terça-feira, 24 de novembro de 2015

O GRAFITE COMO EXPRESSÃO DE ARTE E PENSAMENTO COLETIVO

A aRTE DO GRAFITE




Publicado por Rafael Pinheiro,
“além de marketeiro é a dicotomia em pessoa. Adora cinema cult e as tramas de novelas, faz dieta e come acarajé, adora uma preguicinha na rede mas não dispensa uma saída com os amigos. Ama fotografia, gastronomia e o pôr do sol. É conciliador. Se interessa por tudo o que se refere ao cotidiano. Tem como objetivo viver o diferente em vários rincões deste planeta.”



Visto inicialmente como poluição visual, o grafite vem, cada vez mais, se tornando um instrumento possível de embelezamento e uma forma de protesto e de crítica aos problemas das grandes cidades.


Desde os primórdios, a raça humana sempre sentiu necessidade de se comunicar, ainda que no começo fosse com desenhos rupestres em cavernas, ilustrando cenas de caça e rituais.


Exemplo de pintura rupestre.
O tempo passou, nossa comunicação evoluiu, nossa sociedade se desenvolveu e encontramos ao longo de nossa história, vários exemplos da evolução da arte de rua. Em Pompéia, no império romano, foram encontradas inscrições, com xingamentos, poesias e pasmem: até propaganda política! Avançando um pouco mais, chegamos aos anos 60, quando as latinhas de spray ficaram bastante populares na revolta de 1968 em Paris, sendo usadas para imprimir palavras de ordem e protesto nos muros da cidade, ficando mais comumente conhecida não como arte, mas como pichação. No ano seguinte, elas começaram a dominar as ruas de Los Angeles, para uma outra função bem diferente: demarcar territórios de gangues que traficavam drogas.

Pichação em Pompéia, a época do Império Romano.
Na Nova York dos anos 70, nascia a arte do grafite. Uma arte nascida das minorias, como um movimento cultural. Arte porque, diferente da pichação, ela possui técnicas e desenhos elaborados, muitas vezes "obriga" as pessoas a interpretarem, além de estar intimamente ligada ao movimento hip hop. Desde então, uma batalha vem sendo travada nas grandes cidades: tratar os murais de grafite como um bem cultural ou como vandalismo?
O preconceito contra esta arte sempre esteve presente desde o início. A ideia do vandalismo, da marginalização, deve-se por alguns motivos básicos: além de um certo tempo ser erroneamente ligada às gangues, os murais eram confeccionados em qualquer lugar, sem regulamentos ou consentimentos, além de ser confundido com a pichação, que essa sim é uma poluição visual e ao mesmo tempo uma disputa entre os pichadores para ver quem consegue chegar mais alto e em locais de difícil acesso.

Exemplo de pichação
Como todo artista, o grafiteiro busca sua inspiração em algum tema, que em muitos casos, são urbanos e críticos à sociedade, como um pedido de reflexão àqueles que passam pelos seus murais. O mais importante é que ele tenha a sua identidade, uma linha mestra para desenvolver seus desenhos e inclusive ser reconhecido. O artista rascunha a sua "tela" antes de reproduzi-la nos muros, ou ele consegue ter uma visão mais criativa e aproveita o próprio espaço para complementar com a sua arte. E é nisso que está a graça do grafite e ele deveria ser encarado e classificado como arte, já que possui os elementos fundamentais para tal.

Exemplos de arte grafiteira.
A passos lentos, o grafite vem sendo visto com outros olhos. Com as devidas autorizações e com o objetivo de valorizar o patrimônio público, o artista consegue desenvolver seu mural. O fato é que a arte grafiteira é democrática, vem sendo mais respeitada pela sua estética e é boa para a sociedade em geral, porque cria e lança novos artistas, integra pessoas que poderiam estar em risco social, muitas vezes nos coloca em um estado de questionamento, valoriza o espaço urbano, além de termos a oportunidade de estarmos em uma galeria de arte aberta à todos, sem fronteiras.



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