terça-feira, 8 de dezembro de 2015

APÓS 16 ANOS, OPOSIÇÃO NA VENEZUELA GANHA MAIORIA NA ASSEMBLEIA.



Política internacional: Eleição  na Venezuela
 

O governo Dilma ainda não se pronunciou sobre a derrota do seu aliado

 



Image copyrightsImage captionOpositores do presidente Nicolás Maduro conquistaram 99 das 167 cadeiras do Parlamento do país

A oposição na Venezuela conquistou a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional, revertendo quase duas décadas de domínio dos socialistas (desde 1999, com a primeira eleição de Hugo Chávez) representados pelo presidente Nicolás Maduro.
Cinco horas após o fechamento do pleito, com 96% das urnas apuradas, o Conselho Nacional Eleitoral, órgão responsável pela apuração dos votos, anunciou que a oposição ganhou 99 das 167 cadeiras do Parlamento do país.
Os socialistas, por sua vez, ficaram com 46 cadeiras. Outras 22 ainda vão ser definidas.
Maduro admitiu a derrota, afirmando que seu partido reconheceu "os resultados adversos".
A aliança da oposição, formada por partidos conservadores e de centro, diz estar confiante de que vai obter 112 cadeiras depois de 17 anos de governo socialista.
De acordo com opositores, se confirmada a hipótese, seria possível aprovar leis que permitiriam a libertação de prisioneiros políticos e reverter, por exemplo, indicações do Judiciário feitas pelo governo atual.
"Os resultados são como esperávamos. A Venezuela venceu. É irreversível", tuitou Henrique Capriles, principal figura da oposição e ex-candidato à presidência.
Apesar da derrota, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que governa o país, ainda deve manter forte representatividade no cenário político, já que controla muitos municípios.
As eleições foram amplamente vistas como um referendo antecipado para Maduro, o sucessor de Hugo Chávez (1954-2013), e as políticas socialistas do partido.
A oposição acusou o PSUV de destruir a economia e esbanjar as riquezas de petróleo do país.
Maduro, por sua vez, diz que seu partido defende os interesses dos venezuelanos comuns e quer completar a chamada "Revolução Boliviariana", iniciada por seu antecessor, Hugo Chávez.
'Escassez'
Uma das principais questões levantadas durante a campanha foi a escassez crônica de alimentos ─ como leite, arroz, café, açúcar, farinha de milho e óleo de cozinha.
Maduro afirmou que a situação era resultado da "guerra econômica" travada contra seu governo pela oposição.
Opositores também acusam o governo de práticas autoritárias.
No início deste ano, o líder da oposição Leopoldo López recebeu uma pena de 13 anos por incitar a violência ─ uma acusação que os críticos dizem ter motivações políticas.
A Venezuela convidou observadores da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) para acompanhar as eleições, mas rejeitou integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia.
Na tarde de domingo, o governo venezuelano revogou as credenciais dadas a vários observadores internacionais.
Segundo a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Tibisay Lucena, o ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga descumpriu termos do credenciamento ao dar declarações "sem lugar nestas eleições".
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