Arte do grafite
Publicado
em por Rafaela
Werdan,
Vivo para ser livre. Nada mais...
'Lata 65' é o nome do
projeto que leva o conhecimento do grafite aos "jovens" de mais de 65
anos. Com oficinas divertidas, os idosos aprendem sobre história da arte e tem
aulas práticas de produção dos próprios stencils para que possam colocar as
"mãos na lata".
Terceira idade é considerada a idade
ultrapassada. É a idade do descanso e do ócio quase que absoluto. São
destacadas para essa idade atividades que não mexam muito com sua criatividade
e que os façam acreditar que são incapazes de ambicionar fazer algo mais
ousado. Com isso, os idosos frequentemente parecem estar desconectados do mundo
presente. A juventude se distancia cada vez mais ideologicamente de seus
antecessores por eles resistirem em aprender algo novo para que possam
continuar a se lapidar junto ao mundo.
A verdade é que, talvez, lhes faltem
oportunidades que os façam sentir-se úteis e ativos novamente. O projeto luso
'Lata 65', criado pela arquiteta Lara Seixo Rodrigues, de 36 anos, vem
mostrando que não há idade para arte, e que através dela as gerações mais
velhas e mais jovens podem se conectar novamente de maneira leve e divertida.
"Costumo dizer que a lata de spray de
tinta tem algo de mágico que não sei explicar. Todo mundo gosta de experimentar
e o idoso não é exceção. Claramente o "Lata 65" se apresenta como um
projeto de inclusão e integração deste grupo etário na própria cidade e os
desperta para a arte na sua generalidade", disse Lara.
O projeto foi criado em 2012, quando Lara,
que também é co-fundadora do WOOL (Festival de Arte Urbana da Covilhã, em
Portugal), foi desafiada a fazer um workshop de arte urbana para a 3ª idade,
visto que as pessoas que mais se mostravam curiosas e interessadas nesse tipo
de arte em outros eventos eram os idosos. Nas oficinas que serão realizadas nos
próximos meses, centenas de idosos já demonstraram interesse.
A organização oferece sprays, máscaras, luvas
e todo o apoio para que eles soltem a imaginação e deixem tudo mais colorido.
"O nosso desejo é que a 3º idade, à qual todos chegaremos, seja olhada de
outra forma e exista investimento de qualidade. Há um dos depoimentos, que se
repete sempre e é muito importante para mim, que é: 'hoje percebo aquilo que
vejo pelas ruas'", concluiu Lara.
A arte contemporânea é a arte que abriga
maiores possibilidades de liberdade de expressão em relação a arte dos demais
períodos. O grafite é uma grande expressão dessa liberdade que iniciado nas
ruas em 1970, tinha como maior objetivo falar sobre a opressão vivida pela
humanidade, falar sobre a desigualdade e a realidade vivida nas ruas. Por muito
tempo considerada arte marginal, o grafite conquistou o seu espaço pela
violência das cores fortes e da imensa criatividade de variados povos com suas
variadas culturas misturadas pela globalização. Ver essa arte ser apropriada
por idosos é sinônimo de avanço cultural e ideológico. È a vitória das novas
vozes ante as antigas. È o acordo de todos os tempos ao mesmo tempo. Viva a
street art!
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