MPB – Música Popular Brasileira
Nenhum brasileiro vendeu tantos discos nos
Estados Unidos como este pianista
CARLOS GALILEA Madri,
Para EL País – O JORNAL GLOBAL - Facebook
O
músico brasileiro Sergio Mendes. / ULY
MARTÍN
Mendes havia encontrado sua pedra filosofal: uma inovadora combinação de
grandes canções em inglês, ritmos brasileiros suavizados e duas sugestivas
vozes femininas: Lani Hall e Janis Hansen –pouco depois Karen Philipp. Assim
chegaram Night and Day, The Look of Love, The Fool on the
Hill – com o qual vendeu mais singles do que os
próprios Beatles–, os prêmios Grammy, Brasil ’77 e ’88, e também seu casamento
com Gracinha Leporace, a cantora que havia ocupada na banda o lugar de Lani
Hall, já uma senhora —e até o dia de hoje— de Herb Alpert.
Estudante de
piano clássico e aspirante a concertista, Sergio Mendes se alimentou de
pianistas de jazz como Bud Powell e Horace Silver, enquanto a bossa nova
começava a se projetar pelo mundo a partir do Rio de Janeiro. Com apenas 19 anos já tinha conquistado reputação de bom pianista.
Cruzava de barca a Baía de Guanabara, desde sua Niterói até Copacabana, para
tocar com seu trio no Little Club ou no Bottle´s Bar do famoso Beco das
Garrafas. Em 1961, lançou seu primeiro disco, o instrumental Dance
Moderno, e organizou o Sexteto Bossa Rio para a joia discográfica Você
Ainda Não Ouviu Nada, com músicos capazes de tocar com o saxofonista
Cannonball Adderley em Nova York ou com o guitarrista Barney Kessell em Los
Angeles.
Há mais de
50 anos mora na Califórnia. Ainda que em 1992, com o premiado Brasileiro,
tenha renovado os laços com seu país de origem, gravando tambores de escola de
samba e blocos afros, em quadras e ruas do Rio e Salvador, e dando voz a novos
artistas como Carlinhos Brown. Estava há quase uma década sem gravar quando, em
2006, um admirador, will.i.am., bateu a sua porta. Primeiro o convenceu a
colaborar com o The Black Eyed Peas em um trabalho de Elephunk;
depois para assinar o impactante Timeless, produzido pelo
próprio will.i.am. com participações de Justin Timberlake, Erykah Badu e Stevie Wonder. A versão eletrônica e em rap de Mas Que
Nada foi usada pela Nike em sua campanha para a Copa do Mundo de 2006.
E foi a um Sergio Mendes rejuvenescido que os produtores recorreram para as
trilhas sonoras dos filmes de animação Rio e Rio 2.
Em 1971 havia decidido instalar
um estúdio de gravação na garagem da casa comprada em Encino (Los Angeles).
Durante os seis meses que durou a obra, Sergio Mendes e o carpinteiro que
tinham lhe recomendado construíram uma boa amizade. E continuaram se
encontrando de vez em quando. Claro que algumas coisas mudaram. O estúdio foi
destruído pelo terremoto de 17 de janeiro de 1994. E o jovem carpinteiro, que
desejava ser ator e chegou à casa de Mendes pela primeira vez com cabelo
comprido, barba e calça surrada, finalmente realizou o sonho de trabalhar no
cinema. Inclusive se tornou um grande nome de Hollywood: Harrison Ford.
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