sábado, 24 de outubro de 2015

WILLIAM BLAKE: ABRA AS PORTAS DA SUA PERCEPÇÃO

Literatura






Publicado por Luís Otávio Hott,
é “escritor e flaneur-voyeur, um flanvoyeur entre o playground e o abismo.
Artista e alma incerta.”


(Um instigante trabalho que tenta explicar William Blake, grande poeta inglês)




William Blake foi um poeta, tipógrafo e pintor inglês, sendo sua pintura definida como pintura fantástica. Blake viveu num período significativo da história, marcado pelo iluminismo e pela Revolução Industrial na Inglaterra.





 
“S. e as porta da percepção se desvelarem, cada coisa apareceria ao homem como é, infinita.”

William Blake, nascido em Londres, 28 de novembro de 1757, morreu em Londres, 12 de agosto de 1827, foi um poeta, visionário, messias, louco e artista plástico.

Blake viveu num período significativo da história, marcado pelo Iluminismo e pela Revolução Industrial na Inglaterra. A literatura estava no auge do que se pode chamar de clássico "augustano", uma espécie de paraíso para os conformados às convenções sociais, mas não para Blake que, nesse sentido era romântico, "enxergava o que muitos se negavam a ver: a pobreza, a injustiça social, a negatividade do poder da Igreja Anglicana e do estado." Blake nasceu numa família de classe média. Seu pai era um fabricante de roupas e sua mãe cuidava da educação de Blake e seus três irmãos. Logo cedo a bíblia teve uma profunda influência sobre Blake, tornando-se uma de suas maiores fontes de inspiração.
Desde muito jovem Blake dizia ter visões. A primeira delas ocorreu quando ele tinha cerca de nove anos, ao declarar ter visto anjos pendurando lantejoulas nos galhos de uma árvore. Mais tarde, num dia em que observava preparadores de feno trabalhando, Blake teve a visão de figuras angelicais caminhando entre eles. Com pouco mais de dez anos de idade, Blake começou a estampar cópias de desenhos de antiguidades Gregas comprados por seu pai, além de escrever e ilustrar suas próprias poesias.


Em 1779, Blake começou seus estudos na The Royal Academy, uma respeitada instituição artística Londrina. Sua bolsa de estudos permitia que não pagasse pelas aulas. Este período foi marcado pelo desenvolvimento do caráter e das ideias artísticas de Blake, que iam de encontro às de seus professores e colegas.
Em 1782, após um relacionamento infeliz que terminou com uma recusa à sua proposta de casamento, Blake casou-se com Catherine Boucher. Blake ensinou-a a ler e escrever, além de tarefas de tipografia. Catherine retribuiu ajudando Blake devotamente em seus trabalhos, durante toda sua vida.
Blake escreveu e ilustrou mais de vinte livros, incluindo "O livro de Jó" da Bíblia, "A Divina Comédia" de Dante Alighieri - trabalho interrompido pela sua morte - além de títulos de grandes artistas britânicos de sua época. Muitos de seus trabalhos foram marcados pelos seus fortes ideais libertários, principalmente nos poemas do livro Songs of Innocence and of Experience ("Canções da Inocência e da Experiência"), onde ele apontava a igreja e a alta sociedade como exploradores dos fracos.
No primeiro volume de poemas, Canções da inocência (1789), aparecem traços de misticismo. Cinco anos depois, Blake retoma o tema com Canções da experiência estabelecendo uma relação dialética com o volume anterior, acentuando a malignidade da sociedade. Inicialmente publicados em separado, os dois volumes são depois impressos em Canções da inocência e da experiência - Revelando os dois estados opostos da alma humana.
William Blake expressa sua recusa ao autoritarismo em Não há religião natural e Todas as religiões são uma só, textos em prosa publicados em 1788. Em 1790, publicou sua prosa mais conhecida, O matrimônio do céu e do inferno, em que formula uma posição religiosa e política revolucionária na época: "a negação da realidade da matéria, da punição eterna e da autoridade".


Apesar de seu talento, o trabalho de gravador era muito concorrido em sua época, e os livros de Blake eram considerados estranhos pela maioria. Devido a isto, Blake nunca alcançou fama significativa, vivendo muito próximo à pobreza.
Blake frequentemente é chamado de místico, mas isto não é realmente preciso. Ele escreveu deliberadamente no estilo dos profetas hebreus e escritores apocalípticos. Ele pressentiu que seus trabalhos eram como expressões de profecias, enquanto seguia nos passos de Milton. Na realidade, ele acreditou claramente que foi a incorporação viva do espírito de Milton.
A seguir algumas frases de William Blake que selecionei, retiradas dos Provérbios do Inferno:
“Nunca saberás o que é suficiente enquanto não souberes o que é mais que suficiente.”
“O caminho do excesso conduz ao palácio da sabedoria.”
“Conduz teu carro e teu arado por sobre os ossos dos mortos.”
“A Prudência é uma solteirona rica e feia, cortejada pela Impotência.”
“Quem deseja, mas não age, gera a peste.”
“O verme partido perdoa ao arado.”
“As horas de loucura são medidas pelo relógio; mas nenhum relógio mede as de sabedoria.”
“O manto do orgulho é a vergonha.”
“As Prisões se constroem com as pedras da Lei, os Bordéis, com os tijolos da Religião.”
“O excesso de tristeza ri; o excesso de alegria chora.”
“A raposa condena a armadilha, não a si própria.”
“A cisterna contém; a fonte derrama.”
“Um só pensamento preenche a imensidão.”
“Dizei sempre o que pensa, e o homem torpe te evitará.”
“Tudo o que se pode acreditar já é uma imagem da verdade.”
“A águia nunca perdeu tanto o seu tempo como quando resolveu aprender com a gralha.”
“A maldição aperta. A benção afrouxa.”
“Melhor matar uma criança no berço do que acalentar desejos insatisfeitos. “



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