sexta-feira, 16 de outubro de 2015

FRIDA KAHLO: A VIDA COMO A MAIS EXUBERANTE E VISCERAL DAS ARTES

Arte Pictórica






Publicado por Sílvia Marques,
é paulistana , escritora , bacharel em Cinema, professora universitária e doutora em Comunicação e Semiótica. Entre seus livros estão "Como identificar e se livrar de um babaca: Guia de sobrevivência feminina, "Hispanismo e erotismo: O cinema de Luis Buñuel", "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação", indicado ao Jabuti 2013. Defendo a ideia de que filmes inteligentes e críticos podem estimular em longo prazo novas atitudes, pensamentos e sentimentos. Autora do blog Garota desbocada.


Não existe separação entre a obra e a vida de Frida: as duas se embolam e se engalfinham com uma extrema sensualidade e senso de tragédia. Não sabemos onde termina a pintora e onde começa a mulher. As duas são uma só e Frida pintou com a mesma paixão dolorida com que viveu: quebrando a cara, se perdendo, se reencontrando em amores passageiros, fazendo política , sexo, arte, alegria, escândalo, revolução.



A atriz Salma Hayek como Frida e a Frida real
A pintora mexicana Frida Kahlo que atualmente é relembrada no museu Tomie Ohtake, foi muito mais do que uma artista altamente criativa e irreverente. Frida foi politizada nos sentidos mais amplos da palavra, readaptando todos os cinzas da realidade em cores vibrantes. Frida foi mais do que politizada, ela viveu de acordo com as suas ideias. Frida era intensa, passional, verdadeira dentro dos seus jogos de sedução.

Imagem do filme Frida protagonizado e produzido por Salma Hayek

Frida
Frida foi heterossexual apaixonada pelo magnético pintor Diego Rivera com quem foi casada por quase toda a vida numa relação altamente turbulenta e frutífera, trágica e cômica simultaneamente, lúdica, pesada, criativa e companheira, tudo ao mesmo tempo, bem ao estilo das dicotomias da América Latina.
Mas a sua heterossexualidade não a impediu de vivenciar momentos com mulheres. Tudo que Frida vivia parecia realmente ingrediente essencial de sua reinvenção. Frida, mais do que a maioria das pessoas, precisava se reinventar constantemente. Primeiro por ser uma artista. Em segundo lugar, por conta das consequências trágicas do acidente de bonde sofrido na adolescência, que provocou danos terríveis à sua saúde, que a acompanharam por toda a vida. Em terceiro, por seu encontro amoroso com Diego Rivera foi uma via de duas mãos. Se por um lado foi a eclosão de sua criatividade e passionalidade no nível máximo, por outro, gerou muito sofrimento em sua vida. Apesar de muito devoto a ela e à sua arte, envolveu-se sexualmente com muitas mulheres, incluindo uma irmã de Frida.

Frida e Diego: lealdade acima da fidelidade. Paixão pela vida e pela arte.
Não existe separação entre a obra e a vida de Frida: as duas se embolam e se engalfinham com uma extrema sensualidade e senso de tragédia. Não sabemos onde termina a pintora e onde começa a mulher. As duas são uma só e Frida pintou com a mesma paixão dolorida com que viveu: quebrando a cara, se perdendo, se reencontrando em amores passageiros, fazendo política, sexo, arte, alegria, escândalo, revolução. Ela transformava a sua própria dor em espetáculo e utilizou suas limitações físicas para fazer uma arte extremamente pessoal. Frida fez muitos autorretratos. Frida recriou a sua própria tragédia e mesmo extremamente machucada depois do acidente que comprometeu sua saúde por toda a vida, a jovem jocosa conseguiu fazer piada. Uma barra entrou por seu quadril e saiu por sua vagina. Ela brincou com o namorado dizendo que falaria ao médico que fora desvirginada pela barra.





Diferentemente das moças casadoiras da sua época , inicio do século XX, Frida não via no casamento o melhor ou o único caminho. Desejou ser mãe sem conseguir devido às consequências de seu acidente, mas não permitiu que as impossibilidades e limitações físicas e sentimentais lhe roubassem o riso despudorado, o prazer pela boa comida, pela arte feroz, pela música intensa, pela dança sensual, por política, pelo álcool, pelo sexo apaixonado, pelo frenesi dos romances e dos momentos.
Cena do filme Frida. Em retrato de família, a jovem Frida faz questão de se vestir como homem. Tal atitude demonstra seu caráter lúdico, transgressor e seu profundo senso de liberdade.

Frida transformou a sua vida em uma grande obra de arte
Frida afirmava que seus quadros não eram surrealistas pois ela retratava apenas a realidade, a sua realidade. Porém, o âmago da arte surrealista é revelar o mais comezinho, o mais real por meio do sonho, do delírio.
O Surrealismo foi uma das importantes vanguardas europeias e como todo artista de vanguarda que se preze, a transgressão ultrapassa os limites das obras e inunda a vida ressignificando tudo com cores vivazes e gostos gozosos.
Entender a obra e a vida de Frida é de certa forma entender o espírito ambíguo, mestiço e extremamente apaixonado e apaixonante do México e em menor medida da América Latina de um modo geral.
Casa azul: Residência da família de Frida na Cidade do México foi transformada em museu

Casa azul: Residência da família de Frida na Cidade do México foi transformada em museu
Frida sempre ressaltou muito esqueletos em sua arte devido aos seus problemas de saúde.



Nenhum comentário:

Postar um comentário