Beleza
Publicado por Taís Kerche
é viciada
em ver, interpretar, analisar e tagarelar sobre qualquer manifestação
artística, cultural e social. A arte é a minha religião, os espaços teatro,
cinema, museu são os meus templos.
Mercado de cosméticos, clínicas e aparelhos
de estética, revistas e mais revistas que ditam uma beleza irreal. Contra tudo
isso é o trabalho da artista Evelyn e sua personagem Negahamburguer. Aceite o
seu corpo é o mantra dessa artista.
Dieta para o verão esteja linda na praia, a
tendência do inverno, o penteado do outono, boa forma, pronta para arrasar,
barriga negativa, o biquíni que cabe no seu corpo, de ex-gordinha a musa. São
tantas as manchetes nas capas das revistas, nos programas de TV, nos anúncios
do Facebook, que é quase impossível não ser atingida por eles e começar a olhar
para si mesma se comparar e, em segundos, entrar em uma crise existencial de
inadequação.
Evelyn Queiroz, artista, é contra tudo isso.
Com sua personagem Negahamburguer, ela questiona todos esses padrões, milita
contra a ditadura da beleza e o mais importante, nos tira do bombardeio
midiático e nos coloca em um campo de paz e normalidade.
Seus desenhos mostram mulheres reais. Gordas,
magras, altas, baixas, peludas e disformes. Mulheres que se assumem como são de
uma forma impactante. A maioria está nua ou seminua, algumas estão comendo
guloseimas, outras em posições eróticas e sensuais. Todas com rostos angelicais
e o mais importante, passam a sensação de que estão muito, mas muito à vontade
com seus corpos, sejam eles da forma que são.
O trabalho de Negahamburguer traz três
mensagens importantíssimas a meu ver. A primeira é para as mulheres se aceitarem
do jeitinho que são e valorizarem a sua beleza e sensualidade mesmo que seus
corpos sejam diferentes do que a revista diz como ideal. A segunda é sobre
respeito e amor, sobre a aceitação do diferente, sobre o quanto a sociedade
deve parar de discriminar o que está fora do padrão. Em uma matéria da revista
TPM, Evelyn diz: "Todo o julgamento
sobre o corpo feminino é falta de amor e respeito com o próximo, então é isso
que eu mais quero comunicar." A terceira é quase um grito contra a
ditadura do corpo perfeito, do poder do corpo magro evidenciado pela mídia a
cada segundo.
Se pararmos para pensar, não é nada
interessante para a grande indústria da beleza que a mulher se aceite do jeito
que é. Há uma gama gigantesca de produtos a serem consumidos em prol da beleza
imposta. Vamos a eles: clínicas e aparelhos de estética, todo o mercado de
cirurgia plástica que deve gerar lucros estratosféricos, cosméticos que
prometem milagres, remédios emagrecedores, produtos naturais que prometem mais
um outro tanto de milagres e outra infinidade de elementos.
Tudo isso vendido de uma forma um tanto
cruel, dizendo a todos que só com um corpo perfeito você vai conseguir ser
feliz e a Evelyn Negahamburguer está dizendo com a sua arte: - peraí, não é bem
assim!
Ela está nos muros da cidade de São Paulo, em
graffitis, está em aquarelas e nanquins, está em postes e muros no formato de
lambes, está em livro recheado de ilustrações e depoimentos de mulheres que
algum dia foram discriminadas por ser o que são. Está também no Facebook. Negahamburguer já está também adentrando em nossos
corpos e corações.
Espero de todo o coração, corpo e beleza
real, que o trabalho de Evelyn transforme um pouquinho a mente e os olhos dos
imperfeitos e reais desse mundo. Que sua mensagem espalhe amor e respeito, pois
ela é extremamente importante para a sociedade atual.
Uma pequena amostra dos seus desenhos:
©
obvious: http://obviousmag.org/tagarelicious/2015/artista-evelyn-a-negahamburguer-x-ditadura-da-beleza.html#ixzz3rwCzXLvr
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