quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O INVENTOR DO AR-CONDICIONADO, VENERADO QUANDO CHEGA O CALOR

Ciência/tecnologia

Willis Carrier criou o mecanismo que mudou para sempre a relação do homem com o calor
Revista Time o considerou um dos personagens mais influentes do século XX




Willis Carrier junto a uma de suas máquinas. / WILLISCARRIER.COM


Nos dias de calor se fala muito dos remédios para suportá-lo da melhor maneira possível. Dentre todas as opções uma se destaca notavelmente: o ar-condicionado. Ele e seu inventor são reverenciados nas cidades nas quais a temperatura passa dos 40°. Na Espanha, moradores de Sevilha, Málaga e Córdoba costumam mostrar seu agradecimento público a Willis Carrier, esse homem que torna suas vidas mais agradáveis. Exaltá-lo, colocar seu nome em uma rua e equipará-lo a gênios como Stephen Hawking. Esse é o nível de glorificação causado pelo calor extremo.


O ar-condicionado apareceu nos Estados Unidos graças a esse engenheiro elétrico que se especializou em sistemas de calefação trabalhando para a Buffalo Forge — uma empresa que fabricava aquecedores e diversos elementos para o trabalho com o ar. Os primeiros protótipos desse aparelho que alivia o sufoco de milhões de pessoas foram feitos em 1902.
Carrier criou as bases do mecanismo ao buscar uma solução para os problemas que a umidade e o calor causavam a um de seus clientes, o dono de uma tipografia do Brooklin. A solução, industrial em um primeiro momento, foi aperfeiçoada mais tarde — 1940 — para o uso doméstico. Assim, até chegar ao que conhecemos hoje por ar-condicionado: aparelhos que pegam o ar quente dos ambientes e, através de refrigeradores, o transformam em ar frio.


Antes dessa existiram outras tentativas. Os chineses e os romanos já aplacavam as altas temperaturas incluindo sistemas baseados em água em suas construções. Michel Faraday (cientista que inspirou e deu o nome ao personagem de Daniel Faraday em Lost) também trabalhou nisso e introduziu o amoníaco como elemento de refrigeração. Era um passo adiante, mas o amoníaco não era muito recomendável.
O que Carrier conseguiu foi eliminar a umidade causada pela água e introduzir no mecanismo produtos que o homem pode respirar. É preciso levar em consideração que o fundamental no sistema de ar-condicionado moderno é o refrigerador.


No início Carrier utilizou o amoníaco de Faraday e outros químicos. Hoje em dia, como explica o vídeo da Discovery Max, é utilizada “uma mistura de hidrofluorcarbonetos, produtos químicos que absorvem grandes quantidades de calor enquanto passam de líquido a gás”. Um circuito de metal, um ventilador e um compressor completam a montagem.


Ar-condicionado portátil
Quando se comprovou que a técnica funcionava, Willis Carrier havia perdido seu trabalho na Buffalo Forge e se associado com outras seis pessoas para criar sua própria empresa, a Carrier Engineering Corporation. Começando com um investimento de 32.600 dólares (126.735 reais), a empresa conseguiu exportar sua ideia a todo o mundo. Contaram com clientes de prestígio para isso (as grandes lojas de departamentos J.L. Hudson em Detroit e a Samsung no Japão) e tiveram nas salas de cinema seus melhores aliados para promover seus aparelhos.
Instaurado nos países desenvolvidos como um bem de consumo de massa evoluiu tanto que até mesmo empresas como a Chevrolet estão colocando em seus carros ar-condicionado para os celulares. Os consumidores começaram a se preocupar pelo gasto de energia e econômico do aparelho, além de debater sobre a temperatura que deve ser programada em espaços públicos. A lei coloca o mínimo em 26°, mas as discussões sobre o assunto no local de trabalho são clássicas. Há quem prefira não o utilizar por seus efeitos nocivos ao meio-ambiente, mas alguns especialistas já disseram que, por conta do aumento da temperatura do planeta, será difícil viver sem ele em algumas regiões.
Mas é unânime o quanto ele alivia nossa vida nos meses de mais calor. Alguns estão tão agradecidos, que se pudessem erigiriam um monumento ao seu inventor.

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