Fotografia
Daguerreótipos
Heliographie - a primeira fotografia
Primeiro daguerreótipo bem sucedido
Recife, 1851. Fredricks
Desde
a criação da câmara e da câmera lúcida, que permitiam que os artistas desenhassem
as imagens diretamente projetadas sobre uma superfície, houve o desejo de
descobrir um meio de fixar as imagens "desenhadas" através da luz, sem
interferência do artista. Substâncias capazes de escurecer em contato com
a luz já eram conhecidas desde o século XIII, mas era impossível fixar somente a imagem
desejada e eliminar as áreas não expostas, pelo que, pouco depois da exposição
à luz toda a superfície sensibilizada escurecia. O primeiro relato fiável da
produção de uma fotografia através da câmara obscura é de Thomas Wedgwood, em 1790, mas
segundo outro relato de 1802, a imagem era muito pálida para ser
considerada um sucesso. Em 1822, Joseph Niépce, ao mesmo tempo em que desenvolvia um método
para copiar desenhos para a litografia usando a luz solar, conseguiu fixar uma
imagem projetada por uma câmara obscura (da janela de seu estúdio) numa
superfície, usando betume da Judeia (o processo foi batizado de heliografia -
"desenho com o Sol"), mas eram necessárias 8 horas de exposição à
luz, tornando o processo inviável. Após a morte de Niépce, em 1833, Louis Daguerre continuou seus estudos, desta vez testando
placas sensibilizadas com iodeto de prata. Após quebrar acidentalmente um termómetro de mercúrio sobre uma placa, ele descobriu que podia
revelar imagens ainda invisíveis (que precisariam horas de exposição para se
tornarem visíveis) após apenas 20 ou 30 minutos de exposição. Mais tarde,
descobriu como fixar a imagem livrando-se dos sais de prata não expostos,
usando uma solução salina. Em 1837,
conseguiu obter o seu primeiro sucesso - um daguerreótipo de uma natureza-morta.
O
processo foi divulgado publicamente em 1839 na
Academia Francesa de Ciências, e batizado de daguerreótipo. No mesmo ano, William Fox Talbot anunciou outro processo fotográfico,
o calótipo. Em vez de patentear o processo, Daguerre
preferiu cedê-lo ao governo francês em troca de uma pensão vitalícia. Assim,
ele tornou-se do domínio público, e logo surgiram vários daguerreotipistas
praticando o processo, ao contrário de Talbot, que exigiu uma licença para
praticar seu processo, tornando a sua popularidade bastante restrita. O
daguerreótipo revolucionou a forma como realidade e ilusão eram percebidas,
além de ter tornado possível que mesmo pessoas com meios modestos pudessem
possuir cópias exatas das próprias feições e das de entes queridos.
Mandé Daguerre e sua invenção, o daguerreótipo
Em 1
de Outubro de 1839, semanas após a invenção do daguerreótipo ter sido divulgada
ao público, a fragata Oriental-Hydrographe partiu de Nantes.
Entre os passageiros do navio estava Louis Compte (ou Comte), que usava uma
máquina daguerreótipo com o propósito de perpetuar as vistas mais notáveis dos
lugares que visitasse.
Durante
o mesmo mês de outubro de 1839, foram obtidas vistas daguerreotípicas em Lisboa, no Funchal e em Santa Cruz de Tenerife, escalas efetuadas pelo navio nos
portos de Portugal e Espanha. Em Lisboa, fizeram uma primeira experiência com o
daguerreótipo na presença da rainha Maria II de Portugal. Desde então, eles daguerreotiparam
diariamente e, dado o longo tempo de exposição necessário para obter uma
imagem, mais certamente nos portos por onde passaram do que a bordo da fragata.
Um retrato de daguerreotipo
Nos
primórdios da técnica da daguerreotipia eram necessários cerca de dez minutos
de exposição sob forte luz solar para obter uma imagem satisfatória. Por isso,
era difícil tirar retratos, e como as pessoas se moviam as ruas pareciam
desertas nas fotografias. As primeiras figuras humanas registadas em fotografia
foram as de um engraxador e seu cliente, que permaneceram na mesma posição até
que a sua imagem ficasse visível.
Mais
tarde, foram desenvolvidas lentes maiores e mais luminosas (por Joseph Petzval) e a sensibilidade das placas foi aumentada
com brometo de prata ou cloreto de prata.
Os
retratos costumavam ser feitos colocando a pessoa encostada a suportes, que
impediam movimentos, permitindo a permanência na mesma posição por longos períodos
de tempo. As expressões costumam parecer sisudas e as poses sem vida, embora
haja exceções.
As
placas de prata coloidal ainda hoje são usadas na
fotografia astronômica, uma vez que oferecem maior precisão do que
a gelatina, o filme e mesmo a fotografia digital. O daguerreótipo proporciona ainda maior
estabilidade, já que, mesmo em placas de colódio, a imagem se "move"
ao secar.
Por possuírem características únicas, como o
efeito tridimensional (provocado pela superfície espelhada) e grande precisão
de detalhes, tem sido produzidos daguerreótipos por fotógrafos alternativos
desde o final do século XX.
Nenhum comentário:
Postar um comentário