quinta-feira, 26 de novembro de 2015

NIETZSCHE: UMA DINAMITE NA FILOSOFIA

Filósofos




Publicado por Edivan Santtos,
“... vejo-me diante de duas possibilidades: ou a razão, no homem, não faz senão dormir e engendrar monstros, ou o homem, sendo indubitavelmente um animal entre os animais, é, também, o mais irracional entre todos eles"


"Por vezes as pessoas não querem saber a verdade porque não desejam que suas ilusões sejam destruídas". Um dos filósofos mais críticos, Nietzsche utilizou uma linguagem diferente em seus livros. Quebrando os paradigmas de sistemas filosóficos tradicionais, o filósofo usou uma linguagem poética e aforismática. Seus textos enigmáticos são uma obra filosófica divisora de águas na filosofia.



Grande parte dos filósofos se ocupou de procurar um significado para a pergunta; “o que é a filosofia?” Nietzsche seguiu um caminho diferente. Partindo de um ponto de vista inusitado e arrogante inicialmente, o filósofo alemão tinha pensamentos únicos e inconfundíveis, que o tornou tão odiado e tão amado. Os extremos que o pensamento de Nietzsche vive é o reflexo de sua genial obra.
"Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia"
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken, Alemanha. Filho de um casal luterano, sendo pai pastor em uma pequena igreja, o filósofo desde cedo já notara o que a linguagem poderia causar nas pessoas, o poder de persuasão. Tanto foi que Nietzsche se graduou em filologia e lecionou a disciplina na universidade da Basiléia, até seu afastamento por motivos de saúde.
O pensamento de Nietzsche é envolvente, depois de conhecido nenhum leitor olhará para os demais livros da forma como os via. Alguns argumentam que é uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo em que estamos envolvidos em tais pensamentos, não chegamos muitas vezes a discordar do autor, sendo dessa forma influenciados pelo peculiar pensamento filosófico. No entanto, certo é que; é um filósofo que não deveríamos extingui-lo das nossas leituras.
Muitas vezes, incompreendido, Nietzsche foi vítima de calúnias pelos seus pensamentos, grande parte das calúnias proferidas pela sua irmã. O filósofo não se importou com o fato de ser incompreendido e não aceito no meio acadêmico. Desse, ele queria distância. Chegando a dizer: "Há homens que já nascem póstumos". Impossível seria descrever todas as teses de Nietzsche em espaço tão curto. Mesmo que fosse apenas numa área ou subárea; Filosofia, filologia, educação, arte, música, cultura. Seu pensamento foi muito criticado e ainda o é nos dias atuais.
Friedrich Nietzsche se tornou um dos filósofos mais estudados, sendo, por esse motivo, mal interpretado na maioria das vezes. Muitas traduções duvidosas são postas ao público leigo que desconhece as ideias reais do autor, por conta de péssimas traduções, e falta de "orientação" nas suas leituras que, quase sempre, acabam distorcendo suas interpretações.


Um dos principais objetivos do filósofo sempre foi "quebrar ídolos". É esse o alicerce da filosofia de Nietzsche, não erigir novos ídolos. Antes, derrubá-los de seus tronos, fazendo dessa forma um exercício de pensamento próprio. Como nos diz o filósofo:
"Melhorar a humanidade? Eis a última coisa que eu prometeria. Não esperem de mim que eu erija novos ídolos! Que os antigos aprendam como é ter pés de barro! Derrubar "ídolos"-é assim que chamo todos os ideais-, esse é meu verdadeiro ofício. É inventando a mentira de um mundo ideal que se tira o valor de realidade, sua significação, sua veracidade...A mentira do ideal foi até agora a maldição que pesou sobre a realidade, a própria humanidade se tornou mentirosa e falsa até o mais fundo de seus instintos-até a adoração dos valores opostos àqueles que poderiam lhe garantir um belo crescimento futuro..."
Nietzsche se opôs a uma verdade única e imutável, conceitos para ele só atrapalhavam o conhecimento. No texto Sobre a verdade e a mentira em um sentido "extra moral" ele diz: "Em algum recanto do universo espalhado na cintilação de inúmeros sistemas solares, havia certa vez uma estrela onde animais mais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mentiroso da "história universal". Mas foi somente um minuto."
A linguagem poética repleta de analogias é algo único (dessa forma), inconfundível à escrita de Nietzsche. Sua aversão às verdades últimas é evidente, tanto é que no livro Além do bem e do mal o filósofo nos lembra:
" O solitário[...]duvida até que um filósofo possa ter opiniões "verdadeira e últimas"; ele se pergunta se não há nele, necessariamente, por trás de cada caverna uma outra que se abre, mais profunda ainda, e abaixo de cada superfície um mundo subterrâneo mais vasto, mais estranho, mais rico, sob todas as fundações, um âmago é o juízo solitário. [...]. Toda filosofia dissimula uma outra filosofia, toda opinião é um esconderijo, toda palavra pode ser uma máscara."


"Minha fórmula para o que há de grande no homem é o amor fati: nada desejar além daquilo que é, nem diante de si, nem atrás de si, nem dos séculos dos séculos. Não se contentar em suportar o inelutável, e ainda menos dissimulá-lo-todo idealismo é uma maneira de mentir diante do inelutável mas, amá-lo."
Toda a filosofia de Nietzsche foi pensada "no homem", uma das forma desse se tornar "aquilo que é" era através do amor fati esperar um pouco menos, amar um pouco mais. Viver o amor presente, não preso ao passado nem com promessas futuras. Esse era o amor fati descrito pelo filósofo. Através desse amor, chegaríamos ao que ele chamou de seu pensamento mais forte. O eterno retorno. Não como foi já interpretado uma volta aos filósofos antigos. O eterno retorno, seria uma forma cíclica de vontades. Dito de outra forma, Nietzsche nos preleciona que devemos viver de forma que não tenhamos nenhum arrependimento, em que o momento que vivemos, tivéssemos o prazer e vontade de repeti-lo diversas vezes. Eternamente.
Para não incorrermos em um texto logo, terminamos o texto com um pequeno vídeo que merecia ser exibido em todas as escolas de nível fundamental maior e médio. Algo que reflete o pensamento de Nietzsche e o poder da leitura.



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