Ciência/Tecnologia
Jonathan
AmosCorrespondente de Ciência da BBC News, de São Francisco (EUA)
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Um satélite americano estacionado a um
milhão de milhas (1,6 milhão de km) da Terra conseguiu um registro único de um
eclipse lunar.
Lançada
em fevereiro, a espaçonave DSCOVR tem uma câmera focada constantemente na face
iluminada da Terra.
As
imagens são usadas para rastrear elementos móveis, como nuvens e tempestades de
areia, e para monitorar o clima.
Mas,
em 27 de setembro, o satélite estava na exata posição para ver a Lua passar
atrás da Terra e por sua sombra.
Em
solo, observadores do céu viram o corpo lunar se transformar em uma sombra
vermelha. Isso ocorre porque alguma luz solar ainda atinge a superfície da Lua
após ser filtrada pela atmosfera terrestre.
"Nossa
câmera é normalmente focada na Terra, mas usamos a Lua para calibragem",
disse Jay Herman, o principal investigador da Nasa (agência espacial americana)
no sistema de câmeras do DSCOVR, chamado Epic.
"Isso
é o que estávamos fazendo naquele momento. Estávamos focando na Lua e a Terra
entrou na frente cerca de quatro horas antes de o eclipse ser visto em nosso
planeta. Isso é porque estávamos em uma posição angular, bem ao lado da linha
Sol-Terra."
"A
Terra está em rotação quando passa. É algo único porque você pode observar o
movimento das nuvens", disse Herman durante encontro da União Americana de
Geofísica, em São Francisco (EUA).
Relatórios
mostram que o satélite DSCOVR está em ótimo estado.
Um
de seus objetivos é mapear o comportamento das nuvens. Os diferentes filtros de
onda do sistema permitem estimar a altura das nuvens. Isso é importante para
monitorar sistemas meteorológicos e entender o impacto das nuvens no clima.
Algumas ajudam a resfriar o planeta ao refletir a luz solar de volta para o
espaço, enquanto outras esquentam a Terra ao conservar calor.
Neste
trabalho, o sistema Epic já detectou coisas inesperadas, como o rastro de
navios. Não são as ondas produzidas por embarcações, mas as nuvens que seus
sistemas de exaustão lançam na atmosfera.
"Foi
surpreendente para nós poder observar isso a um milhão de milhas, e as imagens
são melhores quando usamos um comprimento de onda maior, porque isso fornece um
maior contraste com a escuridão do oceano", disse Alexander Marshak,
cientista do projeto.
Um
dos instrumentos do satélite, hoje em fase de testes, é um radiômetro que mede
o total de energia solar refletida na Terra, bem como o calor emitido pelo
planeta.
Principal
investigador dos dados fornecidos por esse equipamento, Steven Lorentz, do
Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, diz que a quantidade de
energia solar refletida depende dos continentes e oceanos em foco. A Terra
refletia mais calor, segundo ele, quando a África estava em foco (superfícies
terrestres são mais brilhantes do que superfícies marítimas), e a Antártica
também ficava visível durante o verão no hemisfério sul.
"Os
dois polos do planeta aparecem de forma muito visível nos dados. Quando a Terra
está inclinada nesta ou naquela direção, isso faz realmente diferença no albedo
planetário (poder de reflexão da luz solar). Isso só reforça a importância do
gelo para o clima, porque se os polos não estivessem ali, ou se diminuírem, a
quantidade de energia (calor) no sistema irá aumentar."
Segundo
outro membro do projeto, o cientista Adam Szabo, as medições do satélite não
são novidade, pois também são feitas por equipamentos que orbitam a Terra. A
vantagem está, diz, no posicionamento do DSCOVR.
"Posicionado
entre o Sol e a Terra, o satélite enxerga toda a face iluminada da Terra todo o
tempo, permitindo à Terra rotacionar em torno do equipamento em vez de o
satélite girar ao redor do planeta."
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