Arte pictórica
Achou-se
poetisa e romancista nos tempos da escola primária e básica, mas cedo percebeu
que nunca iria ganhar a vida a escrever livros - especialmente pelo
perfeccionismo que nunca a deixou terminar mais do que dois capítulos. Num
vai-e-vem entre a paixão pelo jornalismo e pela publicidade, o denominador
comum do seu mundo é a música.
Publicado por Debora
Canbé
Pintor, mas, sobretudo um homem de fortes
convicções. Diego Rivera é um nome incontornável na história da arte moderna
universal e, sobretudo, da cultura mexicana. Os seus ideais comunistas e a
forte ligação ao legado do seu povo levaram-no a ressuscitar o movimento
muralista, contrariando uma forma de pintura mais burguesa, destinada a uma
elite.
O seu talento precoce para as artes valeu-lhe
uma bolsa de estudo que o levou ao epicentro da revolução cultural operada
pelas vanguardas modernistas: a Europa. Ao percorrer países como Espanha,
França, Bélgica, Holanda e Inglaterra, o artista integrou-se no círculo social
próximo de personalidades como Amedeo Modigliani e experienciou de perto a obra
de Henri Rousseau - "o único dos modernistas cujo trabalho mexe com cada
fibra do meu ser", terá afirmado Rivera.
Em Paris, sobretudo, o pintor envolveu-se no
movimento cubista, protagonizado por artistas como Paul Cézanne e Pablo
Picasso, que terá expressado a sua admiração pelas pinturas de Diego Rivera
quando ambos se conheceram em 1914, no seguimento da sua exposição na Societé
des Artistes Indépendants. O sucesso começava, assim, a despontar na carreira
de Rivera, também influenciado pela estética do fauvismo, cujo uso acentuado de
cores vibrantes apelou muito naturalmente à sensibilidade do pintor de raízes
mexicanas. Nesta altura, predominam nas suas obras retratos e representações de
naturezas mortas.
Natureza morta, 1918
A partir de 1920, Diego Rivera viria a
desenvolver a sua verdadeira identidade como pintor. Numa viagem por Itália,
estudou com atenção a arte dos frescos renascentistas, motivando o seu
posterior envolvimento no primeiro mural que haveria de assinar, já no México,
em 1922. Juntamente com José Orozco e David Siqueiros deu início ao movimento
muralista, que levou à produção de inúmeros murais de cariz interventivo, ao
representar cenas sociais e políticas e de afinidade marxista.
"El Campesino
Oprimido", 1935
Diego Rivera deixaria também a sua marca
indelével nos Estados Unidos, onde pintou aquela que o próprio pintor
considerava ser uma das suas obras mais bem sucedidas, intitulada "Detroit
Industry". Instalado no museu do Instituto das Artes de Detroit, o
conjunto de murais representa uma fábrica automóvel, onde homens de todas as
raças estão lado a lado na linha de produção, observados por Henry Ford.
"Detroit
Industry", 1933 © Ashley Street
Um dos seus murais mais emblemáticos,
"Sueño de una tarde dominical en la Alameda Central" (1947), é uma
peça de 65 metros quadrados que retrata, em síntese, a história da civilização
mexicana, seguindo uma ordem cronológica. Vista da esquerda para a direita, a
obra conta o episódio da conquista da então Nova Espanha, os massacres dos
infiéis, a construção da Igreja de San Diego e a manifestação dos direitos da
mulher - na figura da poetisa Juana Inés de la Cruz. Trata-se também de uma das
mais polémicas obras do pintor, graças à inscrição da frase "Deus não
existe", situação que remeteu o mural para a censura em grande parte dos
círculos sociais daquela época. Apenas em 1956 o mural voltaria a ser exibido
livremente, já depois de Rivera ter substituído a controversa frase por uma
outra inscrição.
"Sueño
de una tarde dominical en la Alameda Central", 1947
Mas falar de Diego Rivera é também falar de
Frida Kahlo, sua mulher e outra das mais influentes artistas do século XX.
Pertenciam ambos ao partido comunista mexicano, mas as suas obras, tal como eles
mesmos, diferiam na sua dimensão física e emocional; Frida, uma mulher frágil e
debilitada, pintava quadros mais intimistas, enquanto Rivera procurava
representar grandes temas históricos como a construção da civilização mexicana
e o resgate do seu legado. O casal tinha uma relação tumultuosa, mas
apaixonada, e Rivera não continha a admiração pela obra da mulher. "Frida
Kahlo é a maior pintora mexicana. O seu trabalho será multiplamente reproduzido
e, graças à literatura, vai comunicar com o mundo. É um dos mais formidáveis
legados artísticos e o mais intenso testemunho da verdade humana dos nossos
dias'', declarou Rivera numa entrevista concedida em 1953, um ano antes da
morte de Frida.
Diego Rivera e Frida
Kahlo em San Angel, 1940 © Nickolas Muray.
Mural
de Diego em São Francisco - USA
©
obvious: http://obviousmag.org/archives/2010/11/obras_emblematicas_de_diego_rivera.html#ixzz3kgQQ5PCG
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