terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O IMPACTO DO COMPUTADOR, DO FACEBOOK, DAS REDES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

Tecnologia/educação


Publicado por Linaldo Fernandes


Analisar o mundo virtual e o impacto dele nas relações humanas não é uma tarefa fácil. É um debate novo. A educação contemporânea - bem maior de uma sociedade - é um desafio para os novos pensadores, cientistas sociais, psicólogos e outros estudiosos sobre “relação humana” já que hoje estamos mais em relações virtuais do que humanas.





Zygmunt Bauman, pensador polonês, é sociólogo de formação e um dos debatedores desta atual questão, às vezes de forma positiva às vezes negativa. Mas, o próprio Bauman diz não ter como prever se serão predominantemente positiva ou negativa as experiências, no futuro. “Não é fácil porque ninguém realmente sabe onde está à força da ação de educar” diz. Isto é, está na escola? Na Universidade? Na Internet? Nas Ruas? Nos comerciais? Todas são forças educacionais. Mas, qual é a melhor? Qual o melhor lugar de educar e ser educado? Se todos os recursos e ferramentas são válidas, porque passamos mais horas na frente de um computador, do que em relações sociais reais?

De acordo com pesquisas recentes se gasta mais tempo na frente de um aparelho eletrônico – Smartfones, Tablets, computadores pessoas – do que conversando com professores, amigos e familiares. Pode-se dizer que é uma escola informal (a rede), pois pra que frequentar uma escola formal, se eu tenho toda informação na sala, no quarto e até no terraço da minha casa? O interagir com as pessoas se tornou não importante. Fica mais fácil apagar, “deletar” da minha vida, evitar aquilo que eu não quero ou não estou mais interessado. Será que isso interfere nas relações, que se tornam “líquidas” como propõe o pensador, as quais se desfazem com facilidade? Mas, no que compromete a educação na verdade? É o desafio. Construir uma educação que possa responder a tais perguntas.


Educar é uma palavra que tem origem do latim educare, educere, que significa literalmente “conduzir para fora” ou “direcionar para fora”. O significado era empregado no sentido de preparar as pessoas para um viver no mundo em sociedade. Contudo, o que vemos hoje são pessoas se trancando nos seus lares, lugares fechados de muros altos, e vivendo uma vida inverossímil. O ponto interessante é que se tornou o “faça você mesmo”. Não precisamos do outro pra nada, além do curtir e compartilhar. Mudamos a configuração, reorganizamos as percepções de mundo e o individualismo se expandiu e as relações humanas vão se tornando cada vez mais frágeis, ”líquidas” e escassas. Estamos educando para dentro e não para fora como a origem da palavra, vemos isso nas atuais tendências teóricas do conhecimento de si, da autoajuda, que estão sendo usadas equivocamente. Deve-se conhecer a si, pra poder melhor se relacionar com o outro, e não nos fechar em nós mesmos. Porém, estamos fazendo ao contrário.

Por outro lado, Cornelius Castoriadis, filósofo francês, de origem grega, foi um sociólogo que notou que a educação não era mais qualificada como construção escolar, que não aprendemos só dentro da escola. Ele questionou há 30 anos onde os jovens aprendem mais. Quando eles estão sentados na sala de aula, escutando o professor, ou quando vão para fora das salas de aulas, para as ruas? Nas ruas tem muitas informações que não tem na escola. O problema é que hoje, um simples jovem, tem mais informações do que um imperador da cidade romana na idade média, e dentro da sua própria casa, sem precisar sair para as ruas. Todavia, informação não é sinônimo de conhecimento, de sabedoria e de se estar apto pra viver em sociedade. Como compreender todas as informações que conseguimos acessar de forma instantânea nos sites de pesquisas? É possível? Os recreios de antigamente via-se crianças correndo nos corredores da escola, caindo e levantando, se machucando e deixando seus professores de “cabelos em pé”. Hoje, parece que conseguimos o que queríamos, vemos garotos jovens nos cantos com seus celulares enviando mensagens e quietos. Segundo, o pensador polonês de 90 anos, a educação é vítima da modernidade líquida, que ele discorre em seus livros. Existem pesquisas que demonstram uma crise de déficit de atenção, a qual o jovem não consegue se concentrar durante um longo período numa mesma questão. Tudo é muito rápido e superficial. Assim como nas relações on-line, onde é fácil excluir.

As instituições estão se reduzindo para apenas aspectos legais, credenciando as pessoas, fornecendo diplomas, certificados autorizados por algum trabalho. A educação saiu das instituições, das escolas, das ruas. A educação se trás de casa. Mas, que tipo de educação? Não temos controle sobre as informações disponíveis na internet. As pessoas mais velhas estão muito ocupadas com a competição do mundo consumista imediatista, com medo de perderem seus empregos. Enquanto os mais jovens estão acessando os milhares de sites que transmitem todo tipo de informação. Basta consultar o Google que se consegue encontrar qualquer coisa. Infinitas respostas para a mesma dúvida, ou pergunta. Deixa-se que a escola informal da Rede Mundial de Computadores ensine nossos jovens como conviver, como aprender e se relacionar com o mundo. Conforme algumas estatísticas, a quantidade de informações produzidas é mil vezes maior que a capacidade que o cérebro pode assimilar. Resta saber onde vamos colocar tudo isso, o que vamos fazer com o excesso de informação.
Apenas, pode-se dizer que isto nos trouxe algum tipo de mudança. Temos uma capacidade de nos comunicarmos melhor e mais rápido, dando uma maior capacidade de conhecimento. E, isso é muito bom. Porém, não se pode negar que educar-se em relação ao excesso de informação que nos que temos acesso, é importante. Dizem por aí que a comunicação é a nova revolução. Mas, como disse o velhinho muito sábio: “... Se quiser mudar a sociedade, educação é o caminho, não a revolução, mas a educação." Zygmunt Bauman.



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