sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A BATALHA DE TRALFAGAR – UM MOMENTO ÉPICO DA HISTÓRIA MUNDIAL

História

Almirante Horácio Nelson, considerado o maior estrategista naval de todos os tempos.





A Batalha de Trafalgar foi uma batalha naval que ocorreu entre a França e Espanha contra o Reino Unido, em 21 de outubro de 1805, na era napoleônica, ao largo do cabo de Trafalgar, na costa espanhola. A esquadra franco-espanhola era comandada pelo almirante Villeneuve, enquanto que a britânica era comandada pelo almirante Horácio Nelson, para muitos o maior gênio em estratégia naval que já existiu. A França queria invadir o Reino Unido pelo Canal da Mancha, mas antes tinha que se livrar do empecilho que era a marinha britânica. Nelson tinha que evitar isso.


O cabo de Trafalgar fica ao sul de Cádiz, na costa atlântica espanhola.

A paz assinada em Amiens em Março de 1802 não passou de uma pequena trégua de um ano, que permitiu ao Almirante Nelson retirar-se para uma quinta que tinha adquirido em Merton, descansando um pouco da intensa vida que levava havia mais de uma década. As hostilidades retomaram em 1803 e, pouco tempo depois, Nelson seria nomeado comandante da esquadra do Mediterrâneo. O momento continuava a ser delicado para os ingleses, na medida em que Bonaparte continuava a pensar na invasão da Grã-Bretanha e no ataque a Londres, que poria fim ao que tinha sido a maior resistência aos seus planos imperiais. Para conseguir a almejada invasão, precisava dominar o espaço marítimo do Canal da Mancha durante o espaço necessário ao movimento das tropas, e isso apresentava-se como impossível face ao poder naval britânico. Tentou, contudo, um plano: concentrar momentaneamente o maior número de navios possível no Canal, evitando simultaneamente que os ingleses fizessem o mesmo. Não era fácil, porque a presença dos navios de reconhecimento era constante à frente dos portos, e todos os movimentos seriam detectados. Sobretudo, era muito difícil levar navios do Mediterrâneo para o norte, porque a passagem em Gibraltar era visível e levantaria suspeitas. Concebeu, no entanto, uma manobra que poderia ter tido algum êxito: uma imensa esquadra combinada, de navios franceses e espanhóis sairia do Mediterrâneo, atraindo os ingleses até às Antilhas; daí regressaria rapidamente com os ventos gerais do oeste, unindo-se às esquadras de Brest e Rocheford que avançariam para a Mancha. Nessa altura concretizar-se-ia a invasão.

Franceses e espanhóis, constituindo uma imensa armada de cerca de trinta navios (juntava-se a esquadra de Toulon e Cádis), comandada pelo Almirante Villeneuve, dirigiram-se em direção a oeste iludindo completamente a vigilância de Nelson que os buscava desesperadamente.


Tanto quanto se pode saber, terá sido um oficial da marinha portuguesa a sugerir-lhe que o destino eram as Índias Ocidentais, e os ingleses correram até às Antilhas, mas não encontraram nada e regressaram até à zona de Cádiz, onde o comando dos navios foi entregue a Collingwood, enquanto Nelson se deslocava a Portsmouth a bordo da “Victory”. Villeneuve regressou como estava previsto, mas perto de Finisterra defrontou-se com uma armada inglesa comandada pelo Almirante Calder. Na verdade a refrega não tinha tido grande importância, mas estava previsto que a esquadra de Brest viesse ao seu encontro e tal não tinha acontecido, de forma que decidiu regressar a Cádis na convicção de que a invasão tinha sido adiada. Na verdade sabe-se hoje que Napoleão tinha abandonado a ideia, resolvendo concentrar esforços para atacar a Áustria, mas não se tem referência nenhuma a que essa informação alguma vez tenha chegado a Villeneuve.

Entrou em Cádis no final de Agosto de 1805 e, dessa vez, Nelson tinha controlado bem o seu movimento, movendo-lhe um bloqueio largo que não impedia a sua saída, mas que lhe permitiria tomar rapidamente uma formação de batalha e dar-lhe combate, caso isso sucedesse.

Os espanhóis aconselharam a que se ficasse no porto e aí se invernasse até à próxima estação: o esforço de bloqueio era dos ingleses que tinham de ficar no mar e suportar todos os incómodos dessa situação, enquanto eles recuperavam forças em terra. No entanto, as pressões sobre Villeneuve para que saísse eram muito grandes, e é provável que a mais forte de todas fosse a ameaça do próprio Imperador. Há mesmo uma altura em que o Almirante francês decide aceitar o conselho dos espanhóis, mas muda de opinião, dois dias depois.

Máscara mortuária do Almirante Nelson

Nelson previra o que iria acontecer e preparou o seu plano de batalha com todo o cuidado, dentro das regras que ele próprio considerava adequadas: atacaria os espanhóis a partir de uma posição a barlavento, dividindo a sua força em duas colunas que abordariam o inimigo a meio da sua formação, procurando desfazê-la e parti-la, para que tivesse de se empenhar em combates singulares onde os seus navios da retaguarda já não podiam ser socorridos pelos mais avançados. No dia 9 de Outubro – e como já acontecera antes – escreveu todas as instruções num memorandum que divulgou a todos os capitães. A manobra era perigosa porque a aproximação ao inimigo seria feita sem possibilidades de fazer fogo sobre ele (os navios não tinham capacidade de fogo para vante), e expondo-se a toda a extensão das suas baterias, mas era a única forma de os obrigar verdadeiramente a combater. Confiava que a sua exposição não seria muito demorada e, sobretudo, acreditava na resistência dos seus navios e na perícia dos seus homens.

Os espanhóis saíram a 19 de Outubro navegando em direção ao sul (ao estreito) com vento oeste, e de imediato foram avistados pelas fragatas inglesas que deram o alarme. A esquadra inglesa manobrou tal como previra o seu experiente comandante, perseguindo o inimigo até à madrugada do dia 21, quando Villeneuve deu ordem para virar em roda e regressar a norte. Esta manobra tem sido alvo de grandes controvérsias a que a historiografia inglesa responde com uma única justificação: o Almirante inimigo não sabia o seu ofício. Com vento oeste, se a esquadra virou em roda a sul do Cabo Trafalgar e à distância que se supõe do mesmo, ficaria numa situação de vento muito escasso para demandar Cádis. Seria um erro demasiado grosseiro, para quem, apesar de tudo tinha uma grande experiência de mar. A verdade é que com esta manobra a formação aliada desfez-se um pouco e favoreceu o ataque inglês nos moldes em que o determinara Nelson.

Posição aproximada das frotas, ao meio-dia, quando o HMS Royal Sovereign iniciava o corte da linha franco-espanhola.

Situação dos navios na Batalha de Trafalgar, às 13 horas.

Como a armada francesa era bem maior que a inglesa (33x27), Nelson tinha que preparar uma excelente estratégia. A ideia foi a de atacar a esquadra inimiga que navegava pela costa surpreendendo-a pelo oceano, atacando em duas colunas em fila indiana. Essa estratégia tinha um ponto fraco que era a exposição por aproximadamente 20 minutos dos navios ingleses aos canhões franco-espanhóis. Nelson tinha confiança que sua esquadra aguentaria o fogo em direção às proas inglesas e, em seguida, poderia apontar seus canhões nas popas e proas inimigas. Logo após isso, eles virariam os navios de modo a emparelhá-los com os inimigos. O plano original incluía também uma contenção pelo norte, impedindo a marinha inimiga de fugir e iniciarem uma luta espaçada em alto mar. Mas Nelson não tinha barcos suficientes para essa terceira coluna. O plano pretendia gerar confusão na compacta frota franco-espanhola e permitir um combate navio contra navio, o que favorecia os britânicos.

A frota combinada de navios de guerra franceses e espanhóis ancorados em Cadiz e sob a liderança do almirante Villeneuve estava em desordem. Em 16 de setembro de 1805, Villeneuve recebeu ordens de Napoleão para fazer navegar a Frota Combinada de Cádiz para Nápoles.
As 5:04 - cerca de dez minutos após o amanhecer - o Vice-almirante Horatio Nelson saiu de sua cabine para se juntar ao capitão Sir Thomas Hardy. As 5:50 um sinal subiu no mastro do HMS Achile, "descobrimos uma frota estranha". Nelson virou-se para Hardy e disse: "O 21 de outubro será o nosso dia".

A batalha progrediu em grande parte de acordo com o plano de Nelson. Às 11:45, Nelson enviou o famoso sinal de bandeira: England expects that every man will do his duty ("A Inglaterra espera que cada homem cumpra com o seu dever").

Tudo ocorreu perfeitamente para os ingleses, com vários barcos inimigos afundados ou capturados, graças à perícia dos marujos ingleses no manejo dos canhões. No entanto, Nelson morreu na batalha, atingido por uma bala de mosquete das velas de gávea do francês Redoutable que no momento varria o Victory de popa a proa. A nau de Nelson perdeu 57 homens, incluindo o próprio comandante, e teve 102 feridos. O Redoutable, em contraste, teve 22 de seus 64 canhões desmontados e, de uma tripulação de 643, houve 487 mortos e 81 feridos. Esse enorme índice de baixas francesas é um reflexo da eficácia da artilharia inglesa. Quem assumiu o comando da frota inglesa foi o vice-almirante Cuthbert Collingwood, da nau capitânia Royal Sovereign. Após a batalha, uma tempestade alcançou a frota inglesa, que acabou perdendo grande parte dos navios recém-conquistados, já muito destroçados.

Napoleão perdeu o controle do Atlântico, e não pôde atacar a Inglaterra, na sua tão desejada Campanha da Bolonha. Nelson, por outro lado, se tornou um dos maiores heróis ingleses de todos os tempos, morrendo na batalha. Pierre Villeneuve foi feito prisioneiro e levado para Inglaterra. E foi essa vitória que talvez tenha possibilitado, segundo alguns autores, o contra ataque francês na península Ibérica. E também a retirada estratégica da família real portuguesa dos Bragança para o Brasil e que terminou por desenvolver no brasileiro o verdadeiro espírito real de independência (algo altamente questionável já que não foi este fato que provocou os movimentos de independência no Brasil, como a Inconfidência Mineira em 1789, a Conjuração Baiana de 1798 e a Revolução Pernambucana de 1817), capitaneado por um nobre dessa dinastia, D. Pedro de Alcântara, em 7 setembro de 1822.


Comparação das Frotas


Navios britânicos Naval Ensign of the United Kingdom.svg
Canhões Legermuseum Delft - 16 pounder carronade (1860).png
Tipo FreeCol frigate.png
Navios francêses França
Canhões Legermuseum Delft - 16 pounder carronade (1860).png
Tipo FreeCol frigate.png
Navios espanhóis Flag of Spain (1785-1873 and 1875-1931).svg
Canhões Legermuseum Delft - 16 pounder carronade (1860).png
Tipo FreeCol frigate.png
104
Três cobertas
80
Duas cobertas
136
Quatro cobertas
100
Três cobertas
80
Duas cobertas
112
Três cobertas
100
Três cobertas
80
Duas cobertas
112
Três cobertas
98
Três cobertas
80
Duas cobertas
100
Três cobertas
98
Três cobertas
74
Duas cobertas
80
Duas cobertas
98
Três cobertas
74
Duas cobertas
80
Duas cobertas
98
Três cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
80
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas
64
Duas cobertas
74
Duas cobertas
74
Duas cobertas



74
Duas cobertas
74
Duas cobertas



74
Duas cobertas
74
Duas cobertas



74
Duas cobertas
40
Fragata



74
Duas cobertas
40



74
Duas cobertas
40
Fragata



74
Duas cobertas
40
Fragata



74
Duas cobertas
40
Fragata



74
Duas cobertas
18



64
Duas cobertas
16
Brigue



64
Duas cobertas






64
Duas cobertas






36
Fragata






36
Fragata






36
Fragata






36
Fragata






12






10















Quatro cobertas
-

Quatro cobertas
-

Quatro cobertas
1

Três cobertas
7

Três cobertas
-

Três cobertas
3

Duas cobertas
20

Duas cobertas
18

Duas cobertas
11

Fragatas
4

Fragatas
5

Fragatas
-

Brigues
-

Brigues
2

Brigues
-

Escunas
1

Escunas
-

Escunas
-

Cúteres
1

Cúteres
-

Cúteres
-

Canhões:
2312

Canhões:
1584

Canhões:
1280

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