Colaboração de Luiz Eduardo Costa.
É jornalista sergipano, um dos mais competentes
do jornalismo brasileiro
Se fizermos uma avaliação destituída dessas odiosidades que contaminam a cena política brasileira, e se também mantivermos afastados os sentimentos de indignação e os interesses políticos, na sua maior parte mesquinhos, miúdos e personalistas, se, no meio dessa turbulência que nos cerca, mantivermos o indispensável equilíbrio, concluiremos uma passagem observadora pelos mandatos da presidente Dilma Roussef, especialmente deste, que a duras penas atravessou o primeiro ano, chegando à desoladora conclusão de que ela não tem mais um mínimo de condições objetivas para governar o Brasil.
Com efeito, nos deparamos também, com o tamanho da enrascada política em que meteram o Brasil, que se vai agora dissolvendo numa crise econômica ampliada pela absoluta ausência do poder político .
A presidente Dilma não agrega, não sabe somar, não entendeu a necessidade urgente de buscar um pacto de união nacional. Perdeu tempo, enfiou-se na sua teimosia, afastou, por absoluta falta de diálogo e de entendimento a sua base de sustentação política, não conseguiu enxergar horizontes, na estreiteza da visão que lhe permitiam os antolhos de birras ideológicas e projetos imperfeitos.
Paira sobre o país a ameaça de uma cassação da chapa vencedora na eleição de 2014, e ai cairiam Dilma e Temer. E o que virá depois deles? Exatamente o Cunha, o sinistro, o desmoralizado, todavia incólume Cunha.
Diz a Constituição brasileira no artigo 80 do capítulo II: ¨ Em caso de impedimento do Presidente e do Vice- Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. ¨
No artigo 81 : Vagando os cargos de Presidente e Vice Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
§ 2º Em qualquer dos casos os eleitos deverão completar o período dos seus antecessores.
Mas, até chegar-se a esse ponto que resultaria da cassação dos mandatos pela Justiça Eleitoral, e após recurso ao Supremo, vários meses já teriam passado, prolongando-se a agônica situação do país.
Para o impeachment estabelece a Constituição o rito a ser seguido : Admitida a acusação por maioria de dois terços da Câmara haverá o julgamento perante o Supremo Tribunal no caso de crimes comuns, ou pelo Senado no caso de crimes de responsabilidade.
Nesse caso, a presidente ficaria suspensa das suas funções e assumiria o vice Michel Temer. O julgamento deve ser concluído em 180 dias, e se isso não ocorrer a presidente retorna ao exercício das suas funções sem prejuízo do andamento do processo.
Como se vê, em quaisquer das situações os prazos serão sempre dilatados, e o país viverá sob esse clima, neste e no próximo ano. O Brasil não aguentaria essa expectativa, essa longa paralisação de tudo. A economia despencaria, teríamos o agravamento do desemprego e das tensões sociais. Faríamos uma longa trajetória à beira do abismo.
Quem assistiu o programa do PMDB na quinta –feira dia 25, observou que o maior partido de sustentação da presidente, deixou, explicitamente claro, que não espera uma solução para a crise com ela permanecendo no Governo. Por outro lado, o PT enclausura a presidente no espaço restrito dos seus interesses, e isso dificulta mais ainda o entendimento com o Parlamento, com a sociedade.
O Brasil não merece esse sacrifício que não foi causado pelo povo. O Brasil não aguentará a longa agonia de expectativas, ansiedades e desesperanças criadas por uma presidente que não mais governa, e imagina que a sua teimosa insistência para permanecer no poder, seria algo como uma resistência heroica em defesa do povo brasileiro, que não deseja esse tipo de sacrifício sem resultados, e quer entendimento, um pacto pelo Brasil, alternativas concretas para a superação da crise.
A presidente Dilma deveria buscar, no fundo da sua consciência, um traço que seja de bom senso e lucidez, juntar esses possíveis sentimentos de grandeza à coragem que ela demonstra possuir, para fazer, então, o grande gesto em favor do Brasil: A RENÚNCIA. Depois disso, nos caberia esperar com esperança e num novo clima de distensão e previsível retorno da confiança, que o Vice Michel Temer, no exercício da presidência conseguisse, para o bem de todos e felicidade geral da Nação, demonstrar que a sua alma não é tão pequena quanto o conteúdo deplorável daquela carta choromingas que teve a infelicidade de escrever e enviá-la à Presidente.
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