Município da Bahia – BR
Grande Hotel de Cipó
Já em 1831, a
Lei provincial nº 186, mandava construir no lugar denominado Mãe-d’água de
Cipó, uma casa para abrigo dos doentes que procuravam aquelas fontes.
Anos depois, por volta de 1843, a Assembléia mandou
construir outra casa que, tal a primeira, passou a chamar-se “Casa da Nação”.
Muito tempo depois, as duas casas
abandonadas, ruíram devido a uma enchente do rio Itapicuru. Várias tentativas foram feitas para a construção
de um balneário, mas somente em 1928 foi concedida permissão para a exploração
das águas, fato que ocorreu em 19 de março do mesmo ano. Esta data assinala o início do
progresso de Cipó que, a 8 de julho de 1931, foi
elevado à categoria de município por força de decreto estadual de nº 7.479. Em
virtude desse decreto foram anexados ao seu território os municípios de Nova
Soure, ao qual Cipó pertencia na situação de povoado, Ribeira do Pombal, Tucano
e Ribeira do Amparo.
Cipó, oásis em pleno sertão nordestino
Em 27 de maio e 19 de setembro de 1933 e 18 de
julho de 1935, pelos Decretos Estaduais nº 8.447, 8.643 e 9.600,
respectivamente, os municípios de Tucano, Ribeira do Pombal e Nova Soure
obtiveram autonomia. O município de Nova Soure, porém, perdeu toda a área
necessária à formação do distrito sede de Cipó, que juntamente com território
total de Ribeira do Amparo, que não logrou emancipação, formou o atual
município de Cipó, ficando este, segundo a divisão administrativa do País
vigente, composto de três distritos: Cipó, Ribeira do Amparo e Heliópolis.
Banheiros de águas termais
Alguns anos depois, o governador do Estado, após
verificar a situação de abandono em que permanecia o lugar, mandou concluir a
rodovia Alagoinhas-Cipó e efetuar o levantamento semicadastral, com o objetivo
de traçar o plano urbanístico da cidade.
Assim, em 16 de maio de
1935, Cipó era tornado Estância Hidromineral.
Em 1906, o Coronel Genésio Sales, o qual sofria de
úlcera estomacal, foi aconselhado por amigo a passar uma temporada no Sertão
Arraial da Mãe d’Água de Cipó, para tentar curar-se do seu problema de saúde.
Com a cura mandou construir perto da Fonte Termal, um chalé, que
mais tarde, foi transformado em Hotel Termal.
Em 1926, Genésio Sales com o fim de chamar a
atenção dos poderes públicos para aquelas águas, empreendeu uma arrojada viagem
de automóvel de Alagoinhas a Cipó, a primeira que se fazia ao
Nordeste do Estado. Não havendo estradas, seguiu o caminho das cavalgadas, em
muitos trechos, mandava abrir estradas, alargar as existentes, para que o
automóvel pudesse passar. Nos diversos povoados, os tabaréus, desconhecendo a
existência de veículos sem tração animal, recebiam-no com grandes
manifestações, faziam promessas e colocavam dentro do carro “vinténs” e
“ex-votos”, o automóvel que era novo ao iniciar a viagem ficou bastante
danificado. A imprensa de todos os estados do nordeste deu grande publicação ao
acontecimento; anos depois, o governo do Estado mandou concluir a rodovia
Alagoinhas-Cipó.
Em 1928 o chalé foi transformado no primeiro hotel
da cidade por Genésio de Seixas Sales Filho, sob a denominação de Hotel Thermal
e após receber em concorrência pública a concessão de uso das águas de Cipó,
iniciou suas atividades profissionais, montando um serviço de assistência
médica, para atender o povo do arraial e adjacências.
Em 19 de março de 1928 foi concedida permissão para
a exploração industrial das águas. Nas fontes termais, onde havia quatro
banheiros de palha, Genésio Sales
construiu um moderno balneário, composto de uma piscina de água quente (na
época a única existente no Brasil), um consultório médico, salas de espera
e de tratamentos diversos, instalações sanitárias, “buvet” (chafariz para beber
água termal) e dezessete banheiros, dos quais um era gratuito destinado aos
pobres.
Em 1930, um bando chefiado por Lampião, o rei do cangaço, afastava os banhistas, causando
grandes prejuízos, pois as pessoas o temiam, e por consequência disso, não
apareciam para fazer uso das águas termais. Mais tarde, depois da morte de
Lampião, a cidade voltou a atrair turistas, em busca de suas águas medicinais.
A 16 de maio de 1935, Cipó era tornada Estância
Hidromineral, a partir de cuja época passou a exibir uma notável movimentação,
tendo em vista o vertiginoso afluxo de veranistas.
Após esse acontecimento, o Rádium Hotel, de
arquitetura art déco, foi inaugurado em 1938, o qual hospedava turistas de
vários países. Anexo a ele havia um cassino, frequentado principalmente por brasileiros.
Com o grande número de
turistas que passaram a visitar a cidade de Cipó, foi construído em 23 de julho
de 1952 o Grande Hotel, conhecido como Elefante Branco da Terra, inaugurado
pelo Presidente Getúlio Vargas.
Sua estrutura grandiosa atraiu muitos turistas que,
além de desfrutar dos jogos e bailes que o Cassino proporcionava na época,
usufruíam também das cascatas e piscinas situada no subsolo do Grande Hotel,
sem contar o grande parque de diversão para crianças.
Os hotéis estão hoje em sua maioria fechados.
Entretanto, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tem planos
de identificar os edifícios da cidade para buscar algum tipo de proteção à rica
arquitetura existente na cidade, notadamente no estilo art déco.
A lenda sobre o nome da
cidade
Conta que um caçador andava pelas margens do rio
Itapicuru. Nas suas andanças pelo sertão, atirou em direção de um pássaro que
estava pousado numa árvore e então revoou um bando, o qual chamou atenção do
mesmo, e ao chegar perto, ouviu um borbulho de água jorrando no solo de
temperatura alta e gosto estranho. Assim, percebeu que naquele lugar havia
enormes árvores de Cipó, um verdadeiro Cipoal.
O caçador ao seguir seu percurso em direção da
cidade de Itapicuru da Missão, espalhou a notícia das águas descobertas e
indicou a todos que a mesma estava na localidade de Cipó, no cipoal às margens
do rio Itapicuru. Lenda à parte, vale citar aqui, no sentido de enriquecer
detalhes sobre a história do município, o que nos relata o Poeta Raniery
Caetano quando nos ensina que o gentílico CIPÓ tem origem no Tupy-guarani uma
vez que CY = MÃE e YPÓ = ÁGUA, NASCENTE, FONTE... Para os primeiros moradores à
margem do Rio Itapicurú, natural foi "aportuguesar" a palavra que na
sua origem significava "mãe d'água". Esta versão do poeta e estudioso
da historia do município é incontestavelmente elucidativa no que se refere à
origem real do nome da cidade.
Parabéns pela história!...vou visitar esta cidade.
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