em 27 de maio de 1703, próximo do estuário da ilha de Hare, o czar estabeleceu o Forte de Pedro e Paulo, que daria início à construção da cidade.


A cidade seria então construída por camponeses de toda a Rússia, junto de alguns prisioneiros de guerra suecos, que também envolveram-se na construção, todos sob a supervisão de Alexandre Menchikov. Dezenas de milhares de servos morreram durante a construção da cidade, que mais tarde se tornaria o centro de uma nova província.
Pedro então transferiu a capital de Moscou para uma São Petersburgo ainda não concluída no ano de 1712, nove anos antes do Tratado de Nystad que daria um fim à guerra. Ele referia-se a São Petersburgo como a capital desde 1704.


O Cavaleiro de Bronze, estátua em homenagem ao czar Pedro, fundador e patrono de São Petersburgo.
Em seus primeiros anos, a cidade desenvolveu-se em torno da Praça da Trindade na margem oeste do Neva, próximo ao forte. No entanto, São Petersburgo logo começou a ser construída de acordo com o plano. Em 1716, Domenico Trezzini elaborou um projeto no qual o centro da cidade localizar-se-ia na Ilha de Vassiliev e seria moldada por uma cadeia retangular de canais. O projeto não foi completado, e o fracasso da ideia ainda é visível nos formatos das vias. Em 1716, Pedro apontaria Jean-Baptiste Alexandre Le Blond como o arquiteto-chefe da cidade.


estilo Barroco, desenvolvido por Trezzini e outros arquitetos são explícitos em construções como o Palácio de Menchikov, o Kunstkamera e a Catedral de Pedro e Paulo, que tornaram-se prédios proeminentes no início do século XVIII. Em 1724, a Academia de Ciências, a Universidade nacional e um Ginásio Acadêmico foram inaugurados na cidade pelo czar que a fundara.
Em 1725, Pedro morreria, sete anos após filho, deixando o trono ao seu neto Pedro II, que transferiu a capital novamente para Moscou, pressionado pela nobreza que se opunha aos ideais de modernizações característicos de Pedro I. Com a ascensão da czarina Ana, em 1732, São Petersburgo mais uma vez viria a se tornar a capital russa. Por mais 186 anos, a cidade permaneceria como o trono da família Romanov e a sede da corte do Império Russo, até a Revolução de 1917.
Em 1736, a cidade sofreu de incêndios catastróficos. Para reestruturar os distritos mais danificados, um novo plano foi estabelecido em 1737, por um comitê sob o comando de Burkhard Christoph von Münnich. A cidade foi dividida em cinco distritos,


enquanto o centro foi transferido para o bairro do Almirantado, situado na margem leste entre o Neva e o Fontanka. O centro então passou a prosperar por três vias radiais, que se encontravam no Almirantado e que dariam origem à célebre Avenida Névski. O estilo Barroco dominou a cidade pelos primeiros sessenta anos, sendo sucedido pelo estilo Naryshkin, representado pelo arquiteto Bartolomeo Rastrelli com o majestoso Palácio de Inverno. Na década de 1760, a arquitetura barroca foi



substituída pelo neoclássico. O departamento de construção civil da cidade definiu que em 1762 que nenhuma estrutura deveria ser mais alta que o Palácio de Inverno, proibindo espaços entre construções. Durante o reinado de Catarina, a Grande, as margens do rio Neva foram definidas com granito. Todavia, apenas em 1850 foi aberta a primeira ponte permanente sobre o Neva, a Blagoveshchenski. Os principais nomes do neoclássico de São Petersburgo da época foram Jean-Baptiste Vallin de la Mothe, que construiu a Academia Imperial de Artes, o Gostiny Dvor, o Arco de Nova Holanda e a Igreja Católica de Santa Catarina; Antonio Rinaldi, arquiteto do Palácio de Mármore; Iuri Felten, representado pelo Hermitage e pela Igreja de Chesme, Giacomo Quarenghi, que arquitetou a Academia de Ciências, o teatro do Hermitage e o Palácio de Iussupov; Andrei Voronikhin, cujas obras incluem o Instituto de Mineração e a Catedral de Nossa Senhora de Kazan; Andrei Zakharov, arquiteto do prédio do Almirantado; Jean-François Thomas de Thomon, que projetou a Bolsa da Ilha de Vassiliev; Carlo Rossi, autor do Palácio de Ielagin, de Mikhailovski, do Teatro Alexandrino, dos prédios do Senado e do Sínodo e de várias ruas, praças e avenidas; Vassili Stasov, que construiu o Portão Triunfal de Moscou e a Catedral da Trindade e Auguste de Montferrand, arquiteto da Catedral de Santo Isaac e da Coluna de Alexandre. Em 1810, a primeira instituição de ensino superior de engenharia foi aberto em São Petersburgo pelo czar Alexandre I. A vitória sobre a Império Francês de Napoleão Bonaparte na Guerra Patriótica de 1812 foi celebrada com vários monumentos, incluindo a Coluna, de 1834 e o Portão Triunfal de Narva. Em 1825, a revolta contra Nicolau I ocorreria na Praça do Senado da cidade, um dia após ele ter assumido o trono.


São Petersburgo no século XIX.
Por volta dos anos 1840, a arquitetura neoclássica deu lugar a vários estilos românticos, que permaneceriam na moda até a década de 1890, representados por arquitetos como o reconhecido Andrei Stackenschneider, que projetou os palácios de MariinskiBeloselski-Belozérski e Nikolaiévski.
Com a emancipação dos camponeses sancionada por Alexandre II em 1861 e uma revolução industrial, o influxo de camponeses para a capital cresceu imensamente. Os distritos mais pobres emergiriam naturalmente nas periferias da cidade. Nesse momento, São Petersburgo ultrapassava Moscou com relação à população e crescimento industrial, desenvolvendo-se até tornar-se uma das maiores cidades industriais da Europa, com uma importante base naval em Kronstadt.


Os nomes dos santos Pedro e Paulo, que batizaram as primeiras construções da cidade, por ironia, eram os mesmos dos primeiros dois czares russos assassinados — Pedro III, em 1762, como resultado de um complô elaborado pela própria czarina Catarina, e Paulo I, em 1801, morto por conspiradores que pretendiam levar o seu filho, Alexandre I, ao trono. O terceiro czar assassinado seria Alexandre II, em 1881 e, posteriormente, Nicolau II seria o último, em 1918.
Revolução de 1905 começou em São Petersburgo e rapidamente se espalhou por entre as províncias mais próximas.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a cidade foi rebatizada de Petrogrado, removendo os termos em alemão Sankt e Burg, uma vez que o país estava em guerra com a Alemanha.


Em 1917, durante a Revolução de Fevereiro, Nicolau II abdicou do trono, pondo fim à monarquia russa e terminando mais de trezentos anos de domínio dos Romanov sobre o país.
Conhecida como a capital cultural da Rússia, a cidade é uma referência na Europa ao se tratar de cultura. Entre os mais de cinquenta teatros da cidade, está o Mariinski, casa de dezenas de personalidades do balé internacional, como Vaslav NijinskiAnna PavlovaRudolf Nureev e Mikhail Barichnikov.
O mundialmente conhecido Festival das Noites Brancas é um evento que reúne milhares de pessoas nas ruas durante algumas noites do período conhecido como sol da meia-noite, para comemorar o final do ano letivo, com queima de fogos, shows e apresentações artísticas.


As tradicionais velas púrpuras durante as noites brancas.
O ilustre compositor Dmitri Shostakovitch nasceu e cresceu em Leningrado, dedicando a sua sétima sinfonia à cidade. Na ocasião, Leningrado estava sendo cercada e saqueada pelas tropas nazistas, enquanto sua sinfonia era conduzida pela batuta de Karl Eliasberg no Grande Salão Filarmônico. Ouvida nos rádios por toda a cidade e motivando o espírito dos sobreviventes, sua música foi poderosa para impulsionar a resistência do povo soviético, tornando o evento mundialmente conhecido.


No cenário nacional, São Petersburgo foi a origem de movimentos que modernizaram a música russa. A primeira banda de jazz da União Soviética foi formada na cidade por Leonid Utiosov, na década de 1920, sob a tutoria de um importante compositor soviético, Isaac Dunaiévski. Em 1956, foi fundado o grupo Druzhba na cidade, a primeira banda popular da URSS, em pleno anos 1950. Na década seguinte, surgiram os Argonavty, Kochevniki e outros pioneiros do rock underground e seus vários festivais. Em1972, Boris Grebenshchikov fundou a banda Aquarium, que adquiriu fama internacional, dando origem ao termo Peter rock, que definiria o cenário musical da Leningrado dos anos 1970 e 1980. Na mesma época, vários outros artistas saíram da cena underground e fundaram o Clube de Rock de Leningrado, de onde surgiram bandas mundialmente conhecidas, como a Kino, liderada por Viktor TsoiDDTAlisaZemlyaneZooparkPiknikSecret, entre outras. Viria mais tarde a febre do pop e da eletrônica, inaugurada pelo Mekhanika, um grande show moldado nos padrões russos, que misturou 300 pessoas e animais no palco, conduzido por Serguei Kuriokin.


Atualmente, São Petersburgo ainda revela músicos notáveis de todos os gêneros, como os grupos SpleanTequila jazzKorol i Shut, e os veteranos do rock, Iuri Shevschuk, Viacheslat Butusov e Mikhail Boyarski. No início dos anos 2000, em meio à onda de popularidade do metalcorerapcore e do emocore, surgiram grupos como os AmatoryKirpichiPsycheaStigmataGrenouer e Animal Jazz.


Mais de 250 filmes foram filmados em São Petersburgo. Entretanto, milhares de filmes envolvendo czares, revoluções e demais temas se passam na cidade, ainda que não tenham sido gravados nela. Os primeiros estúdios cinematográficos da cidade foram fundados no século XX, e desde os anos 1920, o estúdio Lenfilm tem sido o expoente da filmografia na cidade. O primeiro filme filmado totalmente na cidade foi Anna Karenina, de 1997, com a participação de Sean Bean e Sophie Marceau, inspirado no romance de Leão Tolstoi.
A comédia Aproveite a sua Vodka, muito conhecida no meio cult, se passa em Leningrado, fazendo uma crítica bem humorada a respeito do planejamento das cidades soviéticas. O filme de 1985O Sol da Meia-Noite, exibido em plena Guerra Fria, ganhou fama no Ocidente por ter capturado cenas genuínas das ruas de Leningrado, em um período em que pouco se ouvia acerca da vida no país. GoldenEyeBrat e a versão de 1999 da obra Eugene Onegin também se passam na cidade.


Vários festivais internacionais de cinema são organizados na cidade, como o Festival dos Festivais, que tem um formato não-competitivo, e o Festival dos Documentários, anualmente realizado durante as festividades das Noites Brancas.
São Petersburgo é, sem dúvida, uma das cidades com maior tradição na literatura em todo mundo. Dostoiévski definiu a cidade como a "mais abstrata e intencional em todo mundo", dando ênfase a sua artificialidade, mas também a evidenciando como um símbolo da desordem de uma Rússia que mudava. Na literatura, São Petersburgo sempre foi representada como ameaçadora e desumana, com um aspecto grotesco e até noctívago por parte de conceituados romancistas como Alexandre PushkinNikolai GogolAlexandre Blok e Osip Mandelstam. A noção de uma sociedade obcecada pela hierarquia e pelo status também tornou-se um tema recorrente para os autores que escreviam sobre São Petersburgo. As ideias sobrenaturais presentes principalmente nas obras de Pushkin e Gogol, com fantasmas vagando pelas ruas da cidade e assombrando seus moradores, ajudaram a forjar a imagem abstrata de fantasia e surrealismo na cidade.


Desde que Moscou tornou-se a capital, entretanto, São Petersburgo perdeu a imagem negativa, adquirindo aspectos de um local apropriado para a fuga do caos urbano, que agora passa a ser representado pela nova capital. Autores mais recentes, como Vladimir NabokovAyn Rand e Evgueni Zamyatin, contribuíram para novas ideias e conceitos sobre a sociedade utilizando-se de São Petersburgo como exemplo. Anna Akhmatova, que passou sua vida na cidade, tornou-se uma importante figura da poesia russa. Outro notável escritor recente que relaciona-se com São Petersburgo é Joseph Brodsky, nobel da literatura que emigrou para os Estados Unidos, embora tenha nascido na cidade. Brodsky foi capaz de mostrá-la de uma perspectiva singular, tanto como um nativo quanto como um estrangeiro.
São Petersburgo tem uma forte herança cultural e histórica, e por essa razão é considerada um destino turístico importante. Assim como grande parte das cidades russas, entretanto, o potencial turístico não é explorado totalmente, fazendo com que a cidade passe uma impressão negativa.
O visual e arquitetura dos séculos XVIII e XIX mantém a cidade preservada e inalterada em sua forma original. Por muitas razões, incluindo a destruição da Segunda Guerra Mundial e a construção de edifícios modernos misturados aos históricos dá a São Petersburgo uma natureza singular, um verdadeiro museu vivo dos estilos arquitetônicos dos últimos três séculos. A perda da capital para Moscou ajudou a cidade a preservar seu aspecto, já que os grandes e prestigiados projetos de inovação e modernização eram quase sempre voltados para a capital. São Petersburgo é listada na UNESCO como uma área com 36 complexos de arquitetura histórica, e cerca de 4000 monumentos históricos e culturais. A cidade tem, ainda, 221 museus, 2000 bibliotecas, mais de 80 teatros, 100 organizações de concertos, 45 galerias e salões de mostras, 62 cinemas e cerca de 80 outros estabelecimentos de caráter cultural. Todo ano, a cidade sedia por volta de 100 festivais e várias outras manifestações de arte e cultura, sendo mais de 50 a nível internacional.


São Petersburgo abriga vários museus, templos e palácios, estando entre as atrações mais conhecidas da cidade o Hermitage, o Forte de Pedro e Paulo, a Catedral de Santo Isaac e a Catedral de Nossa Senhora de Cazã, o Museu de Etnografia, o Palácio de Mármore e a Academia de Artes da Rússia.
Apesar do caos econômico dos anos 1990, nenhum grande teatro ou museu foi fechado na cidade. São Petersburgo é muito conhecida por seus grandes museus, como o Hermitage, um dos maiores do mundo. No entanto, há uma grande quantidade de museus nas zonas suburbanas com grande conteúdo, muitas vezes inexplorados pelos turistas que visitam a cidade em busca de cultura. A vida musical da cidade é rica e diversa, com um grande número de festivais musicais e carnavais nas várias épocas do ano.
A prática do balé ocupa um lugar especial na vida cultural de São Petersburgo. A escola de balé é uma das melhores no mundo. Tradições da escola russa clássica são passadas de geração pra geração. A arte de célebres e proeminentes bailarinos nascidos e crescidos na cidade foram e ainda são admiradas ao redor do mundo. O balé contemporâneo de São Petersburgo é composto não apenas por membros da escola clássica, mas também por modernistas que expandiram o até então restrito cenário do balé para limites inimagináveis, permanecendo fiel à base do balé. Boris Eifman, exemplo dessa modernização, combinou o balé clássico com o estilo vanguardista, adicionando acrobacias, ginástica rítmica, expressões dramáticas, cinema, cores, luzes e a palavra falada.
Com uma quantidade privilegiada de locais considerados heranças da humanidade, assim como o desenvolvimento da infraestrutura turística, São Petersburgo começa a compor a lista de cidades centros da cultura e do turismo.


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