Economia e finanças: a crise brasileira
Em junho, o organismo previa
uma queda de 0,8% para 2015
Para 2016, o grupo previa um
crescimento de 1,1%, agora prevê queda de 0,7%
EL PAÍS Madri,
O Jornal Global, Facebook
El País1
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A Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) anunciou nesta quarta-feira, em seu último
relatório, uma redução das previsões de crescimento da economia mundial. As
previsões não são nada favoráveis para o Brasil, atingido por uma profunda recessão, e outros países exportadores de matérias-primas, afetados pela desaceleração de economia da China. O organismo calcula que o
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve registrar uma contração de 2,8%
este ano e de 0,7% em 2016. As cifras do Brasil estão muito longe das que o
organismo divulgou em junho passado, quando esperava uma queda de apenas 0,8%
para este ano e previa um crescimento de 1,1% em 2016.
A OCDE baixou de 3,1% para 3% as estimativas de melhora do PIB mundial para
este ano e de 3,8% para 3,6% as de 2016. Se as previsões para este ano forem
realizadas, a economia mundial viveria seu quinto ano consecutivo de
desaceleração do crescimento, após o avanço de 3,3% do PIB no ano passado. O
organismo afirma que a recuperação está se consolidando nas economias
desenvolvidas, mas adverte que o estancamento do comércio mundial e a piora dos
mercados financeiros estão freando o crescimento na maioria das grandes
economias emergentes.
No relatório, que possui o título
pouco animador Enigmas e incertezas, a OCDE afirma que o aumento do
emprego e a melhora do mercado imobiliário estão propiciando um sólido
crescimento nos Estados Unidos, num momento em que os investimentos não alcançam os níveis esperados.
Também admite que o crescimento na zona do euro está melhorando, mas enfatiza
que o ritmo é mais lento do que era de se esperar tendo em vista a forte queda
no preço do petróleo, o ambiente de taxas de juros baixas durante um longo
período e a queda do valor do euro, que melhora a competitividade do setor
exportador.
“O ritmo de crescimento da zona
do euro é decepcionante dado o contexto favorável do qual se beneficia”, disse
a economista-chefe da OCDE, Catherine L. Mann. “Isto incentiva a continuação
das políticas monetárias acomodatícias e políticas fiscais expansivas, que
devem servir de promotores do crescimento e apoiar a geração de empregos, o
investimento e o comércio.
Em seu relatório, a OCDE também
realiza previsões individuais sobre as principais economias mundiais. Entre os
países desenvolvidos, os EUA são os que ficam em melhor posição, com um
crescimento estimado de 2,4% (0,4% a mais que nas previsões de junho) e de 2,6%
para o ano que vem (0,2% a menos)
Melhoram as perspectivas sobre
o Japão, país que segundo a OCDE está no caminho do
crescimento com uma melhora do PIB de 0,6% este ano e 1,2% em 2016, um avanço
substancial em relação ao relatório anterior, em que a taxa de ambos os anos
seria negativa. A OCDE espera que os efeitos do aumento salarial no Japão
repercutam positivamente sobre o consumo e facilitem o objetivo de inflação do
Banco do Japão, situado em 2%.
O enigma chinês
O relatório qualifica a evolução
da economia chinesa como um enigma difícil de resolver no curto prazo. Embora
tenha registrado altas taxas de crescimento, a segunda maior economia mundial
mostra sinais de desaceleração em alguns indicadores econômicos, o que fez suas
expectativas de crescimento baixar. O organismo acredita que a China crescerá 6,7% este ano (um décimo a menos que em sua previsão
anterior) e 6,5% em 2016 (dois décimos a menos). A entidade adverte que a queda
das importações chinesas tem um forte impacto sobre o crescimento mundial,
especialmente nas economias emergentes que dependem em boa medida da China,
assim como em todos os países em que a exportação de matérias-primas é
fundamental para sua economia.
Apesar dos temores despertados
pela evolução do gigante asiático, a OCDE estima que a desaceleração chinesa
não será suficiente para desencaminhar o crescimento mundial, a menos que haja
também uma forte correção dos mercados financeiros.
A Índia, o segundo país mais
populoso do mundo, assumirá a liderança do crescimento entre as grandes
economias mundiais nos próximos dois anos: 7,2% este ano e 7,3% em 2016, uma
redução de apenas um décimo para os dois períodos.
“As previsões de crescimento
global ficaram ligeiramente debilitadas, e o horizonte é marcado por
importantes incertezas”, disse a economista-chefe da OCDE. “As economias
emergentes são vulneráveis por sua exposição a uma alta das taxas de juros nos
EUA e/ou a uma desaceleração mais acentuada do que era esperado na China, dando
origem a turbulências econômicas e financeiras que também poderiam exercer um
efeito de arrasto nas economias avançadas. A política de estímulos monetários
está mantendo a estabilidade econômica, mas uma política mista nesse sentido
poderia abrir brechas entre os países”, completou.
Segundo a economista-chefe, no médio prazo são
necessárias mudanças estruturais ambiciosas tanto nos países desenvolvidos como
nos emergentes para incentivar o investimento e promover o crescimento.
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