A aRTE DO GRAFITE
Publicado por Rafael Pinheiro,
“além de
marketeiro é a dicotomia em pessoa. Adora cinema cult e as tramas de novelas,
faz dieta e come acarajé, adora uma preguicinha na rede mas não dispensa uma
saída com os amigos. Ama fotografia, gastronomia e o pôr do sol. É conciliador.
Se interessa por tudo o que se refere ao cotidiano. Tem como objetivo viver o
diferente em vários rincões deste planeta.”
Visto inicialmente
como poluição visual, o grafite vem, cada vez mais, se tornando um instrumento
possível de embelezamento e uma forma de protesto e de crítica aos problemas
das grandes cidades.
Desde os primórdios, a raça
humana sempre sentiu necessidade de se comunicar, ainda que no começo fosse com
desenhos rupestres em cavernas, ilustrando cenas de caça e rituais.
Exemplo de pintura rupestre.
O tempo passou, nossa comunicação evoluiu,
nossa sociedade se desenvolveu e encontramos ao longo de nossa história, vários
exemplos da evolução da arte de rua. Em Pompéia, no império romano, foram
encontradas inscrições, com xingamentos, poesias e pasmem: até propaganda
política! Avançando um pouco mais, chegamos aos anos 60, quando as latinhas de
spray ficaram bastante populares na revolta de 1968 em Paris, sendo usadas para
imprimir palavras de ordem e protesto nos muros da cidade, ficando mais
comumente conhecida não como arte, mas como pichação. No ano seguinte, elas
começaram a dominar as ruas de Los Angeles, para uma outra função bem
diferente: demarcar territórios de gangues que traficavam drogas.
Pichação em Pompéia, a época do Império
Romano.
Na Nova York dos anos 70, nascia a arte do
grafite. Uma arte nascida das minorias, como um movimento cultural. Arte
porque, diferente da pichação, ela possui técnicas e desenhos elaborados,
muitas vezes "obriga" as pessoas a interpretarem, além de estar
intimamente ligada ao movimento hip hop. Desde então, uma batalha vem sendo travada
nas grandes cidades: tratar os murais de grafite como um bem cultural ou como
vandalismo?
O preconceito contra esta arte sempre esteve
presente desde o início. A ideia do vandalismo, da marginalização, deve-se por
alguns motivos básicos: além de um certo tempo ser erroneamente ligada às
gangues, os murais eram confeccionados em qualquer lugar, sem regulamentos ou
consentimentos, além de ser confundido com a pichação, que essa sim é uma
poluição visual e ao mesmo tempo uma disputa entre os pichadores para ver quem
consegue chegar mais alto e em locais de difícil acesso.
Exemplo de pichação
Como todo artista, o grafiteiro busca sua
inspiração em algum tema, que em muitos casos, são urbanos e críticos à
sociedade, como um pedido de reflexão àqueles que passam pelos seus murais. O
mais importante é que ele tenha a sua identidade, uma linha mestra para
desenvolver seus desenhos e inclusive ser reconhecido. O artista rascunha a sua
"tela" antes de reproduzi-la nos muros, ou ele consegue ter uma visão
mais criativa e aproveita o próprio espaço para complementar com a sua arte. E
é nisso que está a graça do grafite e ele deveria ser encarado e classificado
como arte, já que possui os elementos fundamentais para tal.
Exemplos de arte grafiteira.
A passos lentos, o grafite vem sendo visto
com outros olhos. Com as devidas autorizações e com o objetivo de valorizar o
patrimônio público, o artista consegue desenvolver seu mural. O fato é que a
arte grafiteira é democrática, vem sendo mais respeitada pela sua estética e é
boa para a sociedade em geral, porque cria e lança novos artistas, integra
pessoas que poderiam estar em risco social, muitas vezes nos coloca em um
estado de questionamento, valoriza o espaço urbano, além de termos a
oportunidade de estarmos em uma galeria de arte aberta à todos, sem fronteiras.
© obvious: http://lounge.obviousmag.org/hora_critica/2015/03/o-grafite-como-expressao-de-arte-e-pensamento-coletivo.html#ixzz3sJm2lYEo
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