Música popular/
homenagem do Blog do Facó
Édith
Piaf não está mais aqui para interpretar as músicas de Édith Piaf, mas ninguém
a esquece. Leia sobre sua trágica vida
Édith Giovanna Gassion, (Paris, 19 de dezembro de 1915 — Plascassier, 11 de outubro de 1963), ou
simplesmente, Édith Piaf foi uma cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida
internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson.
O seu canto expressava claramente sua trágica
história de vida. Entre seus maiores sucessos estão "La vie en rose" (1946), "Hymne à l'amour" (1949),
"Milord" (1959), "Non, je ne regrette rien" (1960). Participou de peças teatrais e
filmes. Em junho de 2007 foi lançado um filme biográfico sobre ela, chegando aos
cinemas brasileiros em agosto do mesmo ano com o título "Piaf – Um Hino Ao
Amor" (originalmente "La Môme", em inglês "La Vie En
Rose"), direção de Olivier Dahan.
Édith Piaf está sepultada na mais célebre necrópole parisiense, o cemitério do Père-Lachaise. Seu funeral foi acompanhado por uma
multidão poucas vezes vista na capital francesa. Hoje, o seu túmulo é um dos
mais visitados por turistas do mundo inteiro.
Segundo a pesquisa da BBC: Le plus grand français, Édith
Piaf foi considerada a 10ª maior francesa de todos os tempos.
"Édith Piaf quando criança."
Ela nasceu como Édith Giovanna Gassion em Belleville, um distrito cheio de imigrantes em Paris. Uma
lenda diz que ela nasceu na calçada da Rue de Belleville 72, mas
sua certidão de nascimento cita o Hospital Tenon, que faz parte de
Belleville.
Ela recebeu o nome de Édith em homenagem a uma
enfermeira britânica da Primeira Guerra Mundial que foi executada por ajudar soldados
franceses a escapar dos alemães. Piaf, um nome coloquial francês para um
tipo de pardal, foi um apelido dado a ela vinte anos depois.
Sua mãe, Annetta Giovanna Maillard (1895–1945),
era pied-noir, mais especificamente de ascendência franco-italiana por parte de pai e, cabila-berbere por
parte de mãe. Ela trabalhava como cantora em um café com o pseudônimo de Line
Marsa. Louis-Alphonse Gassion (1881–1944), o pai de Édith, era normando e acrobata de rua com um passado no
teatro. Os pais de Edith abandonaram-na cedo, e ela viveu por um curto período
de tempo com sua avó materna, Emma (Aïcha) Saïd ben Mohammed (1876–1930), que
deixava-a em uma saleta e não cuidava da sua higiene. Ela ficou 18 meses com a
avó; antes de se alistar na armada francesa em 1916 para
lutar na Primeira Guerra Mundial, o pai de Edith pegou-a de volta e levou-a
para sua mãe. Esta trabalhava então em um bordel em Bernay, na
Normandia. Lá, prostitutas tomaram conta da pequena Édith.
Dos sete aos oito anos, Édith ficou supostamente
cega devido a uma queratite. De acordo com uma de suas biografias, ela
curou-se depois de as prostitutas a terem levado para orar no túmulo de Santa Teresa de Lisieux (conhecida popularmente como Santa
Teresinha). Devido a esse episódio, Édith conservou devoção a Santa Teresinha
por toda sua vida.
Em 1922, o
pai de Édith levou-a para viver em sua companhia, enquanto trabalhava em
pequenos circos itinerantes. Em 1929, aos
14 anos, enquanto seu pai fazia performances acrobáticas nas ruas de toda
a França,
Édith cantou pela primeira vez em público.
Com 15 anos, deixou seu pai e foi viver num quarto
do Grand Hôtel de Clermont (na rua Veron, 18, em Paris), indo sozinha cantar
no Quartier Pigalle, Ménilmontant e
subúrbios de Paris. Nessa época juntou-se à amiga Simone Berteaut
("Mômone") e as duas tornaram-se parceiras em
travessuras. Édith estava com 16 anos quando se apaixonou por Louis
Dupont, um entregador.
Aos 18 anos, Édith teve sua única filha, Marcelle,
que morreu de meningite com dois anos de idade em 7 de julho de 1935. Como
a mãe, Édith encontrou dificuldade em cuidar da filha enquanto vivia de
cantoria nas ruas, e deixava Marcelle para trás. Dupont criou a criança até à
sua morte.
O namorado seguinte de Édith foi um cafetão chamado Albert, que em troca de não a forçar
a se prostituir, cobrava comissões sobre o dinheiro que ela ganhava cantando.
Ela terminou o namoro quando uma de suas amigas, Nadia, cometeu suicídio para
não se tornar prostituta.
"Busto de Èdith Piaf na Polônia"
Em 1935,
Édith foi descoberta cantando na rua da área de Pigalle por Louis Leplée, dono
do cabaré Le Gerny's, situado na avenida Champs Élysées, em Paris. Foi ele quem a iniciou na vida
artística e a batizou de "la Môme Piaf", uma expressão francesa
que significa "pequeno pardal" ou "pardalzinho", pois ela
tinha uma estatura baixa (1,42 m). Lepleé, vendo o quão nervosa Piaf ficava ao
cantar, começou a ensinar-lhe como se portar no palco e disse-lhe para começar
a usar um vestido preto quando se apresentasse, vestuário que mais tarde se
tornou sua marca registrada como roupa de apresentação. Ele também fez
enorme campanha para a noite de estreia de Piaf no Le Gerny's, o que resultou
na presença de várias celebridades, como o ator Maurice Chevalier. e a grande vedeta do music hall, Mistinguett. Foi durante suas apresentações no Le
Gerny's que Piaf conheceu o compositor Raymond Asso e a compositora
Marguerite Monnot, que se tornou sua parceira e grande e fiel amiga por toda
sua vida. São de Marguerite, composições como "Mon
légionnaire", "Hymne à l'amour", "Milord" e "Les
Amants d'un jour".
No ano seguinte (1936),
Piaf assina contrato com a Polydor e lança seu primeiro disco "Les Mômes de
la Cloche", que se torna sucesso imediato. Mas no dia 6 de abril desse mesmo ano, Leplée é assassinado em seu
domicílio. Piaf é interrogada e acusada de cúmplice, mas acabou sendo absolvida
mais tarde. Ele foi morto por bandidos que tiveram, num passado não muito
distante, laços com Piaf, o que gerou uma atenção negativa sobre ela por
parte da mídia, ameaçando, assim, sua carreira. Para reerguer sua imagem,
ela retoma contato com Raymond Asso, com quem, mais tarde, ela também viria a
se envolver romanticamente. Raymond passou a ser seu novo mentor e foi ele quem
mudou o nome artístico dela de "La Môme Piaf" para "Édith
Piaf" e encomendou a Marguerite Monnot canções que tratassem unicamente do
passado de Piaf nas ruas. A partir deste reencontro, Raymond começou a
fazer Piaf trabalhar arduamente para se tornar uma cantora profissional de
Music Hall.
Entre 1936 e 1937, Piaf
se apresentou no Bobino, um music hall no bairro Montparnasse.
Em março de 1937 faz a sua estreia no music hall ABC, onde ela
se torna imediatamente uma imensa vedete da canção francesa, amada pelo público
e difundida pela rádio. Em 1940 estreia
no teatro em uma peça de Jean Cocteau Le Bel Indifférent, escrita
especialmente para ela, e que a fez contracenar com seu então companheiro, o
ator Paul Meurisse. Ao
lado de Paul, ela estreia em um filme em 1941, Montmartre-sur-Seine de
Georges Lacombe.
Durante a ocupação alemã na França, Piaf continua
seus shows. Muitos a consideraram uma traidora, mas seguindo a guerra, ela
declarou que trabalhou a favor da resistência francesa. Na primavera de 1944, Piaf
conhece o jovem cantor Yves Montand e passa a ser sua mentora e amante.
Em 1945, Piaf
escreveu uma de suas primeiras canções: "La Vie en rose",
a canção mais célebre dela e seu grande clássico. Em 1946,
Montand estreia no cinema ao lado de Piaf em Etoile sans lumière.
Neste ano também o romance terminaria para os dois. Piaf acaba desfazendo o
relacionamento quando ele está perto de alcançar o mesmo sucesso dela.
Durante esse tempo Piaf estava fazendo muito
sucesso em Paris e em toda a França. Após
a Segunda Guerra Mundial, tornou-se famosa internacionalmente,
excursionando pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. De início ela se deparou com pouco sucesso entre
o público norte-americano. Entretanto, após a publicação de brilhante matéria
de proeminente crítico de Nova York, Piaf viu seu sucesso crescer ao ponto
de sua popularidade levá-la a se apresentar oito vezes no Ed Sullivan Show e duas vezes no Carnegie Hall (1956 e 1957).
Édith e Théo Sarapo, seu
derradeiro amor
Em 1947, ela
faz seus primeiros shows nos Estados Unidos. Em 1948 durante
sua volta aos Estados Unidos, ela conhece o grande amor de sua vida, o
pugilista Marcel Cerdan. De nacionalidade francesa, mas nascido na Argélia, Marcel era casado ao começar tórrido romance com
Édith Piaf. Pouco tempo depois de os dois se conhecerem, Marcel tornou-se
campeão mundial de boxe. Em 28 de outubro de 1949,
Marcel morreu em acidente de avião num voo de Paris para Nova Iorque, onde a reencontraria. Arrasada pelo
sofrimento e também pelo sofrimento de poliartrite aguda, Édith Piaf começa a
se aplicar fortes doses de morfina. Seu grande sucesso "Hymne à
l'amour" e "Mon Dieu" foram cantadas
por Édith em memória de Marcel.
Em 1951, o
jovem cantor Charles Aznavour converte-se em seu secretário, assistente,
chofer e confidente. Ela ajudou a decolar sua carreira, levando-o em turnê
pelos Estados Unidos e pela França e gravando algumas de suas músicas. Em
setembro de 1952 casa-se com o célebre cantor
francês Jacques Pills, do qual se divorcia em 1956.
Começa uma história de amor com Georges Moustaki
("Jo"), que Édith lança para a música. Ao seu lado sofre um grave
acidente automobilístico em 1958, que
piora seu já deteriorado estado de saúde e sua dependência de morfina. Edith
grava novo sucesso, a canção "Millord", da qual Moustaki
é o autor.
Em 1962, Piaf
casa-se com Théo Sarapo, cabeleireiro de ascendência grega que
se tornou posteriormente cantor e ator, 20 anos mais novo do que ela.
"Túmulo de Édith Piaf no cemitério do Père-Lachaise"
Edith Piaf morreu em 10 de outubro de 1963 em
Plascassier (na localidade de Grasse nos Alpes Marítimos), aos 47 anos, com a saúde abalada pelos
excessos, pela morfina e todo o sofrimento de uma vida inteira.
Ela alugara uma mansão de 25 divisões perto da
praia, onde passou dois meses de descanso com amigos e com o marido. Segundo
seu acordeonista, Marc Bonel, foi um período de muitos gastos: almoços e
jantares para 30 a 40 pessoas todos os dias, regados a champagne e uísque.
Por medida de economia, transferiu-se para uma
herdade em Plascassier, apenas com a enfermeira, o acordeonista e a secretária,
o empresário e o marido, que a essa altura trabalhava num filme em Paris para
"assegurar o dinheiro do casal", como dizia a própria Piaf.
Édith Piaf morreu em consequência de uma hemorragia interna. Como disse certa vez um
documentário, "sem um grito, sem uma palavra..." O transporte de seu
corpo para Paris foi feito clandestina e ilegalmente e
seu falecimento foi anunciado oficialmente no final do dia 11 de outubro. Faleceu no mesmo dia que o seu amigo Jean Cocteau e foi enterrada no cemitério do Père-Lachaise (divisão 97).
Édith Piaf influenciou grande parte dos artistas de
sua época. Tornou-se, principalmente, uma ponte para que estes se conhecessem;
geralmente seu círculo de amizade se encontrava em sua casa. Foi na residência
da cantora que grandes nomes da música francesa tiveram o primeiro contato e em
diversas vezes iniciaram maravilhosas parcerias musicais, como por
exemplo, Gilbert Bécaud, Jacques Pills (célebre cantor francês com
quem a intérprete se casou em setembro de 1952), Jacques Plante, Louis Amade, Charles Aznavour (com quem também
teve um caso amoroso), Jean Broussolle, Yves Montand, Jacques Prévert, Francis Lemarque, entre tantos outros, hoje
também consagrados na história fonográfica da França e do mundo.
Segundo Marc Robine em seu livro «Il était une fois
La chanson française: Des trouvères à nos jours», é na casa de Piaf que Gilbert
Bécaud começa sua amizade com Charles Aznavour com quem ele escreverá diversas
canções cujas algumas como Mé qué me qué ou La Ville, serão registradas por
cada um deles, interpretadas e preparadas de maneira bem diferente. É ainda na
casa da cantora que Bécaud reencontra Jean Broussolle – das Compagnos de La
Chanson, que lhe escreverá as letras de Alors, raconte. Compagnons registraram,
no curso de sua longa carreira, uma gama de canções de Bécaud e Aznavour. Ainda
na residência de Piaf, Charles Aznavour conhecerá Jacques Plante que virá a ser
um de seus grandes colaboradores (For me…formidable, La Bohème, Les
Comédiens…). Assim, pouco a pouco, o círculo de relações e de colaborações de
Piaf foi se alargando ainda mais. Numa época imediata ao pós-guerra, que via
nascer toda uma nova geração de artistas, não só a cantora teve apoio
incondicional de seus amigos, grandes profissionais de música, mas também
ajudou na carreira de muitos deles.
Ao morrer Piaf deixou enormes dívidas. Seu
companheiro e marido, Théo Sarapo, até então considerado um aproveitador de seu
nome e carreira, trabalhou incessantemente para quitá-las, enfim, e limpar o
nome da esposa. Só então, pela imprensa e pelo público, foi reconhecido como
verdadeiro o amor que ele apregoava ter por ela. Seu estado de viuvez
permaneceu enquanto viveu.
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