África
Fernanda
da EscóssiaDo Rio de Janeiro para a BBC Brasil
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Kilombo, assim, com "k", era um
acampamento de guerra dos jagas, um povo africano que vivia onde hoje fica Angola.
O catolicismo foi introduzido na Etiópia quase ao mesmo tempo que na Europa.
Coisas
assim, que você nunca aprendeu sobre a África, ou aprendeu errado – o que dá
quase no mesmo –, estão na lista abaixo, elaborada a pedido da BBC Brasil pela
historiadora Marina de Mello e Souza, coordenadora do NAP (Núcleo de Apoio à
Pesquisa Brasil-África) da USP.
Ela é professora do Departamento de História da
universidade e autora, entre outros livros, de Reis
Negros no Brasil Escravista e África e Brasil Africano,
vencedor do prêmio Jabuti de melhor livro paradidático em 2007 e detentor do
selo “altamente recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil.
Confira
a lista, elaborada às vésperas do Dia da Consciência Negra;
Europeus não controlavam o comércio
No
continente o comércio existe desde a Antiguidade, tanto entre os povos
africanos como com os povos de outros continentes. Até o final do século 19,
eram os africanos que controlavam as trocas comerciais com os europeus.
Há católicos na África há de mais de 1.500 anos
A
Etiópia é uma sociedade católica desde o século 4. Seu rei se converteu ao
catolicismo nesse século, apenas poucas décadas depois que o imperador romano
Constantino adotou essa religião e determinou o fim da perseguição aos cristãos.
Brasil fala português, mas com toque banto
Parte
considerável do nosso vocabulário é de origem banto, um tronco linguístico
africano, o que nos distancia bastante do português de Portugal. São dessa
origem palavras como camburão, camundongo, tonto, zonzo, farofa e macaco.
Gana já existiu em outro lugar
O
atual Benim se localiza onde antes existiu o Daomé e o antigo reino do Benim
localizava-se na atual Nigéria. Gana é onde antes existiu o estado Axante, e na
atual Mauritânia existiu, do século 9 ao 13, uma sociedade poderosa chamada
Gana. Muitos nomes de países africanos atuais são homenagens a antigos reinos
que existiram em outras regiões.
Africanos queriam vender escravos com
'exclusividade'
Alguns
reinos africanos também tinham interesse em manter o tráfico de escravos com o
Brasil. Entre 1750 e 1818, reis do Daomé enviaram cinco missões diplomáticas
para solicitar ao Brasil exclusividade na venda de escravos africanos.
Quilombo (ou melhor, kilombo) era acampamento de
guerra
Kilombo
era o acampamento de guerra dos jagas, povo que viveu na região da atual
Angola. Muitos vieram para o Brasil como escravos, fugiram de seus senhores e
se abrigaram no Quilombo dos Palmares.
Na
avaliação de Marina de Mello e Souza, que leciona História da África desde 2001
na USP, havia no Brasil, até pouco tempo, extremo desconhecimento acerca do
tema, com exceção de nichos muito específicos.
“Isso
fez com que todos nós fôssemos bastante ignorantes a respeito daquele
continente e das populações que lá vivem e viveram”, afirma. Por outro lado, a
professora diz que tem notado extremo interesse dos alunos sobre o assunto e
que a dificuldade inicial costuma ser seguida por espanto e fascinação.
Ao avaliar o material didático, a historiadora
considera que antes era difícil obter textos sobre o tema em português e lista
como referências, no nível universitário, obras de Alberto da Costa e Silva,
como A Manilha e o Libambo (2002) e A África e os Africanos na Formação do Mundo Atlântico, 1400-1800,
de John Thornton, publicado no Brasil em 2004.
Sobre
o ensino fundamental e médio, entende que houve a partir de 2003 – quando
história da África virou disciplina obrigatória nas escolas –, intenso
movimento das editoras no sentido de publicar materiais de apoio.
“Muita
coisa de qualidade duvidosa foi posta à disposição, mas esse quadro tem mudado.
Hoje há muito material de boa qualidade disponível, principalmente entre os
paradidáticos e literatura infanto-juvenil. Os livros didáticos ainda carecem
de tratar com mais cuidado assuntos relacionados ao continente africano,
inseridos como um adendo, para responder à demanda gerada pela obrigatoriedade
estabelecida por lei”, afirma.
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